Denis Andia, secretário nacional de mobilidade urbana, do ministério das cidades: “Temos um estudo já pronto sobre implantação da eletromobilidade, disponibilizado para governos e entes públicos”

Em entrevista à revista Technibus, o secretário nacional de mobilidade urbana garantiu que o governo federal vem buscando “organizar, criar e oferecer ferramentas” para que o setor possa se desenvolver no país. Ele participou da Arena ANTP – Congresso de Mobilidade, evento bienal realizado pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), com apoio da OTM Editora

Por Alexandre Asquini

Technibus – O senhor pode fazer uma avaliação desta nova edição da Arena ANTP – Congresso de Mobilidade? Trata-se da primeira edição deste congresso após a pandemia.

Denis Andia – Primeiro, quero cumprimentar a organização da ANTP pelo evento com tanta capilaridade, abrangente, que conseguiu fazer convergir todos os participantes desse setor de transporte público coletivo, tão importante para o nosso dia a dia, para os nossos municípios, para as regiões metropolitanas. Esses dias da Arena ANTP foram produtivos. As ideias foram debatidas, as novidades foram colocadas, e as diferenças convergiram para novos passos nessa caminhada. Estou feliz por estar aqui, representando o ministério das cidades, representando o ministro Jader Barbalho Filho, representando a secretaria nacional de mobilidade urbana, e podendo conhecer um pouco mais de todos que estão aqui, podendo também trazer a nossa palavra de apoio e incentivo neste momento tão importante.

Technibus – A presença do secretário representa apoio político para o setor da mobilidade urbana, que está buscando caminhos?

Denis Andia – Sim, é um simbolismo muito claro, da atenção, do desejo que nós temos de desenvolver este setor. Trata-se de um setor tão sofrido nas últimas décadas, que viu a modelagem dos sistemas carecer de uma transformação, que viu um momento tão difícil como este período da pandemia – um setor que já convivia com alguma dificuldade e depois desse período de pandemia se fez necessário repensar o funcionamento disso tudo. E estar aqui, hoje, simboliza o desejo e o trabalho que nós fazemos no nosso dia a dia em Brasília, na secretaria nacional de mobilidade urbana, no sentido de buscar organizar, criar e oferecer ferramentas para que o setor possa se desenvolver.

Technibus – Quais são essas ferramentas?

Denis Andia – São ferramentas no campo da legislação – o novo Marco Legal do Transporte Público Coletivo –, que vai ser um grande avanço para o Brasil. Nós temos trabalhado muito nisso e agora, com a expectativa da entrada dele na seara política, dentro do Congresso, e para o debate e a convergência, mais uma vez, das ideias. Mas, ao mesmo tempo, são ferramentas de ordem prática, com algumas ações. No dia 25 de outubro de 2023, celebramos um acordo de cooperação técnica muito importante com o BNDES. São R$ 50 milhões dedicados a desenvolver dados, estudos e planejamento para o transporte público coletivo de média e alta capacidade no Brasil, permitindo que as prefeituras, os governos estaduais e o próprio governo federal possam todos olhar com clareza os desafios para as décadas que nós temos pela frente. Para podermos planejar com assertividade, para podermos saber para onde os investimentos públicos e privados devem ser canalizados nas próximas décadas.

Technibus – O senhor se refere ao programa que compreende as regiões metropolitanas brasileiras?

Denis Andia – São as 21 regiões metropolitanas com mais de um milhão de habitantes. É um levantamento de dados, um estudo, é uma catalogação dos projetos que o Brasil vai precisar nas próximas décadas, e é um subsídio de informações para tudo que vai ser desenvolvido em termos de projeto.

Technibus – Haverá algo semelhante para cidades de médio porte?

Denis Andia – As cidades de médio porte que convivem com os grandes desafios são aquelas que, embora a população local seja menor, estão inseridas dentro das regiões metropolitanas. Então, esse estudo já contempla os desafios dessas cidades. Porém, além do estudo, nós também temos algo importante e prático, recente, o Novo PAC. Trata-se de um conjunto de investimentos; nós estamos falando de R$ 48,8 bilhões. Só no setor de alta e média capacidade são R$ 27 bilhões para novos projetos. Temos R$ 14,5 bilhões para este primeiro período. Estamos recebendo os projetos, as ideias, de prefeituras, de governos estaduais, de consórcios, de regiões metropolitanas, para podermos fazer a seleção desses projetos e aportar recursos para sua implantação. Ou ajudar para que a sejam mais bem desenvolvidos como projetos de modo que, depois, possam receber os recursos. Então é um momento em que vamos conjugando alguns fatores que são importantes.

Technibus – Há também a perspectiva de modernização das frotas de transporte público.

Denis Andia – Sim, temos também no Novo PAC o estímulo à renovação das frotas, que é um eixo importante do programa. São R$ 6 bilhões para renovação da frota ainda no modelo Euro 6, mas também para eletromobilidade. Com relação à transição energética para a eletromobilidade, temos feito um trabalho no sentido de observar e buscar as informações com todos os segmentos – fabricantes, quem opera, os municípios – para levantar qual é demanda, de modo que possamos alavancar a escala, desenvolver a indústria, gerar emprego e, ao mesmo tempo, trabalhar uma curva de redução do custo unitário de cada veículo, para que a roda comece a girar, tornando essa alternativa mais acessível a todos.

Technibus – O que a secretaria nacional de mobilidade urbana já oferece em termos de eletromobilidade?

Denis Andia – Temos um estudo já pronto sobre implantação da eletromobilidade, disponibilizado para governos e entes públicos. Trata-se de um material desenvolvido em parceria com o Banco Mundial, que orienta a implantação da transição da matriz energética no transporte público para qualquer perfil de município. Também temos o financiamento, as linhas de crédito, para podermos desenhar nesse momento inicial uma troca gradativa de veículos diesel por veículos elétricos.

Acesse o documento sobre implantação da eletromobilidade:

GUIA ELETROMOBILIDADE

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