A indústria nacional de eletromobilidade vive um momento decisivo. A Eletra, empresa brasileira com 25 anos de atuação, conta com 370 ônibus elétricos encomendados em sua linha de produção. O volume confirma a liderança da companhia na frota paulistana e o protagonismo no mercado nacional.
“Hoje temos a liderança na frota de ônibus elétricos da cidade de São Paulo e também do Brasil. São 370 veículos em linha de produção, mostrando como a indústria nacional está se posicionando fortemente nesse mercado”, afirmou Iêda Oliveira, diretora-executiva da Eletra, em entrevista à Technibus.
Segundo Iêda, a empresa acaba de completar sua linha de modelos, com o padron para 80 passageiros, padron 15 metros, para 95 passageiros, e articulados com capacidade de 150 passageiros. Todos são fabricados integralmente no Brasil, compondo uma oferta que atende às exigências da maior metrópole do país.
Um quarto de século
Desde a sua fundação, a Eletra apostou na eletrificação do transporte coletivo. Ao longo de 25 anos, a companhia desenvolveu soluções que vão do trólebus e híbridos até os elétricos puros, articulados e o e-retrofit. Essa diversidade tecnológica, segundo a executiva, dá solidez à transição energética no setor.
“É uma gratificação muito grande ver esse processo ganhar escala. A roda girou. Hoje vemos operadores que querem ampliar sua frota e até eletrificar toda a operação”, disse. Para ela, a experiência prática comprova as vantagens do modelo: custos reduzidos, maior disponibilidade de frota e aceitação tanto dos operadores quanto dos passageiros. “As próprias equipes de garagem já pedem qualificação para lidar com os novos veículos.”
Modelo paulistano
Um dos diferenciais da capital paulista foi a estruturação de um modelo de financiamento que garantiu escala à eletrificação. A prefeitura subsidia dois terços do valor de cada veículo, captando recursos em condições mais vantajosas do que aquelas disponíveis para os operadores privados.
“São Paulo acertou no modelo de negócio. Esse é um exemplo para o mundo”, afirma Iêda. Os ônibus elétricos têm vida útil estimada em ao menos 15 anos e já apresentam resultados expressivos. Dados monitorados em garagens indicam redução média de 75% no custo de energia em relação ao diesel, chegando a 80% em algumas operações.
Além da economia, há benefícios sociais e ambientais: maior conforto ao passageiro, redução de poluentes e qualificação dos serviços de transporte. “Hoje há mais de 900 ônibus elétricos em circulação na cidade de São Paulo e conseguimos reunir dados concretos que comprovam aquilo que defendíamos há anos. É mais eficiente, mais econômico e melhor do ponto de vista ambiental.”
Desafios e perspectivas
Apesar dos avanços, Iêda ressalta que o desafio está em garantir a continuidade da produção com base na indústria brasileira. “O nosso foco é manter a liderança nacional, mostrar que sabemos como operar no sistema de transporte do Brasil. Costumo dizer que, se um ônibus funciona na periferia de São Paulo, ele pode operar em qualquer lugar do mundo.”
A executiva reforça que a robustez e a experiência da Eletra devem servir de referência para outras cidades brasileiras e até internacionais. “Queremos colocar todo esse conhecimento e experiência a serviço da mobilidade urbana e do fortalecimento da indústria nacional”, conclui.
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