Mercedes-Benz projeta crescimento de 40% para o mercado de ônibus

Devido ao cenário favorável para o setor, a empresa está com as vendas aquecidas e já tem pedidos programados para o primeiro semestre deste ano

Sonia Moraes

A Mercedes-Benz prevê que o mercado de ônibus alcançará neste ano uma expansão em torno de 40%, com o emplacamento de 19,2 mil veículos. Caso essa projeção se confirme, será um dos maiores crescimentos do mercado desde 2012, perdendo somente para 2019, que registrou aumento de 44% em relação ao ano anterior. Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing da Mercedes-Benz do Brasil, em entrevista à Technibus, cita alguns fatores que poderão ajudar no bom desempenho do setor em 2022.

“Além dos veículos escolares da última licitação de sete mil ônibus do ano passado, há o crescimento natural do mercado por causa das demandas represadas de modelos urbanos, rodoviários, além da antecipação de compras de ônibus com motor Euro 5 com a entrada em vigor da norma Euro 6 em 2023. Deve-se considerar também a retomada da economia, o fim das renegociações de dívidas que os empresários tiveram com os bancos das montadoras e o avanço da vacinação, que foi importante, fazendo a diferença em relação a outros países, e levou os passageiros voltarem para o transporte coletivo”, detalhou Barbosa.

O diretor da Mercedes-Benz comentou que o otimismo é grande em 2022 e a demanda está muito aquecida em todos os segmentos. “Está melhorando para o rodoviário e para o urbano. Muitos municípios conseguiram reajustar a tarifa e voltar ao patamar de transporte que havia antes da pandemia. O fretamento, que foi muito demandado para manter 50% de ocupação nos ônibus, vai ser menor que no ano passado, mas continuará aquecido e terá um bom volume. Os minis e micro-ônibus também vão crescer, assim como os escolares terão volumes maiores.”

Por causa da boa movimentação do mercado, a Mercedes-Benz está com as vendas aquecidas e já tem pedidos programados para o primeiro semestre deste ano. A preocupação, segundo Barbosa, é conseguir dar conta do grande volume de encomendas devido à falta de insumos, principalmente semicondutores, que ainda deverá afetar toda a indústria automobilística neste ano.

“Este é o maior desafio que as montadoras terão em 2022. Não vai faltar cliente, demanda e nem disponibilidade de slot e capacidade para produzir os ônibus, mas é preciso ter componente.”

Ao mercado de 19,2 mil veículos esperado para este ano, o diretor da Mercedes-Benz acrescenta ainda 2.145 veículos escolares referentes à licitação realizada no fim do ano passado pelos governos do Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. E haverá outra licitação que será realizada dia 9 de fevereiro pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a compra de mais 3,85 mil ônibus escolares.

“Todos esses carros precisam ser emplacados neste ano porque têm motor Euro 5. Então, teremos um mercado total de 25.195 veículos por causa da compra de escolares pelo governo federal”, esclareceu Barbosa. “A Anfavea prevê um crescimento de 35% com vendas em torno de 18 mil a 18,5 mil ônibus.”

O diretor da Mercedes-Benz ressaltou que esses números não representam o tamanho real do mercado de ônibus. “Se tirarmos os escolares, teremos de 13 mil a 13,5 mil carros. O que temos neste ano é um volume gigante de compras governamentais.”

Saldo positivo-

Em 2021, apesar das dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19, o mercado de ônibus fechou com crescimento de 0,7%, com o emplacamento de 13.926 veículos acima de oito toneladas, em comparação ao volume de 2020, que foi de 13.830 ônibus.

“Não foi um ano fácil para o negócio de ônibus como um todo, com a queda de passageiros no transporte urbano e rodoviário. Por outro lado, segmento como o micro-ônibus cresceu bastante no ano passado, chegando a 26%. Os escolares, que estavam num patamar enorme, cresceram 8% com 3.574 veículos emplacados, e o fretamento teve o maior crescimento dos últimos dez anos, de 28%”, disse Barbosa.

O segmento de urbanos apresentou queda de 19% e o de rodoviários de 34%, segundo Barbosa. “Olhando o que cresceu e o que caiu, o saldo acabou sendo positivo, com nichos que acabaram crescendo com a pandemia, como os micro-ônibus, que passaram a ser interessante para muitos operadores, seja de turismo, fretamento e até urbano.”

A Mercedes-Benz se manteve na liderança nas vendas de 2021. No segmento de micro-ônibus, a sua participação foi de 36,8%, no urbano de 67,5%, fretamento 64% e rodoviário 56,1%. “Foi um desempenho muito bom para a marca”, comentou Barbosa.

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