Sonia Moraes
A Volvo espera fechar 2022 com bom desempenho no mercado brasileiro e no exterior. “Este ano está sensacional para a Volvo, e no segundo semestre vamos ter uma explosão de exportação e vendas no mercado interno com a grande demanda de ônibus com motor Euro 5”, disse Fabiano Todeschini, presidente da Volvo Buses América Latina, em entrevista exclusiva para a Technibus durante a Lat.Bus 2022.
“As empresas do segmento rodoviário que conseguiram se capitalizar com a retomada do mercado depois da pandemia estão vendo vantagem de trocar a frota este ano para não pagar 15% mais o caro o modelo com motor Euro 6”, comentou Todeschini.
No acumulado de janeiro a julho, a Volvo vendeu 249 ônibus no mercado brasileiro, 2,5% a mais que no mesmo período de 2021, ficando em quarto lugar no ranking de vendas do setor.
Para a cidade do Rio de Janeiro, a montadora vendeu 100 ônibus articulados que irão recompor o sistema BRT, que está sendo revitalizado pela prefeitura. Os dois primeiros veículos já estão sendo encarroçados e todos serão entregues até o fim deste ano. Na cidade de São Paulo a negociação envolveu 220 veículos que foram vendidos para diferentes operadores. E para Santiago, no Chile, a empresa vai exportar 600 ônibus.
Todeschini destacou que o segmento rodoviário está com grande demanda no mercado brasileiro. “O nosso produto está dando um salto. O market share do rodoviário no Brasil, que oscilava de 13% a 14%, atingirá neste ano 23%, quase o dobro do nosso histórico dos últimos anos.”
Para o segmento rodoviário, a Volvo vai disponibilizar a partir de janeiro de 2023, o modelo B510R, que foi apresentado na Lat.Bus. Com os novos motores de 13 litros, que atendem as normas de emissões Euro 6, e os avanços tecnológicos, o novo modelo está mais potente e consome 9% menos combustível.
Sistema global de exportação-
Em seu histórico de dez anos, a Volvo tem 65% das vendas representadas pelas exportações que são realizadas em sistema global, com a participação da fábrica de Curitiba, Paraná, e de Borås, na Suécia, nas negociações. Do total exportado, 60% são modelos urbanos e 40% rodoviários. “O rodoviário é uma venda estável, com cerca de 700 chassis exportados todo ano – sendo 150 para a Chile, 150 para o Peru e em torno de 400 a 450 para a Argentina – e o urbano é uma negociação esporádica porque depende de licitação”, disse Todeschini e acrescentou: “A estrutura da fábrica de Curitiba está desenhada para que a empresa consiga a rentabilidade básica somente com exportação e aproveita os picos de vendas de urbanos para complementar.”
Com o sistema global de atuação, a produção dos ônibus destinados para exportação pode ser feita pela fábrica de Curitiba ou da Suécia.
“Temos duas formas de exportação – uma que sai da fábrica de Curitiba e outra que é referente à venda que realizo na América Latina fora o Brasil – e o veículo pode vir da Suécia ou do Brasil, mas a negociação é 100% feita pelo Brasil. As vendas para a África não é uma negociação feita pelo Brasil, mas os ônibus são produzidos na fábrica de Curitiba”, esclareceu Todeschini.
“No ano passado, vendemos 400 ônibus para o Congo e a fábrica de Curitiba entra neste pacote como planta negociadora porque o veículo sai de Curitiba. Isso foi uma evolução que tivemos ao longo do tempo, porque antes a América Latina era atendida pelos veículos fabricados no Brasil e hoje quando finaliza uma venda para a América Latina os veículos saem de onde tiver maior rentabilidade porque a Volvo criou um sistema global de produção”, detalhou o presidente.
Dos 564 ônibus que a Volvo vendeu para Santiago, no Chile – na licitação realizada em 2021 e finalizada no início de 2022 –, os 472 modelos convencionais serão produzidos em Curitiba e os 92 articulados na Suécia. “Às vezes, produzimos ônibus em Curitiba que vão para o Marrocos, África, Oriente Médio, África do Sul. É um sistema de planta global que eu consigo balancear a produção”, revelou Todeschini.
Outro exemplo é referente ao motor Euro 6 que, apesar de a nova legislação de emissões entrar em vigor no Brasil em 2023, este propulsor já está em produção na fábrica de Curitiba há dois anos para atender a demanda do Chile e complementar a produção da Europa. “Este sistema flutuante ajuda muito a evitar a ociosidade da fábrica”, destacou o presidente.
Os encarroçadores brasileiros também ajudam manter as atividades da fábrica de Curitiba com as suas exportações. “Quando os veículos são exportados pela Marcopolo e a Caio normalmente os chassis são feitos em Curitiba. Mas quando tem várias importações temporárias que vem da Suécia o chassi vai direto para a fábrica da Marcopolo e a da Caio”, disse Todeschini.