Especialistas criticam projeto de descarbonização do transporte em São Paulo

Cláudio de Senna Frederico, Olímpio Alvares e Ayrton Camargo, da ANTP, são unânimes em condenar a falta de planejamento e prazos irreais. E mais: estudo da NTU aborda modernização da frota

Marcia Pinna

As reviravoltas e confusões sobre a descarbonização do transporte de São Paulo, reveladas pelo Diário do Transporte, foram assunto entre especialistas da ANTP no seu almoço de confraternização. O Podcast do Transporte ouviu três veteranos profissionais da área, enquanto na Câmara Municipal de São Paulo, a legislação passava por sucessivas mudanças.

A correria e a falta de transparência e debate foram condenadas por Cláudio de Senna Frederico, Olímpio Alvares e Ayrton Camargo, para quem um estudo mais detalhado deveria ser feito antes da aposta da prefeitura em se comprometer com a eletrificação de 20% da imensa frota paulistana, sem a certeza da instalação de infraestrutura de energia na cidade 

Uma discussão com os pés no chão

Olímpio Alvares, coordenador de meio ambiente da ANTP, indica que todo o processo da eletrificação em São Paulo foi corrido demais. E considera que o momento é de aproveitar o foco na aprovação da legislação para um amplo debate que envolva a sociedade, os operadores de transporte e que também alcance setores como o de fretamento, ônibus escolares, coleta de lixo e outros que estão sendo atropelados com decisões inapropriadas.

Descontinuar trólebus é proposta de quem “não entende de transporte”

O especialista Ayrton Camargo, que já trabalhou na prefeitura paulistana, aproveitou a confusão das mudanças para condenar a decisão do prefeito Ricardo Nunes de acabar com a frota de trólebus, anunciada mais de uma vez, em nome de tecnologias mais modernas. O especialista apontou ao Podcast do Transporte as vantagens dos trólebus e que um único corredor na cidade de São Paulo pode absorver toda a frota existente hoje.

Atraso pode abrir espaço para soluções prejudiciais vindas de fora

Cláudio de Senna Frederico, do conselho diretor da ANTP, lamenta o hábito do país de criar as leis antes de fazer estudos e acha que o atraso em fazer a eletrificação funcionar de vez pode abrir espaço para soluções vindas do exterior. E que as beneficiadas serão indústrias lá de fora.  

Estudo da NTU sobre modernização das frotas  

Márcia Pinna, editora da Technibus, aborda o estudo da NTU sobre a modernização da frota de transporte urbano e suas novas tecnologias. É um trabalho que muita prefeitura deveria ler. Ela entrevistou Francisco Christovam, diretor-executivo da entidade, que considera que a discussão sobre eletrificação elevou o nível do debate sobre o transporte coletivo urbano no país.

Confusão na legislação oculta necessidade de destravar compra de frota a diesel

O editor-chefe do Diário do Transporte, Adamo Bazani, que revelou o plano da Câmara Municipal de aprovar a mudança de legislação de descarbonização de São Paulo na surdina, analisa os lances da manobra. Para ele, a correção do erro do prefeito Ricardo Nunes em proibir a compra de ônibus a diesel está presente em todas as versões do texto legislativo.

Aplicativo Cittamobi atualiza em tempo real horários de chegada dos trens da linha 4-Amarela do Metro de São Paulo

Agora na linha 4-amarela do Metro de São Paulo, os passageiros podem consultar pelo seu aplicativo Cittamobi os horários e lotações dos trens, qual a estação mais próxima e como seguir viagem usando outros meios. Os 700 mil usuários beneficiados vão se juntar aos passageiros do VLT do Rio de Janeiro e do Metrô Bahia, meios administrados pelo Grupo CCR. O Podcast do Transporte ouviu a CPO do Cittamobi, Emanuele Cassimirosobre a novidade.

Na concessão de serviços de transporte, todos devem cumprir os seus papeis

O jornalista especializado em transporte e apresentador do Podcast do Transporte, Alexandre Pelegi comenta em seu editorial que o processo de concessão, que ainda é confundido com privatização por muita gente boa, tem regras claras e cada participante precisa cumprir seu papel. O poder concedente, a concessionária e mesmo o usuário, que precisa saber de quem cobrar. 

Veja também