Ricardo Portolan, diretor da Marcopolo: “O mercado brasileiro de ônibus tem potencial para crescer em torno de 10% em 2025”

O executivo acredita que no próximo ano será mantida a tendência de maior volume para o segmento de urbanos

Sonia Moraes

Technibus – Qual a previsão da Marcopolo para o mercado de ônibus em 2025?

Ricardo PortolanO mercado brasileiro de ônibus tem potencial para crescer em torno de 10% em 2025, mas o desempeno vai depender de fatores como a elevação no ritmo de pedidos para o Programa Caminho da Escola e a continuidade da renovação de frota, tanto no segmento de rodoviários quanto no de urbanos.

Technibus – No Brasil, qual segmento terá maior demanda no próximo ano?

Ricardo PortolanEntendemos que, historicamente, o segmento de urbanos é o que demanda maior volume de ônibus ao longo do ano. Para 2025, acreditamos que essa tendência será mantida.

Technibus – E no exterior, que modelo de ônibus terá maior demanda no próximo ano?

Ricardo PortolanNo caso da Marcopolo, o maior volume de ônibus exportados é do modelo rodoviário, como os ônibus da Geração 8, sobretudo para países da América Latina e África.

Technibus – O que poderá interferir no mercado de ônibus em 2025?

Ricardo PortolanA elevação das taxas de juros, aumento da inflação e a restrição ao crédito são fatores que podem interferir na renovação de frota dos operadores brasileiros. Por outro lado, a desvalorização do real frente ao dólar pode fazer com que o produto brasileiro seja mais competitivo no mercado internacional. A reforma tributária e os investimentos do governo em infraestrutura e nos programas para desenvolvimento da indústria automobilística podem incentivar investimentos em produção e modernização, o que trará bons reflexos para a indústria brasileira do ônibus.

Technibus – O mercado interno continuará demandando mais ônibus do que o mercado externo?

Ricardo PortolanCom certeza. A demanda interna está aquecida e robusta. O Brasil é e continuará sendo o principal mercado consumidor da América Latina. Por mais que elevamos as exportações, a demanda externa não se compara à demanda nacional e a venda para clientes de outros países acaba sendo sempre um processo mais longo.

Technibus – Como a Marcopolo avalia o mercado de ônibus no Brasil e no exterior?

Ricardo PortolanNa visão da Marcopolo há grande potencial para o crescimento do mercado de ônibus, no Brasil e no exterior. A busca pela mobilidade sustentável, pela descarbonização do transporte e por modais mais eficientes fazem com que o ônibus seja uma ótima opção para o transporte rodoviário e urbano. No Brasil, a expectativa de maiores volume para o programa Caminho da Escola pode resultar em um volume produtivo crescente para os próximos anos. No exterior, sobretudo nos mercados onde a companhia atua, também existem perspectivas de crescimento.

Technibus – Como a Marcopolo avalia o mercado de ônibus em 2024?

Ricardo PortolanA perspectiva da Marcopolo para o mercado brasileiro em 2024 é de crescimento de cerca de 10%. O mercado deverá fechar o ano com cerca de 22 mil ou 23 mil unidades. A expectativa da companhia é manter o seu market share de cerca de 50%.

Technibus – O que contribuiu para o crescimento do mercado de ônibus neste ano?

Ricardo PortolanO que está contribuindo para o crescimento do mercado brasileiro este ano é a renovação de frota dos operadores do segmento de rodoviários, a manutenção do bom desempenho do segmento de fretamento e o crescimento no setor de micros. O desempenho de vendas para o programa Caminho da Escola está abaixo do esperado, fazendo com que o aumento do mercado seja menor do que o

esperado.

Technibus – Qual modelo da Marcopolo teve maior destaque neste ano?

Ricardo PortolanSem dúvidas, os modelos da Geração 8, com grande volume de double deckers produzidos.

Technibus – Como foi a atuação da Marcopolo no mercado externo em 2024?

Ricardo Portolan Como mencionado, as operações da companhia vêm apresentando bom desempenho, de acordo com cada mercado. As nossas operações no exterior, China, África do Sul e Austrália cresceram, respectivamente, 81,8%, 44,6% e 32,7% no primeiro semestre de 2024. O Mexico apresentou desempenho estável e a Argentina foi a única operação que teve desempenho negativo.

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