Márcia Pinna Raspanti
Durante a primeira coletiva de imprensa do ano, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou o balanço do setor automotivo em 2022 e apresentou suas projeções para 2023. O ano passado foi um período de recuperação e bons resultados para a indústria de ônibus, um setor que foi castigado duramente pela pandemia de covid-19.
A produção em 2022 foi de 31,7 mil ônibus, um número 67,7% superior ao registrado em 2021, quando foram fabricados 18,9 mil veículos. Nas vendas, o setor também registrou resultados favoráveis: 17,4 mil ônibus foram emplacados em 2022, o que significa uma expansão de 23,4% em relação ao ano anterior, com 14,1 mil veículos.
O programa Caminho da Escola foi importante neste cenário, com 33% dos ônibus emplacados, enquanto o segmento de urbanos absorveu 27%. Os micro-ônibus corresponderam a 15% do total, os rodoviários 13%, os miniônibus 7% e os modelos para fretamento 5%. Foram emplacados ainda 1.105 veículos pesados (caminhões e ônibus) elétricos (749 unidades) e a gás (356), enquanto em 2021, foram 408 emplacamentos (313 elétricos e 215 a gás).
Nas vendas para o mercado externo, o segmento de ônibus também cresceu, com uma expansão de 23,1% e 5.213 veículos exportados em 2022 – no ano anterior, 4.234 ônibus tinham sido comercializados. Para Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, o ano foi positivo para o setor automotivo em geral. “Com as restrições de fornecimento amenizadas no segundo semestre, 2022 se manteve no patamar esperado para vendas e superou as projeções para produção e exportação”, comenta.
Para o mercado automotivo como um todo, as exportações cresceram 27,8% sobre 2021, apesar de algumas dificuldades em relação à Argentina, maior parceiro comercial do Brasil. Por outro lado, avalia a Anfavea, o crescimento dos embarques para todos os outros mercados latino-americanos, em especial México, Colômbia e Chile, permitiram um bom resultado no ano. Em valores, as exportações tiveram alta ainda maior, de 37,6%, por conta do envio mais significativo de veículos com maior valor agregado, como SUV, caminhões e ônibus.
PROJEÇÕES –
Os problemas de abastecimento de componentes como semicondutores, a alta taxa de juros e a mudança para a tecnologia Euro 6, que traz aumento de preços dos veículos, levaram a entidade a fazer projeções bastante “tímidas” para 2023, como definiu Lima Leite. Para o setor de pesados, a expectativa é de queda de 11,1% nos emplacamentos, recuo de 20,4% na produção e de 8,7% nas exportações. “O cenário atual nos leva a essas projeções, que podem ser superadas. O Brasil tem condições para isso”, avalia.
O presidente da Anfavea destacou que o Brasil tem uma série de lições de casa a serem feitas para que o mercado volte a crescer com mais intensidade. “A questão do crédito é o tema mais urgente a ser atacado. Precisamos de juros mais baixos para atrair mais compradores para os veículos novos, sobretudo os modelos de entrada. Além disso, temas como a reindustrialização e a descarbonização nos impõem desafios e oportunidades. Vamos continuar mantendo o diálogo com os novos governantes em nível federal e estadual, além dos parlamentares, de forma a contribuir para o fortalecimento da nossa indústria ante uma conjuntura global cada vez mais competitiva.”
DEZEMBRO-
Em dezembro do ano passado, alguns fatores como férias coletivas das montadoras, Copa do Mundo e a mudança iminente para a tecnologia Euro 6, impactaram a produção do mês no mercado de ônibus. Em relação a novembro, a queda foi de 41,7%, com 1,7 mil ônibus fabricados – em novembro foram três mil. Já em comparação com dezembro de 2021, quando saíram das fábricas 1,4 mil veículos, o crescimento foi de 22,1%.
Nos emplacamentos, dezembro de 2022 apresentou alta de 30,9% (com 2,3 mil ônibus emplacados) em comparação ao mês anterior, que registrou 1,8 mil veículos. Em relação a dezembro de 2021, o aumento foi de 94,9%, quando foram emplacados 1,2 mil ônibus. Na exportação, houve aumento de 29,3% na comparação entre dezembro (375 ônibus exportados) e novembro (290 unidades). Em relação a dezembro de 2021, quando foram vendidos 588 ônibus para o exterior, houve recuo de 36,2%