Os avanços e desafios do transporte rodoviário urbano de passageiros

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) apresentou uma pesquisa inédita com empresários do segmento; foi divulgado também o Anuário NTU 2022-2023

Márcia Pinna Raspanti, de Brasília

No primeiro dia do Seminário Nacional NTU 2023, foram apresentados dois estudos que fornecem um cenário bastante rico do transporte rodoviário urbano de passageiros no Brasil. A NTU divulgou seu Anuário 2022-2023, com dados da série histórica do setor e os principais investimentos realizados nos últimos 30 anos.

“A queda do número de passageiros é um problema que nos aflige, pois não conseguimos recuperar a demanda do período pré-pandemia, chegamos a 84% em média. Uma parte dos usuários que perdemos não voltará mais a usar o transporte público. Agora, o desafio é atrair novos clientes”, comentou Francisco Christovam, presidente-executivo da NTU.

Outra fonte de preocupação é o envelhecimento da frota, cuja idade média passou de cinco anos para oito anos, segundo o relatório da entidade, devido às dificuldades de renovação trazidas pela queda de arrecadação resultante da pandemia. “O aspecto positivo desta crise sanitária que enfrentamos foi a mudança de visão em relação à necessidade de subsídio ao transporte público. Hoje, 63 sistemas, que servem 163 cidades, já são subsidiados pelo poder público, e temos 89 municípios que praticam a tarifa zero. A diferença entre tarifa de remuneração e tarifa pública já tem sido bastante discutida”, observou.

Já a Pesquisa CNT Perfil Empresarial 2023 – Transporte Rodoviário Urbano de Passageiros, realizada pela CNT, com apoio da NTU junto às empresas do setor, mostra a situação dos operadores em relação a questões como remuneração, mão de obra, financiamento, segurança e sustentabilidade. As informações foram fornecidas por empresários do segmento de todas as regiões do país no primeiro semestre deste ano. Os resultados revelam que as empresas com mais de cem funcionários são maioria, representando 82,2% do total. A maior parte se concentra na região sudeste.

As principais dificuldades relatadas pelas empresa ouvidas na pesquisa são: preço do diesel e da manutenção da frota, pagamento de subsídios, carga tributária, transição para os veículos elétricos e falta de corredores exclusivos. “Não existe uma priorização do transporte público no Brasil”, afirmou Bruno Batista, diretor-executivo da CNT.

A pesquisa mostra que 36,2% das empresas têm a tarifa paga pelo usuário como a principal remuneração, e 51,1% não recebem subsídio público. Os empresários ouvidos também destacaram a questão da violência: 59,2% foram vítimas de assalto e 40,2% sofreram ato de depredação no último ano, sendo que uma em cada cinco (20,1%) tiveram veículos incendiados no período.
 

Francisco Chistovam (NTU) e Bruno Batista (CNT)

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