Mercado de ônibus terá excelente resultado no último trimestre do ano

Com pedidos de modelos rodoviários fechados até o fim do ano e com a aprovação do programa Caminho da Escola, a estimativa da Fabus é que a produção de ônibus atinja 20 mil unidades neste ano, o que representa um aumento de 5% sobre o resultado de 2022

Sonia Moraes

O mercado de ônibus deverá atingir resultado bastante positivo no último trimestre de 2023, segundo projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus). “Não deverá recuperar a queda do segundo trimestre e do mês de julho, mas há uma tendência de melhora no último trimestre porque é o período que mais vende ônibus rodoviário e de turismo e estamos com a carteira de pedidos bem consistente”, revelou Ruben Bisi, presidente da Fabus, em entrevista exclusiva para a Technibus.

“O primeiro trimestre foi muito bom devido à antecipação de compras de modelos Euro 5. Mas o que provocou queda no segundo trimestre foi a dificuldade na entrega de chassis Euro 6, que demoraram para entrar na linha de produção das montadoras por causa da falta de componentes (os semicondutores) e isso atrasou o processo de homologação, por isso tivemos restrição no fornecimento dos veículos”, afirmou Bisi.

Além da boa perspectiva para o segmento de rodoviários, a Fabus conta com a aprovação do programa Caminho da Escola pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). “Esse é um fator importante para o mercado terminar o ano com bom desempenho. Ainda não temos a licitação, mas o governo já começou a definir a tabela de preço dos veículos com base nos preços dos modelos Euro 6 e estamos aguardando a licitação, que deverá ocorrer em duas semanas, e até a metade de setembro teremos o edital e o leilão dos lotes”, informou Bisi.

Agora, a compra de ônibus está fechada em 16,4 mil unidades, cinco mil ônibus a mais do que havia sido definido pelo FNDE, que era de adquirir 11,4 veículos escolares neste ano. A quantidade maior de modelos é para atender ao aumento de pedidos feitos por mais cidades. Em 2022, foram comprados sete mil veículos escolares por meio do programa.

Segundo a Fabus, os ônibus têm que ser entregues até julho de 2024. “Se a licitação sair em setembro é possível fabricar neste ano 1,5 mil veículos porque é fácil programar e produzir o ônibus escolar que tem um ciclo de produção bastante curto, de até dez dias. As montadoras estão se preparando, e as encarroçadoras têm capacidade para produzir os primeiros lotes. Pode ser que em novembro e dezembro tenhamos alguns veículos emplacados”, disse Bisi.

Com pedidos de modelos rodoviários fechados até o fim do ano e a aprovação do programa Caminho da Escola, a Fabus calcula que a produção de ônibus neste ano poderá chegar a 20 mil unidades,o que representará um aumento de 5% sobre o volume de 2022, que foi de 19,1 mil unidades, revertendo a queda de 7% esperada para este ano.

De janeiro a julho de 2023, as encarroçadoras produziram 11.741, aumento de 19,02% sobre os 9.865 veículos fabricados no mesmo período de 2022. Do total de ônibus fabricados até julho, os urbanos tiveram aumento de 37,17%, chegando a 6.676 unidades.

A quantidade de ônibus rodoviários cresceu 5,7%, totalizando 2.843 unidades. O volume de micro-ônibus atingiu 2.154 unidades, redução de 4,62% e os modelos intermunicipais somou 68 ônibus.

Melhora em todos os setores

O presidente da Fabus comentou que se houver definição sobre a pauta financeira, com a aprovação do arcabouço fiscal e tendo previsibilidade em relação ao que vai acontecer na economia, com a queda da inflação e da taxa de juros, poderá haver um destravamento de compras de todos os setores da indústria. “A previsibilidade vai dar noção para o empresário investir em médio prazo e trocar a frota de ônibus que está envelhecida, com idade média de oito anos, quando deveria ter cinco anos, exceto na cidade de São Paulo”, afirmou Bisi.

Segundo o presidente da Fabus, para que a idade média da frota de ônibus do país baixe para cinco anos, é preciso substituir imediatamente 31,5 mil veículos nas grandes cidades. “Isso é um potencial enorme de mercado”, afirmou.

Bisi disse ainda que a idade máxima da frota de ônibus urbanos, que era de dez anos, aumentou para 12 anos durante a pandemia porque as empresas tiveram dificuldades com a perda de passageiros e agora há oportunidade para renovar a frota. “Hoje o sistema está operando com 80%, índice abaixo do que era no período pré-pandemia. Perdeu 20% de passageiros, mas tem mais de 200 municípios que o poder público está subsidiando o transporte e temos 70 municípios com tarifa zero, bancando o transporte gratuito para a população. Com isso, o potencial de renovação vai aumentando.”

Renovação de frota

Sobre o programa de renovação de frota, o presidente da Fabus comentou que a expectativa é que seja prorrogado pelo governo. “O processo de sucateamento dos veículos começou em agosto. Nas encarroçadoras 60 ônibus já foram sucateados tem mais de 200 modelos para serem retirados de circulação.”

Para o segmento de ônibus foram destinados R$ 300 milhões. Deste total, R$ 180 milhões já estão reservados para as 18 empresas cadastradas – montadoras e encarroçadoras –, sendo destinados R$ 10 milhões para cada empresa. “Conforme a empresa consumir R$ 10 milhões tem o direito de pedir mais R$ 10 milhões”, explicou Bisi. O valor é distribuído por categoria de veículo, sendo o desconto de R$ 99.400 para o modelo rodoviário, R$ 70 mil para o urbano e R$ 60 mil para os micro-ônibus.

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