A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) divulgou, nesta terça-feira (10), o estudo inédito “Modernização tecnológica da frota do transporte coletivo urbano”, que aborda o processo de renovação da frota de ônibus do transporte coletivo urbano no Brasil e discute os caminhos possíveis para a descarbonização do transporte público. Um dos dados destacados no documento diz respeito às emissões dos ônibus (urbanos, rodoviários e de fretamento), que representam apenas 0,8% do total das emissões do país, segundo cálculo baseado em informações do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases (SEEG, 2023), do Observatório do Clima.
O estudo detalha uma série de informações sobre transição energética, particularmente em relação à poluição veicular e ao aquecimento global, e o estágio atual de desenvolvimento e utilização de tecnologias que compõem as rotas da descarbonização da frota. Segundo o diretor executivo da NTU, Francisco Christovam, o documento reúne importantes ferramentas para que o setor possa usar para se posicionar e melhorar suas ações e estratégias nos próximos anos.
“Utilizamos dados de mercado, do nosso setor e de nossos próprios estudos para fazer uma análise ampla sobre o segmento, que tem um impacto direto no dia-a-dia do cidadão. Desta forma, sugerimos uma atuação em conjunto entre os setores público, privado e de toda a sociedade para que o segmento do transporte público urbano possa avançar, ao mesmo tempo, com modernidade e sustentabilidade”, afirmou.
Dentro desse contexto, o documento traz dados sobre a idade média da frota nacional de ônibus urbanos, que atingiu seis anos e cinco meses, segundo o Anuário NTU 2023-2024 – a idade mais elevada em todo o período avaliado de quase 30 anos; e debate a pressão que o setor vem sofrendo para a adoção dos veículos elétricos. A pesquisa atualiza o número de ônibus elétricos em operação hoje no Brasil, totalizando 420 veículos.
“Somos totalmente a favor da sustentabilidade dos veículos elétricos, mas precisamos de um plano que garanta uma transição gradual da matriz energética, considerando a capacidade do setor e a utilização de outros tipos de combustíveis. Esses 420 ônibus citados estão dentro de um universo de 107 mil veículos em todo o país, o que demonstra o tamanho do desafio que teremos pela frente no que diz respeito à eletrificação da frota”, explica Christovam.
Esse número leva em conta 25 sistemas de transporte coletivo por ônibus, que atendem dez capitais e regiões metropolitanas e outras 15 cidades de grande, médio e pequeno porte. A região sudeste concentra 79,8% da frota total de ônibus elétricos, com 335 veículos em 16 sistemas. No Centro-Oeste são 18 veículos, 37 na Região Sul, 28 na região nordeste e apenas dois veículos elétricos na região norte.
Modernização
A atuação do setor na modernização da frota nas últimas décadas já vem rendendo inúmeros avanços, principalmente na adequação ao Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que estabelece restrições crescentes dos limites máximos de emissões estabelecidos para veículos no país.
Atualmente, a frota de ônibus urbanos dos principais sistemas de transporte do Brasil é composta, na sua maior parte, por veículos que estão na fase 7 do Proconve, sendo que muitas capitais já utilizam veículos da fase 8, restringindo ainda mais a emissão de gases poluentes. Desta forma, o ônibus consolida-se como uma alternativa de transporte não poluente, ficando bem à frente dos carros e motos.
PAC da Mobilidade Urbana
Por fim, a pesquisa trouxe também um olhar sobre o PAC da Mobilidade Urbana – Renovação da Frota, iniciativa do governo federal que promoverá um investimento total de R$ 9,8 bilhões para aquisição de 2.296 ônibus elétricos (R$ 7,3 bilhões) e 3.015 ônibus a diesel Euro 6, correspondente a fase 8 do Proconve (R$ 2,6 bilhões). Um total de 98 municípios em 20 estados tiveram suas propostas aprovadas e selecionadas para receber os 5.311 ônibus.
“Este estudo nos possibilitou colocar uma lupa no setor e entender de perto nossos desafios futuros. Diante dos números levantados, fica claro que o transporte público urbano não é poluente e deve receber incentivos para sua modernização e para a continuidade do processo de descarbonização, que já vem sendo realizado há décadas. Temos muito o que comemorar, mas também muito o que avançar, para que o setor continue se fortalecendo e oferecendo alternativa de qualidade para o cidadão brasileiro”, disse Francisco Christovam.