Sonia Moraes
Londrina será a primeira cidade brasileira a testar um ônibus totalmente a biometano. Após Londrina, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu também receberão o modelo desenvolvido pela Scania. O projeto conduzido pela Companhia Paranaense de Gás (Compagas) em conjunto com a Scania e a prefeitura de Londrina busca certificar os indicadores de eficiência, em especial, a redução nas emissões de poluentes na utilização do veículo. Nos próximos 30 dias, o veículo estará numa demonstração urbana.
O modelo fabricado pela Scania é o padron K 280, com 14 metros de comprimento e capacidade para 86 passageiros. O ônibus é equipado com elevador para acessibilidade e espaço interno para cadeirantes. O modelo K 280 4×2 tem propulsor de 280 cavalos de potência. Seu motor é Ciclo Otto e movido 100% a gás e biometano, ou mistura de ambos. Não é convertido do diesel para o gás, tem garantia de fábrica. Para o ônibus em teste, foram instalados oito cilindros de gás na lateral dianteira com uma autonomia de 300 km.
Os cilindros e válvulas são certificados pelo Inmetro (em conformidade com a lei). São três válvulas (vazão, pressão e temperatura) que liberam o gás em caso de anomalia em um destes três quesitos. Os cilindros são extremamente robustos (o material é de ogivas de mísseis). Em caso de incêndio ou batida o gás é liberado para a atmosfera e se dissolve sem perigo de explosão ao contrário de um veículo similar abastecido a diesel que é mais perigoso, pois o líquido fica no chão ou pode se espalhar ao longo da carroceria.
O veículo a gás em demonstração é o mesmo que já circulou pelas ruas de Curitiba e região metropolitana. Em Londrina, ele será abastecido com o biometano, um gás 100% renovável, obtido a partir da produção do biogás, que por sua vez é gerado da decomposição de matéria orgânica de origem vegetal ou animal. Quando submetido a um processo de purificação, o biogás dá origem ao biometano e este é comparável em condições técnicas ao gás natural, já que após o refino, atinge alta concentração de metano em sua composição. O biometano, que chega hoje à Londrina, é produzido a partir de subprodutos do setor sucroenergético, e revendido pela Gastech que comercializa o GNV em Londrina.
Com a utilização dos veículos a gás é possível reduzir de forma significativa a emissão de gases poluentes na atmosfera e, quando se trata de biometano, essa redução é de 90%, quando comparado ao uso de veículos a diesel. Os benefícios do uso do gás no transporte público também estão ligados diretamente à saúde da população. A redução de óxidos de nitrogênio (NOx) é de quase 90% e de material particulados chega a 85%.
“A Scania entende que essa tecnologia é viável em termos financeiros e de desempenho, e é uma tecnologia que funciona com gás natural e com biometano 100% livre de fóssil. A nossa ideia é mostrar essa mobilidade viável e que servirá de exemplo para outras cidades do Brasil”, disse Paulo Genezini, gerente de Sustentabilidade da Scania operações comerciais Brasil.
O ônibus a gás será testado em linhas operadas pela Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL), com o acompanhamento da Companhia Municipal do Trânsito e Urbanização (CMTU), pelo período de 30 dias a partir do dia 12 de junho. A cada semana o veículo estará em uma linha diferente,
Segundo Daniel Martins, diretor da Transporte Coletivo da Grande Londrina (TGCL), a frota da cidade é formada por 204 veículos, com 182 operando em horário de pico. São micro-ônibus, leves, pesados e articulados. Se for aprovado o uso do modelo movido a biometano, será a primeira compra de ônibus Scania de Londrina. O sistema de transporte conta com sistema de bilhetagem eletrônica fornecido pela Transdata.
A ação em Londrina é a terceira realizada pelo projeto conduzido pela Compagas e Scania, em 2023. As primeiras demonstrações foram feitas na região metropolitana de Curitiba, com o governo do Paraná, e na capital, com a Prefeitura de Curitiba, e, demonstraram a viabilidade da utilização do veículo movido a GNV em linhas complexas e extensas, garantindo autonomia e menor emissão de poluentes.