Cipatex mantém expectativa positiva para ampliar fornecimento ao setor de ônibus

A empresa registra crescimento da demanda por revestimentos sintéticos no segmento de ônibus e vans, impulsionada principalmente pela frota de veículos escolares para atender áreas rurais

Sonia Moraes

A Cipatex, fabricante de revestimentos sintéticos, registra crescimento da demanda do segmento de ônibus e vans, impulsionada principalmente pela frota de veículos escolares para atender áreas rurais. “Notamos aumento na busca das montadoras dessas linhas de veículos por produtos com design mais novos e mais confortáveis. Também notamos crescimento da busca por modelos como motorhomes e vans destinadas à passeio, com interiores customizados, aconchegantes e personalizados, visando design e conforto. Essa demanda está vindo para nós”, revelou Rafael Pilon, diretor comercial e marketing da Cipatex, em entrevista exclusiva para o portal da Technibus.

Na sua fábrica de Cerquilho, no interior de São Paulo, a Cipatex tem capacidade para produzir 100 milhões de metros de revestimentos por ano e o setor automotivo representa entre 8% e 10% dos seus negócios, o que inclui o fornecimento para montadoras de ônibus e caminhões, encarroçadoras de ônibus, montadoras japonesas de automóveis e motos e diversas sistemistas. Para veículos comerciais a empresa fornece cerca de dois milhões de metros lineares, sendo 400 mil metros para ônibus e vans.

Além de revestimentos para bancos, os produtos da Cipatex podem ser aplicados em laterais de portas de veículos, coifas para alavanca de câmbios, volantes, pisos e tapetes automotivos, quebra-sol, painéis, revestimento de cabine de caminhões, capa de proteção de bateria e porta-pacotes.

O diretor da Cipatex comentou que o mercado automotivo está em expansão e a atuação da empresa nesse setor também tem mostrado resultados positivos. “A Cipatex enxerga esse segmento com otimismo e vemos um grande potencial para ampliarmos nossa presença nesse segmento.”

A expectativa positiva da Cipatex para o mercado automotivo está amparada pelo movimento forte dos mercados desenvolvidos para o Brasil, de interiores revestidos com laminados de PVC e PU de alta performance, que é a especialidade da empresa, especialmente no que diz respeito à personalização. “Observamos uma tendência de crescimento contínuo e buscamos cada vez mais oportunidades nesse setor. Estamos atentos às transformações do segmento e acreditamos que, ao investir fortemente em pesquisa e desenvolvimento, podemos contribuir com a evolução do setor com a oferta de soluções de alto desempenho, conciliando funcionalidade com tecnologia e inovação no visual, o que somos especialistas”, disse Pilon.

Na cidade de Cerquilho a Cipatex mantém o seu centro de distribuição para garantir agilidade no atendimento de pedidos. O espaço tem nove mil metros quadrados e capacidade de armazenamento que equivale a dois meses de produção.

Estimativas

Em 2024, a Cipatexinvestiu aproximadamente R$ 10 milhões, sendo grande parte destinada a modernizações e melhorias em máquinas e equipamentos. Outra parte foi aplicada na ampliação da capacidade de armazenamento, em pesquisas relacionadas a tecnologias de materiais e sistemas de informação. Em 2025, dará continuidade ao seu programa de investimentos, segundo informou Pilon.

A estimativa do diretor é que a Cipatex feche 2024 com 65 milhões de metros de laminados produzidos para todos os segmentos de atuação – volume 5% superior aos 62 milhões de metros fabricados no ano anterior – e a receita deve girar em torno de R$ 800 milhões, sendo 7% provenientes de negócios fechados no setor automotivo, especialmente no segmento de ônibus.

Como algo relevante neste ano o diretor destaca o fechamento de um acordo de cooperação e fornecimento com um importante player do setor automotivo e a ampliação da presença da empresa em mercados nos quais ainda não atuava, como o farmacêutico e o de vestuário. “Entre os desafios enfrentados neste ano a redução no poder de compra dos brasileiros foi sentida por vários setores dos quais atuamos. Isso levou nossos clientes a demandarem menos produtos ou a buscarem opções mais econômicas, o que exigiu esforços extras da companhia, com diversas ações para manter os resultados em bons níveis — e conseguimos”, disse Pilon.

Boas práticas

A Cipatex teve o seu projeto “Engenharia Reversa como Estratégia para Avançar na Sustentabilidade” selecionado pelo Programa Melhores Práticas ESG do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e apresentado durante o XX Fórum ESG, realizado em outubro deste ano pelo sindicato em formato online.

Do total de 44 trabalhos inscritos na edição deste ano, o projeto da Cipatex foi destacado entre os três melhores avaliados.“O case destaca o avanço da economia circular na empresa com o reaproveitamento interno das sobras do processo produtivo. A companhia, que apenas destinava parte dos resíduos a agentes externos, se debruçou em desenvolver um novo sistema de reciclagem capaz de reinserir as sobras internamente. O projeto, que começou com a reintrodução de resíduos em um único segmento, expandiu-se para quatro setores, incluindo o de pisos automotivos”, explicou Pilon.

“Para colocar o projeto em prática, vários testes foram realizados, classificando corretamente as sobras para que não houvesse alteração nas características e qualidade do produto final. Também foi preciso reforçar a conscientização dos colaboradores para tratar o resíduo como matéria-prima, tendo em vista que o mesmo seria utilizado em outro processo.”

O diretor esclareceu que, com o novo sistema de reaproveitamento interno de resíduos foi possível reduzir o consumo de matéria-prima virgem e insumos e, consequentemente, houve queda nos custos, impactando positivamente na rentabilidade da empresa. “A economia estimada é de aproximadamente R$ 3.000.000,00 por ano.”

Pilon destacou que contribuição vai além do aspecto econômico, com destaque para a preservação ambiental devido à redução de descarte de resíduos e de emissão de CO² ao evitar o transporte tanto para a aquisição de matéria-prima como para envio das sobras aos aterros. “A medida também colabora no prolongamento da vida útil dos aterros. A reciclagem interna diminuiu o acúmulo de sobras e desafogou a central de armazenamento de resíduos da empresa.”

Outro ponto destacado pelo diretor é que a incorporação de sobras nos laminados para os segmentos automotivo, calçadista, decoração e impermeabilização também traz um diferencial competitivo à empresa ao oferecer ao mercado produtos que combinam qualidade, inovação e sustentabilidade. “Ao consolidar seu compromisso com a sustentabilidade, a organização tem muito a ganhar em relação a sua imagem perante os clientes e até mesmo entre seus colaboradores, garantindo um desenvolvimento equilibrado e favorável ao meio ambiente, à comunidade e ao próprio crescimento do negócio.”

Os resultados são tão significativos que a meta da corporação é avançar ainda mais em métodos para incorporar a economia circular em produtos de outros segmentos.

“Com o novo sistema, a companhia deu passos importantes para progredir na agenda ESG (Environmental, Social and Governance) somado a outras práticas, entre elas a utilização de energia de fonte renovável e o reaproveitamento de água nas operações que ajuda a conter a escassez hídrica e garante uma economia de 50% no consumo do insumo produtivo”, revelou Pilon.

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