A Scania avança com o seu programa para contribuir com a descarbonização do transporte público e começa a testar, em maio, seu ônibus elétrico com uma operadora de São Paulo. O veículo está em fase final de homologação pela SPTrans. O primeiro modelo elétrico da marca – K 230E B4x2LB, apresentado na Lat.Bus 2024, tem chassi com tração 4×2 para carrocerias de 12 a 14 metros de comprimento e aplicação urbana na configuração piso baixo. O veículo será alimentado por quatro ou cinco baterias, que darão autonomia entre 250 e 300 km, já dimensionado para operar em condição severa com ar-condicionado ligado e topografia irregular.
Gustavo Cecchetto, gerente de vendas de soluções para mobilidade da Scania operações comerciais Brasil, informou, com exclusividade à Technibus, que as primeiras unidades do ônibus elétrico para testes começarão a ser produzidas em abril na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). A produção em larga escala está programada para setembro deste ano.
Os chassis elétricos que serão comercializados no mercado brasileiro são os mesmos produzidos na fábrica da Scania localizada na Polônia e vendidos na Europa. Alguns componentes serão importados da Suécia e montados no Brasil, como a célula da bateria e os cabos de bateria, mas a Scania já trabalha para desenvolver fornecedores locais.
As baterias serão importadas da Suécia por meio de parceria entre Scania e a Northvolt – empresa sueca com sede em Estocolmo –, que as desenvolvem em conjunto para veículos elétricos, num acordo firmado em 2017. As células de bateria para caminhões e ônibus elétricos pesados são montadas na nova fábrica de baterias inaugurada pela Scania em 2023 em Södertälje, na Suécia.
O diferencial das baterias dos ônibus elétricos da Scania é que serão de NMC (lítio-níquel-manganês-cobalto) e não de LFP (lítio-ferro-fosfato) como as que são usadas atualmente no mercado, segundo informou Marcelo Gallao, diretor de desenvolvimento de negócios da Scania operações comerciais Brasil. “O motor EMC 1-2 tem potência contínua de 230kW a 1.750 rpm, torque de 2.200Nm a 0 rpm (curva plana em regime contínuo) e potência de pico de 300kW a 1.400 rpm. O carregador de 130 kW tem capacidade de carregamento de 150 a 170 minutos.”
O executivo explicou que as baterias de NMC dispõem de maior densidade de carga, o que significa menos peso total do veículo e, consequentemente, mais capacidade para transportar passageiros. “Uma grande vantagem está no fato de que as baterias serão modulares, facilitando a distribuição de carga, com pacotes de 104 kW.”
Teste do rodoviário a biometano
A Scania também começa a testar, no próximo mês, o ônibus rodoviário K320 4×2 movido a biometano em uma operação de fretamento para turismo. Cecchetto não revelou o nome da empresa, mas informou que o ônibus vai rodar em teste no trajeto de São Paulo a Campinas. A montadora já tem alguns negócios em andamento para a comercialização deste modelo, segundo o executivo.
No seu portfólio de ônibus rodoviário movido a biometano a Scania tem o modelo K 340 4×2 para fretamento de curtas e médias distâncias, dependendo da operação pode ter autonomia de até 600 km.
O primeiro ônibus rodoviário da Scania para fretamento movido a biometano vendido no Brasil foi para a Turis Silva, operadora de transporte do Rio Grande do Sul. Segundo Cecchetto, este ônibus já passou por testes em várias regiões do Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo, e no início de maio começa a ser testado em operação de fretamento turismo, como parte do projeto das empresas de fretamento do estado de São Paulo. O gerente não revelou o nome da empresa, mas informou que o ônibus vai rodar em teste no trajeto de São Paulo a Campinas e que tem alguns negócios em andamento no Estado de São Paulo.
A fábrica de São Bernardo do Campo já produziu mais de 3.000 ônibus a gás, segundo Cecchetto. Exceto alguns modelos que ficaram no Brasil para teste e um que foi vendido para a Turis Silva, todos os veículos foram exportados para a América Latina, a maioria para a Colômbia onde tem até biarticulado a gás operando. “Agora chegou a vez de a gente produzir e operar esses ônibus no Brasil”, disse o gerente.
Para o segmento urbano, que é o principal foco neste primeiro momento, a Scania tem três opções de modelo para diferentes aplicações: o K 280 4×2 padron com carroceria até 14 metros, K 340 6×2 super padron com carroceria de 15 metros e o K 340 6×2/2 articulado de 18,6 metros.
O modelo urbano biometano já foi testado em boa parte do Brasil – Paraná, Ribeirão Preto, Campo Grande, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo – e agora o K 280 4×2, padron com carroceria de 13,2 metros está rodando em Goiânia, como parte de um projeto piloto do governo do Estado.
Cecchetto informou que a concepção do ônibus a gás é parecida com a do ônibus a diesel e, para ter flexibilidade na produção, tempo de entrega reduzido, peça de reposição entregue em curto prazo, a Scania nacionalizou a produção dos motores a gás em 2023. “Isso é um marco importantíssimo para a Scania e mostra que a empresa confia em acredita muito no gás”, destacou o gerente.
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