Em seu pronunciamento na abertura do 10º Fórum IQA da Qualidade Automotiva – evento realizado no início de outubro, em São Paulo, pelo Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) –, o diretor-presidente dessa entidade e gerente sênior de Qualidade do conglomerado Stellantis, Claudio Moyses, trouxe uma visão da situação atual do mercado global automotivo. Ele falou do esforço desenvolvido pelo IQA em favor da qualidade, e sobre como o programa Mover, recentemente criado pelo governo federal, se enquadra nessa situação.
“Vivemos um momento em que a globalização, a rápida evolução tecnológica e a urgente necessidade de descarbonização impõem desafios ao setor, mas que, também, abrem portas para oportunidades inéditas. Nesse contexto, a qualidade se destaca como diferencial estratégico crucial para impulsionar a nossa competitividade e sustentabilidade”.
O dirigente sublinhou que, com a adoção de práticas de qualidade rigorosas, não somente é possível assegurar a excelência dos produtos, mas, também, ganhar eficiência, reduzir custos e melhorar a experiência e a satisfação dos clientes. “A qualidade, portanto, não é um custo adicional, mas, sim, um investimento estratégico, que traduz um retorno garantido de sustentabilidade a longo prazo, reforçando a visão, também estratégica, da qualidade como motor essencial para o sucesso de nossos negócios”.
Moyses remarcou que existe a oportunidade de fortalecimento das cadeias de fornecedores nacionais, de modo que sejam capazes de atender ao mais alto padrão de qualidade. “Isso não apenas reduz nossa dependência de insumos importados, mas também gera empregos, fomenta a inovação e contribui para crescimento econômico regional”, afirmou.
Advertiu ser essencial que esse processo se guie por critérios rigorosos, envolvendo controle de custos e adoção de tecnologia. Também ponderou ser necessário considerar as oportunidades e desafios associados à importação e a exportação. “A qualidade é um fator decisivo para que nossos produtos sejam competitivos no mercado internacional. E para competir em escala global, devemos assegurar que tanto os produtos produzidos no exterior como aqueles fabricados localmente, que fazem parte da nossa cadeia de suprimentos, atendam os nossos elevados níveis de qualidade”. E acrescentou: “Dessa forma garantimos a integridade e a reputação da nossa marca. E, independentemente da origem, do destino e do produto finalizado, nos posicionamos de maneira robusta no plano internacional”.
Atuação do IQA–
Claudio Moyses disse que como entidade de certificação da qualidade, o IQA desempenha um papel vital nesse cenário. “Nossa atuação inclui rigorosos testes laboratoriais e auditorias meticulosas, assegurando que a excelência seja uma constante em toda a cadeia produtiva. Dessa forma, contribuímos diretamente para a competitividade do setor automotivo nacional, fortalecendo a confiança dos consumidores e parceiros comerciais”.
O dirigente mencionou a necessidade de investimentos em tecnologias avançadas. Argumentando que a modernização tecnológica é um fator essencial, e que uma manufatura mais inteligente, com digitalização dos processos, está revolucionando a forma como se organiza e gerencia a qualidade, afirmou: “Precisamos estar na vanguarda dessa transformação, investindo em tecnologias que nos permitam monitorar, analisar e otimizar cada etapa da produção em tempo real, além de produzir conhecimentos a partir desses dados gerados”.
E sublinhou os ganhos que poderão advir dessa escolha. “Isso transformará a empresa numa organização que aprende e é ágil, permitindo tomadas de decisão mais rápidas e a adaptação de todas as cadeias de negócios. Dessa maneira, garantimos não apenas a qualidade de nossos produtos e serviços, mas também a agilidade e a flexibilidade necessárias para atender às demandas de mercado cada vez mais dinâmico, e para melhorar a experiência do cliente em cada ponto de contato”.
Transformação digital –
Segundo o dirigente, nesse contexto de evolução, foi criado o IQMX, marca do IQA, que lidera as iniciativas do Instituto voltadas para a transformação digital, fundamentadas em quatro pilares essenciais, que formam a sigla: Inovação, Qualidade, Mobilidade e Experiência. “O IQMX tem como propósito não apenas de acompanhar as tendências que movem o setor, mas também de definir o papel da qualidade nessa área. Seu objetivo é preparar a qualidade para atender as demandas crescentes por serviços relacionados com a avaliação da conformidade”.
Na sequência de sua manifestação, Claudio Moyses destacou a necessária responsabilidade com a sustentabilidade. “A descarbonização é crucial para a indústria automobilística. Devemos desenvolver a adotar tecnologias que reduzam as emissões de carbono, promovam o uso de energias renováveis e minimizem o impacto ambiental”.
Acrescentou que, nesse sentido, foi criado o IQA-DS – Desenvolvimento Sustentável para Mobilidade, programa do IQA que oferece uma jornada completa de responsabilidade ambiental, social e de governança para modernização do setor automotivo, independentemente do suporte ou nível de maturidade em ESG. “Desenvolvido a partir de estudos em empresas e entidades do setor, o IQA-DS proporciona trilhas de sustentabilidade, treinamentos, diagnósticos, certificações e uma plataforma para gestão 360 graus do ESG, contribuindo para a transformação sustentável do setor”.
O presidente do IQA disse ainda que iniciativas como o Programa Mover são fundamentais para acelerar a transição para um futuro mais sustentável. “Ao incentivar o uso de veículos com energia renovável e a modernização de frota, o Programa Mover reforça a necessidade de haver qualidade e inovação em nossos processos”.
Importância das pessoas-
Moyses assinalou que para além da tecnologia e dos processos, o IQA reconhece o papel crucial das pessoas na promoção da qualidade e competitividade na indústria automotiva. “Investir no desenvolvimento e capacitação dos nossos profissionais não apenas melhora nossas interações, mas também fortalece uma cultura organizacional de inovação e excelência. Valorizamos e capacitamos nossas equipes, garantimos produtos de alta qualidade e um ambiente propício à criatividade e à colaboração, essencial para sustentar a nossa competitividade global”.
Ele concluiu frisando que a qualidade representa uma vantagem competitiva universal. “No comércio, isso se manifesta na excelência do atendimento ao cliente ao longo de toda a jornada; na eficiência logística e na gestão estratégica de estoques para garantir a disponibilidade. Nos serviços, qualidade significa fornecer profissionalismo, agilidade e personalização em todos os pontos de contato com o cliente. Em ambos os setores, a produtividade, o controle de custos e a adoção de novas tecnologias são fatores cruciais para o sucesso”.