Os resultados de um seminário realizado na última semana de março deverão orientar a
prefeitura da capital paulista na decisão de usar o biometano como alternativa sustentável ao
diesel no transporte público. Durante muito tempo, a administração municipal paulistana
sinalizou que a transição energética na cidade seria feita exclusivamente por meio da
eletrificação da frota. Agora, entretanto, alega que esse caminho tem encontrado dificuldades, com
atrasos, em razão de a concessionária de energia elétrica Enel não garantir a infraestrutura
necessária.
Com participação de especialistas do setor público, acadêmicos e representantes da iniciativa
privada, o seminário mostrou que há biometano disponível, com perspectiva de oferta
crescente nos próximos anos; há infraestruturas de produção e distribuição; há comprovação
da redução da pegada de carbono e, também, há capacidade de a indústria produzir os ônibus
em volume necessário para um programa de aproveitamento desse tipo de combustível.
Economia circular
Outro aspecto evidenciado no seminário diz respeito à capacidade de o biometano promover a
economia circular, uma vez que sua produção se dá em considerável medida com a transformação de resíduos orgânicos. O biometano é obtido por meio de processo de purificação do biogás, com a separação das moléculas de metano das moléculas de dióxido de carbono, um dos vilões do efeito estufa.
Para a produção de biogás, processa-se a decomposição em ambiente sem oxigênio de diferentes tipos de materiais orgânicos que, de outra forma, seriam descartados, entre os quais resíduos da agricultura, restos de animais, assim como lixo e esgoto.
No seminário, a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), com base em estudo promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mostrou que o potencial brasileiro de biometano é de 120 milhões de metros cúbicos por dia. Desse total, 57,6% correspondem ao aproveitamento de resíduos do setor sucroenergético; 38,9% ao aproveitamento de proteína animal; 18,2% ao uso de resíduos gerados na produção agrícola e 6,1% a resíduos da área de saneamento.
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