Com o tema “Mudanças na matriz energética”, o Evento Fretamento 2024 apresentou seu primeiro painel que contou com a presença de executivos das principais montadoras do país e com a mediação de Jurandir Fernandes, do Conselho Internacional do Centro Paulista de Estudos da Transição Energética. A mesa-redonda discutiu as diferentes tecnologias e os diversos combustíveis que podem ser usados para um transporte menos poluente e que possibilitem a redução dos impactos ao meio ambiente.
Jurandir Fernandes apresentou a experiência do hub de energia sustentável da Unicamp com o “laboratório vivo”, um ônibus elétrico, abastecido com energia solar, que circula 16 horas pelo campus diariamente, transportando alunos e professores. “Nos fazemos as aferições de todos os parâmetros da operação. O veículo foi cedido em regime de comodato, e já temos outros fabricantes interessados em nos ceder ônibus elétricos desta forma para ampliarmos o projeto”, disse o especialista.
Segundo Fernandes, a Marcopolo deve ser a próxima a integrar o projeto. “A Eletra também se mostrou interessada, bem como a GWM. Existe a ideia de que todos os ônibus que circulem na Unicamp futuramente sejam elétricos”. informou.
Montadoras –
Foram apresentadas as diversas tecnologias para descarbonizar o transporte: biodiesel, HVO, eletrificação, hidrogênio e o próprio Euro 6. Walter Barbosa, vice-presidente de vendas, marketing e serviços Ônibus da Mercedes-Benz, afirmou que nenhuma tecnologia isolada vai “salvar o planeta”, mas é preciso combinar as tecnologias. Para ele, a eletrificação não é a melhor alternativa para o fretamento, sendo o HVO e o biodiesel as melhores opções.
Paulo Arabian, diretor comercial da Volvo Ônibus Brasil, falou sobre o lançamento na Europa de uma tecnologia que utiliza hidrogênio puro. “É uma grande novidade. A Volvo em nível global trabalha com nove tecnologias diferentes. Temos várias parcerias com empresas como a Daimler para desenvolvimento dessas inovações”, disse.
Jorge Carrer, diretor de vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus, lembrou do projeto da marca em parceria com CBMM para o desenvolvimento das baterias ultrarrápidas para ônibus elétricos. “Pode ser ótima uma solução para as empresas de fretamento que tenham clientes que querem um veículo elétrico. Mas o HVO e o biodiesel (B20) são muito interessantes para esse segmento avançar na descarbonização da frota”, avaliou.
Os participantes do painel concordaram que a eletrificação requer um planejamento para todo o ecossistema do transporte – fornecedores de energia, indústria, poder público, usuários e financiadores. “Não dá mais para pensar somente no veículo. Não basta focar no produto. É preciso integrar todo o ecossistema”, ressaltou Carrer.