Arena ANTP 2023 começa com foco na transição energética

Na solenidade de abertura do congresso, autoridades, especialistas e representantes de entidades ligadas ao setor e de instituições financeiras destacaram a importância da mobilidade sustentável

Márcia Pinna Raspanti

A abertura da Arena ANTP – Congresso de Mobilidade contou com a presença de várias autoridades, especialistas e representantes de diversas entidades e segmentos ligados ao transporte coletivo de passageiros. A transição energética, que é um dos temas centrais do congresso, foi um dos assunto mais comentados neste primeiro dia. E no espaço de exposição do evento, os ônibus elétricos são as maiores atrações.

Aílton Brasiliense Pires, presidente da ANTP, lembrou a trajetória da associação, criada há 46 anos, e seu trabalho na construção de uma mobilidade mais sustentável e eficiente. “Nesse período, assistimos a um crescimento muito grande da região metropolitana de São Paulo, e surgiu uma série de questões que envolvem mobilidade e transporte público. Nosso objetivo é que a população possa circular nos grandes centros utilizando um transporte público de qualidade, tendo conforto, informação e previsibilidade do tempo de viagem”, comentou.

Bianca Bianchi Alves, gerente para América Latina do Banco Mundial, observou que a agenda para transporte público para a instituição é “uma agenda climática”. A executiva informou que os recursos aplicados em mobilidade para o Brasil são limitados. “Por isso, escolhemos estrategicamente as cidades que podem ser exemplos para a região e fazemos parcerias com outros bancos, como o BNDES e o BID. Também buscamos apoiar a indústria de ônibus elétricos”, disse.

Adalberto Maluf, secretário nacional de meio ambiente urbano e qualidade ambiental do ministério do meio ambiente e mudança do clima do Brasil, ressaltou que fatos recentes, como a seca na Amazônia e as enchentes na região sul, não deixam dúvidas sobre o estado de “emergências climáticas”. “Vivemos um momento de transformação, caminhando para uma economia circular, baseada em combustíveis de fontes renováveis e menos poluentes.”

Para Maluf, a eletrificação é um caminho sem volta. “E o Brasil precisa investir na produção de modelos elétricos para reconquistar os mercados latino-americanos, para os quais nossa indústria sempre forneceu ônibus, mas que agora estão comprando modelos elétricos de outros países.”

Felício Ramuth, vice-governador do estado de São Paulo, enfatizou os esforços do governo para avançar no setor de mobilidade e chamou a atenção sobre a necessidade de que as diferentes esferas do poder público e a iniciativa privada busquem soluções conjuntas. O vice-governador também anunciou a data em que o leilão do Trem Intercidades será realizado: 29 de fevereiro de 2024 (ano bissexto).

Painéis

O primeiro painel do dia foi Transição Energética: como será no Brasil, com a moderação de Flavia Consoni, professora da Unicamp, que enfatizou que há várias soluções disponíveis no Brasil para reduzir o nível da emissões, e que elas podem coexistir, mesmo porque o país tem realidades diferentes e as operações também são diversas.

Marcio D’Agosto, professor associado do PET/COPPE/UFRJ e presidente do Instituto Brasileiro de Transporte Sustentável (IBTS), disse que é preciso alocar os recursos de forma inteligente e planejada. “Não existe solução única. Temos uma matriz energética diversificada e algumas tecnologias disponíveis. Temos que pavimentar o caminho para essa transição energética sem perder o momento.”

André Brossel, diretor-executivo B2B na Raízen, afirmou que a eletrificação veio para ficar, mas é uma das soluções, entre várias, que podem usadas. “O bicombustível é muito importante, e o Brasil vai ser protagonista nessa área. O hidrogênio, por sua vez, é o combustível do futuro. Hoje os ônibus elétricos movido a bateria têm seu lugar, mas futuramente o movidos a hidrogênio devem avançar bastante”, acredita.

O painel Soluções para financiar a eletrificação de frotas de transporte público do Brasil, contou com a participação de Constantin Dellis, coordenador do projeto MobilInno do banco alemão KfW; Saskia Berling, diretora do KfW, e Sergio Avelleda, da Urucuia. O KfW financia projetos ligados à mobilidade e, em parceria com a agência Desenvolve São Paulo, realiza estudos técnicos para avaliar as possibilidades apoiar o processo de eletrificação.

“A Alemanha pode ajudar o Brasil a tornar o transporte público mais atrativo por meio de financiamentos. Identificamos inicialmente algumas barreiras para a ampliação da frota elétrica como o alto custo do capital; o risco da tecnologia, já que o TCO é difícil de ser calculado, e a própria rentabilidade do transporte público que é baixa”, citou Dellis.

Sérgio Avelleda detalhou que o levantamento realizado para o KfW aborda análises climáticas, diferentes modelos de negócio e mercado de carbono, entre outros tópicos. “O estudo investiga as possibilidades para financiamento da mobilidade elétrica em São Paulo”, sublinhou.

A Arena ANTP 2023 acontece até quinta-feira, 26 de outubro, no Transamérica Expo Center, na capital paulista.

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