Uma apresentação do Attivi Integral, ônibus elétrico com chassis e carroceria desenvolvidos pela Marcopolo

A Marcopolo informa que tem condições de produzir mil unidades do Attivi Integral por ano, que se somariam a até dois mil ônibus elétricos que podem ser produzidos sobre chassis de parceiros

Alexandre Asquini

Em 20 de junho de 2023, na capital paulista, foi apresentado à imprensa especializada o projeto Attivi Integral, ônibus elétrico com chassis e carroceria desenvolvidos e fabricados pela Marcopolo. O modelo passará cumprir um cronograma de demonstrações em diferentes cidades do país. Já houve testes do Attivi Integral na capital de Goiás, a cidade de Goiânia; em Salvador, Bahia, e na cidade fluminense de Angra dos Reis. Estão previstas para os próximos meses operações assistidas em outras cidades brasileiras.

Permanentemente atenta ao mercado da mobilidade e ao desenvolvimento de novos produtos, a Marcopolo assegura que tem investindo de forma continuada em aprimoramento, tecnologia, design e expansão, dentro da ideia de apresentar soluções que possam contribuir para o avanço do transporte coletivo de passageiros. O desenvolvimento do Attivi Integral se enquadra nessa maneira de atuar.

Ricardo Portolan, diretor de operações comerciais, mercado interno e marketing da Marcopolo, assinala que o Attivi Integral representa a consolidação do desenvolvimento de uma solução completa de mobilidade urbana sustentável, o que inclui planos de serviços, atendimento pós-vendas e peças de reposição e, também, o sistema de recarga e manutenção das baterias.

Durante a apresentação, houve uma exposição sobre o processo de desenvolvimento do projeto Attivi Integral e o conjunto de testes realizados para garantir a confiabilidade do produto final, considerando as exigências do mercado internacional e as condições operacionais em muitos dos mercados dentro do Brasil e da América Latina.

Dois caminhos –

O projeto do Attivi Integral decorre de uma decisão estratégica tomada em 2018, portanto há cinco anos, quando a Marcopolo, percebendo tendências em debate no mercado internacional, considerou investir em soluções de descarbonização via eletrificação, percorrendo dois caminhos.

Um deles – que pode ser considerado natural – corresponde ao modelo de parcerias com fabricantes de chassis, nos moldes do que já acontece há muito tempo na produção de veículos de propulsão diesel. O outro caminho foi justamente o do desenvolvimento e fabricação integral de um novo veículo, com desenvolvimento e produção não apenas da carroceria, mas também dos chassis.

A Marcopolo assegura que, tendo em vista as perspectivas de mercado e também a transparência reinante nas relações de negócios, não haverá problema em a empresa ser, ao mesmo tempo, parceira e concorrente de fabricantes de chassis na produção de veículos elétricos. 

No momento, há 370 ônibus elétricos e híbridos com carroceria Marcopolo em chassis de parceiros circulando na Argentina, Austrália, Índia e também no Brasil, adotados nas cidades paulistas de Bauru, Campinas, São José dos Campos, Santo André e São Paulo e também em Belém (PA), Brasília (DF), Vitória (ES), Fortaleza (CE), Maringá (PR) e Volta Redonda (RJ).

A Marcopolo informa que tem condições de produzir mil unidades do Attivi Integral por ano, que se somariam a até dois mil ônibus elétricos que podem ser produzidos sobre chassis de parceiros.

Não se trata de protótipo –

Portolan fez questão de frisar que o veículo Attivi Integral apresentado, no qual os jornalistas puderam viajar por cerca de quinze minutos no entorno das instalações de Marcopolo, não é um protótipo.

“Nós já estamos numa fase de industrialização do produto; a Marcopolo fez isso, acreditando em todo o potencial que existe no Brasil. Fez investimentos na unidade industrial e já deu início da produção dos veículos”, disse o executivo, acrescentando que ao longo do restante de 2023 serão pelo menos 130 unidades disponíveis.

Dez dessas unidades serão destinadas desenvolver a intimidade do mercado, via demonstração a prefeituras, órgãos gestores e operadoras de transporte público urbano. Outras 20 unidades estão disponíveis para pronta entrega – um formato de venda já consagrado no caso dos veículos diesel. 

Os 100 veículos restantes serão produzidos sob encomenda, atendendo às especificações dos clientes. Isso significa que modelos vão contar com configuraçõesdiferenciadas e adaptáveis, capazes de atender às condições de operação e durabilidade exigidas pelas cidades brasileiras que buscam por soluções sustentáveis de mobilidade.

Estrategicamente, a Marcopolo acompanha o que acontece na maior cidade do país, já que a prefeitura de São Paulo pretende introduzir cerca de 2,6 mil ônibus elétricos já em 2024, e promover de forma gradativa a substituição dos outros mais de 11 mil ônibus diesel que continuariam circulando na grande metrópole.

Custos e financiamento –

Segundo informou Ricardo Portolan, em comparação com um ônibus diesel com características semelhantes, o Attivi Integral custa entre três e três vezes e meia mais, podendo chegar a quatro vezes. Essa diferença é em alguma medida compensada com fatores como a maior vida útil – 16 anos para o produto da Marcopolo contra cerca de dez anos normalmente considerados para veículos diesel – e certa economia ainda não completamente medida referente a redução de custos de manutenção.

O executivo da Marcopolo frisou ser relevante haver apoio governamental para possibilitar essa migração para a mobilidade elétrica, porque, de fato, há um custo maior do veículo elétrico. Ele diz que a diferença deve ser compensada em algum ponto de cadeia– seja na indústria, para a redução do custo produto, seja na operação, para tornar mais barata a prestação do serviço. “Temos pleiteado junto às nossas entidades representativas que se busque esse movimento governamental de apoio à transição para a mobilidade elétrica”.

Um estímulo ao segmento é o programa BNDES Finame – Financiamento de máquinas e equipamentos, destinado a financiar a aquisição de máquinas e equipamentos novos, inclusive para transporte; tais bens devem ser novos, de fabricação nacional e credenciados pelo BNDES. Outro programa é o BNDES Finame – Baixo Carbono, que inclui o financiamento da aquisição e comercialização de diferentes itens, entre os quais ônibus e caminhões elétricos. O Attivi Integral atende o percentual de produção local para obter 100% do financiamento do Finame, mas, conforme ponderou Portolan, mesmo que esses benefícios específicos sejam concedidos integralmente, não cobrirão a diferença de custos existente entre os ônibus diesel e elétrico.

FICHA TÉCNICA ATTIVI

  • Chassi Integral Low Entry com capacidade total de 20,6 mil kg
  • Capacidade – até 80 passageiros
  • Autonomia de até 250 km e Tempo de Carga de até quatro horas
  • Modelo de plug de carregamento utilizado no chassi PLUG CCS 2
  • Motor de tração Central com potência de 395 kW e torque de 2800Nm
  • Capacidade do Eixo Dianteiro – 7,6 mil k
  • Capacidade do Eixo Traseiro – 13,0 mil kg
  • Comprimento – até 13 m
  • Largura – 2,55 m
  • Freios a disco com ABS/EBS (Door Brake)
  • Direção eletro-hidráulica
  • Suspensão pneumática

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