Sonia Moraes
A Prometeon se prepara para lançar, ainda no segundo semestre deste ano, um pneu exclusivo para ônibus elétrico urbano. Sem dar mais detalhes sobre o modelo 295/80 R de 22,5, Luiz Mari, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Prometeon para as Américas, falou em entrevista exclusiva para a Technibus que a empresa vem trabalhando há muitos anos para acompanhar a tendência da eletrificação no mercado.
“Já começamos a ver no segmento urbano um movimento de migração para veículos elétricos e híbridos, e isso tem aumentado as exigências em relação ao consumo de combustível e emissão de CO2. O pneu para veículos elétricos será destacado pela autonomia e não mais pela quilometragem.”
Com a mobilidade em todo o mundo focada na sustentabilidade, aumenta a procura por veículos híbridos e elétricos. “Por ter características diferentes dos modelos a combustão, esses veículos vão demandar pneus mais leves e robustos, pois já partem com uma carga superior (a bateria) e precisam de pneus mais resistentes. São veículos maiores, têm torque maior e não emitem poluentes e nem ruídos. Então, o ruído gerado pelo pneu começa a se sobressair em relação ao barulho do motor”, explicou Mari.
Atenta a essa tendência, a Prometeon tem investido na inovação, procurando utilizar materiais que irão garantir maior performance ao seu produto, como o grafeno e nanotubos de carbono, que são mais leves. Com isso, a empresa busca um equilíbrio melhor em relação ao desempenho.
“A Prometeon caminha cada vez mais em direção de materiais sustentáveis, migrando de matéria-prima derivada de petróleo para as provenientes de fontes renováveis. Como exemplo, temos a sílica extraída da cinza da casca de arroz, que substitui a sílica tradicional, proveniente de areia; o bagaço da cana-de-açúcar e óleo de soja, que substitui as resinas provenientes de petróleo. A empresa também utiliza quase 25% de borracha natural extraída de fonte renovável, mantendo grande foco nos fornecedores locais, e está desenvolvendo clones para conseguir melhorar cada vez mais a qualidade dessa matéria-prima”, detalhou Mari.
Com foco no desenvolvimento de parceiros locais, a Prometeon adquire 70% de matéria-prima para a fabricação dos seus pneus de carga no Brasil. “E a tendência é que aumente mais porque isso traz solidez e segurança para a empresa, além da maior proximidade com a cadeia produtiva que são os fornecedores”, destacou o diretor.
No Brasil, a Prometeon possui um dos principais centros de pesquisa e tecnologia do grupo, que foi herdado da Pirelli, e está localizado em Santo André (SP). Para estar inserida no ecossistema de inovação, a empresa mantém parcerias com institutos de pesquisas, órgãos governamentais, montadoras e universidades no Brasil e no exterior. “Essa é a base de desenvolvimento dos nossos produtos”, disse Mari.
Com os avanços alcançados pelo seu centro de pesquisa e desenvolvimento, o resultado do trabalho de simulação, que antes demorava de três a quatro dias, hoje é obtido em horas. O desenvolvimento de um pneu, que necessitava de três a quatro anos, hoje leva em torno de 12 a 24 meses.