Mercado de ônibus sente o impacto das condições macroeconômicas e da demora no pregão do Caminho da Escola

Com a queda expressiva nos volumes fabricados em novembro, de 37,9% sobre outubro e 45,7% em relação a novembro de 2024, as montadoras tiveram que fazer ajustes na produção para adequar os estoques e enquadrar os volumes de acordo com a demanda atual, segundo a Anfavea

Sonia Moraes

As incertezas em relação ao pregão do Caminho da Escola e as condições macroeconômicas do país, com taxa de juros elevada, crédito restrito e aumento da inadimplência, começam a afetar o desempenho do mercado de ônibus, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Em novembro, a produção de chassis atingiu 1.306 unidades, o que representou uma queda expressiva de 37,9% sobre outubro deste ano (2.134 unidades) e de 45,7% em relação a novembro de 2024, quando foram fabricados 2.444 veículos.

“A demora do pregão do programa Caminho da Escola desacelerou muito o volume de produção porque ele gera uma grande instabilidade”, disse Igor Calvet, presidente da Anfavea. Ele destacou que a produção de ônibus em novembro foi o resultado mais baixo desde dezembro de 2023 e o pior novembro que o setor teve desde 2015.

“A razão dessa retração é o ambiente macroeconômico desfavorável, com juros elevadíssimos, financiamento limitado, o que levou as montadoras a fazer ajustes na produção para adequar os estoques e enquadrar os volumes de acordo com a demanda atual”, justificou o presidente da Anfavea.

Segundo Calvet, a baixa na produção em novembro impactou no acumulado do ano, que até outubro mostrava um aumento de 10,8%, entretanto, nos onze meses de 2025, o crescimento foi de somente 5,5%, com 27.490 chassis de ônibus fabricados, ante um volume que atingiu 26.055 unidades de janeiro a novembro de 2024.

O presidente da Anfavea ressaltou que a projeção para 2025 era que o segmento de ônibus encerraria o ano com 25.300 unidades produzidas, com aumento de 12,8% sobre 2024. “Acredito que haverá crescimento, mas será menor do que prevíamos, pois no mesmo período do ano passado a taxa de juros era de 11% e agora está em 15% ao ano. Temos uma limitação maior, queda acentuada do crédito e índice de inadimplência subindo. E até diria que o mercado tem sido resiliente”, disse Calvet.

Do total de ônibus produzidos de janeiro a novembro deste ano, 22.393 unidades são de modelos urbanos, com pequeno crescimento de 0,3% sobre os 22.226 veículos fabricados de janeiro a novembro de 2024. De modelos rodoviários foram 5.097 unidades, aumento de 37,1% sobre igual período do ano passado, quando foram fabricadas 3.719 unidades.

Emplacamentos

As vendas de ônibus tiveramdesempenho positivo em novembro, com o emplacamento de 2.203 veículos. Esse resultado representa um aumento de 11,8% sobre outubro deste ano (1.970 unidades) e de 18,0% sobre novembro de 2024 (1.867 unidades). No acumulado de janeiro a novembro, as vendas de ônibus atingiram 21.863 unidades, crescimento de 8,2% sobre igual período de 2024, segundo a Anfavea.

No ranking de vendas dos onze meses de 2025, a liderança ficou com a Mercedes-Benz, com 9.391 ônibus emplacados, 11,3% a mais que no acumulado de janeiro a novembro de 2024 (8.438 unidades). O segundo lugar ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que vendeu 5.392 veículos, 4,5% a mais do que no mesmo período do ano anterior (5.162 unidades), e o terceiro com a Agrale, que comercializou 2.750 veículos, queda de 14,2% sobre janeiro a novembro do ano passado (3.206 unidades).

Na sequência está posicionada a Iveco, que vendeu 2.541 ônibus até novembro deste ano, 31,5% acima dos onze meses do ano passado (1.933 unidades); a Scania com 813 veículos, 4,1% a mais que janeiro e novembro de 2024 (781 unidades), e a Volvo que vendeu 482 ônibus, queda de 23,1% sobre janeiro a novembro de 2024, cujas vendas somaram 627 unidades.

Exportações

As exportações de chassis de ônibus mostraram enfraquecimento em novembro, com 398 veículos embarcados, redução de 8,3% sobre os 434 veículos exportados em outubro e de 36,8% sobre novembro de 2024 (630 unidades). Mas no acumulado de janeiro a novembro deste ano, as exportações atingiram 6.065 unidades, aumento de 37,0% sobre os 4.428 veículos exportados em igual período de 2024.

O maior volume exportado foi de modelos urbanos, com 3.194 unidades, 46,4% a mais que nos onze meses de 2024 (2.182 unidades). De rodoviários, foram vendidos 2.871 veículos no mercado internacional de janeiro a novembro deste ano, ante 2.246 unidades em igual período do ano passado. Em CKD (veículos desmontados) foram exportados 2.794 chassis de ônibus até novembro deste ano, redução de 16,42% sobre os 3.344 veículos exportados de janeiro a novembro de 2024.

O presidente da Anfavea destacou que as projeções de 2026 para todo o setor automotivo serão apresentadas em janeiro e comentou que 2026 será um ano eleitoral no Brasil, o que provoca instabilidade política. “Mas há um indicativo de que as taxas de juros comecem a retroceder no primeiro trimestre. O que posso dizer hoje é que o será um ano igual a 2025”, disse Calvet.

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