Ônibus a biometano começa a circular na rota São Paulo-Campinas

O projeto é uma parceria entre a Viação Santa Cruz, Scania e Comgás; os testes devem ter duração de cerca de seis meses

Marcia Pinna

A rota São Paulo-Campinas foi escolhida pela Viação Santa Cruz para testar o modelo rodoviário movido a GNV/biometano da Scania. Após uma viagem inaugural no dia 1º de setembro com representantes da imprensa, o veículo passa a operar em quatro viagens diárias, entre o terminal Barra Funda, em São Paulo, e a rodoviária de Campinas. O projeto é uma parceria entre a Santa Cruz, Scania e Comgás.

“Após um atraso de cerca de dois meses, devido a questões de documentação, iniciamos os testes. O biometano já é uma realidade. Acredito que seja a opção mas viável para a nossa empresa neste momento. O custo da operação deve ser menor, mas o custo da aquisição do capital ainda é maior. Vamos avaliar em quanto tempo isso será diluído”, afirma Francisco Mazon, CEO da Viação Santo Cruz.

Mazon conta que os testes irão avaliar vários aspectos como abastecimento, operação e produtividade. “Vamos comparar com a operação a diesel e identificar as possíveis vantagens. E fazer todos os ajustes necessários. O custo da carroceria e do chassi é mais alto, e também há questões em termos de certificação de meio ambiente. E se os resultados forem positivos, como acredito que serão, podemos pensar em uma operação maior e um aumento de frota de ônibus a biometano”.

Segundo o CEO da empresa, a Viação Santa Cruz tem um compromisso muito forte com as estratégias de ESG. “Até o fim do ano, toda a nossa frota será Euro 6, o que já significa um grande avanço em termos de redução de emissões. O biometano é a próxima etapa, que vai reduzir ainda mais”, afirma.

Os testes devem durar cerca de seis meses, e o ônibus é cedido pela Scania em regime de comodato. Com motor ciclo Otto produzido na fábrica da Scania de São Bernardo do Campo (SP) e seis cilindros tipo 1 com capacidade de 180 m³ cada um, o ônibus rodoviário a gás leva de 15 a 20 minutos para ser abastecido. Segundo a Scania, o ônibus emite menos ruídos e vibrações que o a diesel. Quando abastecido com biometano, a redução de CO² varia de 50% a 90%.

Para Rogério Mouro, executivo de contas da Scania, acredita que este é o primeiro passo para a ampliação do uso do biometano no transporte coletivo, em especial no segmento rodoviário. “Já temos várias cidades no Brasil testando o combustível em operações urbanas. Com as dificuldades na adoção dos ônibus elétricos, abre-se uma grande oportunidade para o biometano. Com certeza, será expandido para o rodoviário também”, comenta.

A Comgás fornece o gás/biometano para os testes. “Temos um papel importante para viabilizar essas rotas de abastecimento. Estamos preparados para atender as empresas que queiram adotar o combustível. A Comgás leva o gás até a porta do operador, que precisa fazer a ligação com a garagem”, informa.

Com a instalação de um posto de abastecimento dentro da garagem, o preço do gás/biometano fica de 33% a 36% mais baixo.

Rogério Moro (Scania), Francisco Mazon (Santa Cruz) e Anderson Lopez (Comgás)

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