Guia traz elementos para o avanço da eletromobilidade no transporte público

A publicação reúne as principais tendências, desafios e oportunidades na adoção de veículos elétricos no transporte público no Brasil, oferecendo uma visão abrangente e estratégica para gestores, pesquisadores e entusiastas da mobilidade urbana.

Alexandre Asquini

O Núcleo de Mobilidade Sustentável do Centro de Estudos das Cidades – Laboratório Arq.Futuro do Insper promoveu, na tarde de 20 de setembro de 2024, na cidade de São Paulo, o lançamento do ‘Guia de Eletromobilidade para Cidades Brasileiras – Transporte Público’.

O Centro resulta de uma parceria estabelecida há cinco anos entre o Insper e a plataforma Arq.Futuro, orientando suas ações de ensino e pesquisa sobre o meio urbano com base na interdisciplinaridade e inovação. Sua missão é “contribuir para um impacto real na vida das populações urbanas”.

O painel de lançamento do guia foi conduzido pelo consultor Sérgio Avelleda, organizador e coautor da publicação, e contou com a participação dos autores Rafael Barreto Castelo da Cruz, Ariane Fucci Wady e Camilla do Carmo Perotto. O trabalho recebeu apoio e cooperação técnica do Itaú Unibanco.

Em busca da eletromobilidade-

Elaborado pela BEI Editora, o ‘Guia de Eletromobilidade para Cidades Brasileiras – Transporte Público’ aborda a transição para um transporte coletivo mais sustentável e eficiente. A parte substancial da publicação está estruturada em sete capítulos, que circunscrevem os principais aspectos relacionados à introdução e gestão de sistemas de eletromobilidade, levando em conta a realidade brasileira.

O Capítulo 1 traça um cenário da eletromobilidade no país, destacando as barreiras à substituição de veículos de combustão interna. O texto ressalta que os veículos elétricos apresentam um custo inicial elevado, enfrentam barreiras tecnológicas, carecem de infraestrutura de carregamento e de modelos de negócios e financiamento maduros.

A adoção de veículos de transporte público com tração elétrica também enfrenta a ausência de regulamentação e políticas públicas, carência de mão de obra qualificada e de capacitação técnica. Além disso, depara-se com resistência à mudança por parte dos operadores, com a fragilidade da sustentabilidade das fontes de energia, desafios operacionais relacionados às características da frota elétrica e, por fim, a possível demora no retorno sobre o capital investido.

Outros pontos-

O Capítulo 2 aborda os impactos e benefícios da mobilidade elétrica, destacando a eletrificação como uma oportunidade para melhorar a qualidade do transporte público. São apresentadas questões ainda não resolvidas, exemplos de projetos já implementados e experiências internacionais.

Os possíveis ‘stakeholders’ do ecossistema da mobilidade elétrica constituem o tema central do Capítulo 3, que apresenta de maneira simplificada o papel dos agentes promotores da eletromobilidade. Esta seção aborda as ações das concessionárias de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a participação de concessionários e operadores de mobilidade, além do papel da administração pública, bancos públicos e privados e organismos multilaterais de crédito.

O Capítulo 4 apresenta aspectos técnicos relacionados à eletromobilidade, fornecendo aos gestores públicos informações que apoiam a tomada de decisões quanto à implantação, como a definição de locais potenciais, estimativas de área e a verificação da disponibilidade de redes de média ou alta tensão junto à concessionária de energia. São discutidos, nesta parte, a caracterização da rede de transporte, ônibus para passageiros, infraestrutura de recarga e a responsabilidade pela infraestrutura elétrica.

Economia e contratos-

Os aspectos financeiros e econômicos da eletromobilidade são abordados no Capítulo 5, que introduz o conceito de custo total de propriedade (TCO) e destaca a influência da dimensão da frota sobre o custo total. Também são discutidos temas relacionados à energia, custo de manutenção, incentivos federais, mecanismos alternativos de financiamento e avaliações socioeconômicas.

O Capítulo 6 é dedicado ao exame das possibilidades de configuração de contratos e parcerias para a ampliação das frotas de ônibus elétricos. Foca-se nos possíveis contratos públicos para a implementação da mobilidade elétrica no transporte público, modelos de negócios envolvendo concessões e a partilha de responsabilidades entre as partes.

Transição-

No Capítulo 7, que traz as considerações finais, os autores destacam a importância da adoção de tecnologias elétricas no transporte público urbano: “A transição para o transporte público elétrico representa uma oportunidade significativa, acompanhada de desafios, no esforço das cidades para adotar as melhores práticas na modernização dos serviços de transporte coletivo”, diz o trecho inicial.

E prossegue: “Essa mudança não se justifica apenas pelo fato de os ônibus elétricos serem mais silenciosos e não emitirem gases de efeito estufa; há também a necessidade de refletirmos sobre como podemos transformar a mobilidade urbana em algo mais eficiente, sustentável e inclusivo”.

Veja também