Grupo CCR registra lucro de R$ 1,78 bilhão em 2024

O grupo, responsável pela ViaQuatro e ViaMobilidade, liderou os investimentos em infraestrutura de mobilidade, alcançando R$ 7,44 bilhões – um aumento de 17,2% em relação ao ano anterior

Redação

O Grupo CCR registrou um lucro líquido ajustado de R$ 1,78 bilhão em 2024, um aumento de 26% em relação a 2023. O forte crescimento reflete a contínua expansão da demanda nas plataformas de rodovias, mobilidade urbana e aeroportos, com movimentação recorde registrada a cada trimestre, e a implementação de uma série de ações voltadas aos ganhos de eficiência. A companhia ainda investiu R$ 7,44 bilhões, o maior aporte do setor de infraestrutura de mobilidade no Brasil em 2024.

No período, a receita líquida ajustada foi de R$ 15,4 bilhões, 10% superior a do ano anterior. Além do crescimento da movimentação nas três plataformas de atuação, o resultado também foi impactado positivamente pela alta de 22,9% nas receitas complementares, que alcançaram R$ 1,23 bilhão ao final de 2024. Esta forte performance é fruto da expansão das operações de varejo e serviços nas estações de trens e metrôs e nos aeroportos administrados pelo Grupo CCR, além das receitas geradas por publicidade e transporte de carga.

O EBITDA ajustado, por sua vez, chegou a R$ 8,9 bilhões em 2024. Este valor representa um aumento de 7,1% em relação a 2023. A Companhia ainda viu uma redução de 3,8% em seu resultado financeiro líquido, para R$ 3,27 bilhões, reflexo, principalmente, da queda de 22,5% no pagamento de juros sobre empréstimos, financiamentos e debêntures em função da mudança no perfil de indexação da dívida, com menor exposição ao CDI.

“2024 foi o ano de uma execução superior de nosso plano de investimento, com um nível recorde que é o maior do setor. Foi também determinante para preparar a otimização de nosso portfólio, com a conquista de dois novos ativos de elevada qualidade (Paraná Lote 3 e Rota Sorocabana) e o equacionamento de dois ativos com resultados negativos – CCR Barcas e MS Via. 2025 será o ano da consolidação de um negócio mais rentável e robusto”, afirma o CEO do Grupo CCR, Miguel Setas.

Em linha com o compromisso assumido com o mercado, o Grupo CCR ainda reduziu em 10,4% o endividamento da holding no último trimestre, que encerrou o ano em R$ 3,28 bilhões. Em que pese o investimento recorde em 2024, a Companhia terminou o ano com uma alavancagem de 3,2 vezes, dentro do limite autoimposto de 3,5x estabelecido na política financeira aprovada por seu Conselho de Administração. O cronograma de pagamento da sua dívida demonstra um perfil de longo prazo, com cerca de 50% das amortizações com vencimento a partir de 2032.

Essa estratégia reflete a captação de novos financiamentos de longo prazo para suportar o programa de investimentos da Companhia, associada à gestão de passivos para a mudança do perfil da dívida (de CDI para IPCA) e o alongamento dos prazos de vencimento. A estratégia ativa de liability management do Grupo CCR gerou um valor presente líquido (VPL) de R$ 235 milhões ano passado.


Ampliação da demanda

Todas as plataformas de negócio apresentaram ampliação da demanda em 2024. Em Rodovias, a expansão verificada foi de 3,8% em relação ao ano de 2023, totalizando 1,26 bilhão de veículos equivalentes que circularam pelos mais de 3,6 mil quilômetros de vias administradas pela Companhia em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Merece destaque o aumento de 6,6% na movimentação da CCR AutoBAn, que opera o Sistema Anhanguera-Bandeirantes (SP), impulsionada pelo maior escoamento da produção de itens como soja, algodão e açúcar.

Em Mobilidade Urbana, o volume de passageiros em 2024 cresceu 6,4% frente a 2023. O fluxo de clientes no VLT Carioca cresceu 25%, devido à inauguração do Terminal Intermodal Gentileza (TIG), que faz conexão do VLT com o sistema BRT e ônibus municipais. A CCR Metrô Bahia registrou alta de 15,6%, atingindo um novo patamar de demanda após a adição de duas novas estações no sistema metroviário baiano. Em São Paulo, o número de clientes subiu 8,1% na ViaMobilidade – Linha 5/17 e 4,4% na ViaQuatro, refletindo o crescimento das taxas de emprego ao longo do ano.

Já na plataforma de Aeroportos, o número de passageiros embarcados registrou alta de 6,4% em relação a 2023. O tráfego doméstico foi liderado pelo BH Airport, que teve alta de 16,5% no ano, estimulado pela maior oferta de voos e pelos incentivos econômicos oferecidos pelo governo de Minas Gerais. Entre os terminais internacionais, os destaques foram Costa Rica e Curaçao, que apresentaram forte ritmo de crescimento em função da consolidação de novas rotas, da maior frequência de voos e melhora da taxa de ocupação das aeronaves.

Investimento recorde em 2024

Em 2024, o Grupo CCR executou um plano recorde de investimentos, com destinação de R$ 7,44 bilhõesa projetos de infraestrutura de mobilidade em suas três plataformas de atuação: rodovias, mobilidade urbana e aeroportos. O valor foi 17,2% maior do que o realizado em 2023.

Em rodovias, entre os investimentos de destaque estão o início da duplicação da Serra das Araras (RJ), na rodovia Presidente Dutra; a recuperação de 2,1 mil quilômetros de pavimento no Sistema Anhanguera-Bandeirantes; a entrega das obras de ampliação da Via Dutra, em Guarulhos; a implantação de vias marginais e faixas adicionais na rodovia Presidente Castello Branco (SP-280); e a duplicação da rodovia Raposo Tavares (SP-270), no trecho entre Mairinque, Sorocaba e São Roque, no interior paulista. Já na ViaSul, houve duplicações e reconstruções de infraestruturas perdidas na catástrofe climática ocorrida em maio

A plataforma de mobilidade urbana, por sua vez, investiu na modernização das Linhas 8 e 9. Além da conclusão da aquisição dos 36 novos trens da fabricante Alstom, foi realizada a reforma de 12 estações, melhorando a acessibilidade e o conforto aos passageiros, e a implantação do serviço Próximo Trem, que permite ao cliente visualizar a estimativa de prazo para a chegada do próximo trem por meio de um QR Code disponível nas estações. No Rio de Janeiro, foi inaugurado o Terminal Intermodal Gentileza (TIG).

Na plataforma de aeroportos, a companhia concluiu as obras de modernização e expansão de 10 aeroportos no Brasil (Blocos Central e Sul), e realizou a pré-engenharia para a implantação de nova pista de pouso e decolagem do aeroporto de Curitiba (PR) e a reforma do terminal de passageiros em Navegantes (SC). As melhorias implementadas incluem novas áreas de embarque e desembarque de passageiros, esteiras de bagagens automatizadas, instalação de novos pátios, adequações nas pistas e das áreas de escape, conforme a legislação vigente, e a instalação de novas pontes para conexão com aviões.

Plano para 2025

Para 2025, a previsão do Grupo CCR é de executar um Capex de R$ 8,19 bilhões, com ViaOeste. Em Rodovias, a expectativa é de um montante de R$ 5,71 bilhões, com destaque para o início dos investimentos na Rota Sorocabana (SP), da cerca de R$ 510 milhões, e, no Lote 3 do Paraná, ao redor de R$ 455 milhões, duas concessões que foram conquistadas pela CCR Rodovias no final do ano passado. Outro valor relevante, de R$ 1,66 bilhão, será destinado às obras da CCR RioSP, na rodovia Presidente Durante e na Rio-Santos.

Na plataforma de Mobilidade Urbana, o valor previsto é de R$ 1,57 bilhão, sendo R$ 1,03 bilhão para modernização e melhorias nas Linhas 8 e 9 do sistema de trens metropolitanos de São Paulo. Nesta frente, a expectativa é dedicar R$ 77 milhões ao início da implantação do Sistema Europeu de Controle de Trens (ETCS), o que possibilitará, no futuro, a redução no tempo de intervalo entre as composições.

Em Aeroportos, a projeção é de investir R$ 846 milhões. Nos aeroportos internacionais, o recurso será dedicado a obras como a expansão do Aeroporto de Quito, a modernização do terminal de Curaçao e o investimento em infraestrutura pela extensão do contrato de concessão em Aeris, na Costa Rica. No Brasil, os recursos serão aplicados no encerramento dos contratos de construção da fase 1B dos Blocos Sul e Central, na recomposição de pavimentos, em melhorias operacionais, nos projetos e licenciamentos necessários para a nova pista de Curitiba (PR), no novo plano diretor do terminal de Navegantes (SC), entre outros investimentos, inclusive para a captura de receita.

Descarbonização e responsabilidade social

Em 2024, o grupo CCR registrou marcos importantes em sua jornada ESG. A companhia atingiu a meta de suprir 100% do consumo de seus ativos com fontes limpas, um ano antes do prazo previsto. Além disso, tornou-se sócia de três usinas eólicas do complexo Oitis, localizado no Piauí, que irão atender 60% da demanda de energia elétrica da companhia, abastecendo as operações da ViaMobilidade – Linhas 8 e 9, ViaQuatro e ViaMobilidade – Linhas 5 e 17, que operam trens e metrôs do sistema metroferroviário de São Paulo.

O Grupo CCR foi pioneiro no setor ao assumir o compromisso de atingir a neutralidade carbônica nos escopos 1 e 2 até 2035 e lançar uma estratégia de resiliência climática, com o objetivo de proteger 100% dos seus ativos. Além disso, a companhia realizou, de forma pioneira, a primeira compra de créditos de carbono que será registrada na plataforma da B3, e mobilizou parceiros para a criação de uma coalizão dos transportes para acelerar a descarbonização do setor.

Na frente de D&I, alcançou 36,4% de mulheres em posições de gestão, ante 34% em 2023. Na alta liderança, este índice ficou em 45%, contra 23% no ano anterior. Estes resultados levaram à classificação da CCR entre as 25 melhores empresas para mulheres trabalharem no país, segundo o GPTW Mulher, e à classificação entre as dez melhores companhias para se trabalhar no Brasil, no ranking GPTW.

Por meio do Instituto CCR, em 2024 o grupo destinou o valor recorde de R$ 70 milhões a projetos de impacto social. Museus e festivais literários do Brasil receberam o apoio da entidade, que lançou três novas exposições gratuitas do Projeto Centenários, homenageando Tarsila do Amaral, Cândido Portinari e Heitor Villa-Lobos nas estações da Linha 4 – Amarela, operada pela ViaQuatro, em São Paulo. No fim do ano, a Companhia firmou uma parceria com o Governo do Estado de São Paulo e com a Fundação OSESP para a criação da Estação CCR das Artes, uma nova sala de espetáculos no Complexo Cultural Júlio Prestes que tem como missão a formação de novas plateias e a democratização do acesso à cultura.

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