Sonia Moraes
A Marcopolo vai apresentar o Attivi, primeiro ônibus elétrico com chassi próprio da marca, na Expo Foro, feira que acontece entre 1 e 3 de junho na Cidade do México. “Vamos lançar um ônibus novo no México, com carroceria específica para o segmento elétrico. Além de mais resistente, a carroceria está mais leve para compensar o peso das baterias”, afirmou à Technibus André Armaganijan, diretor de negócios internacionais, de operações comerciais e mercado externo da Marcopolo.
A empresa também vai mostrar para o México o ônibus rodoviário Geração 8, modelo que inicialmente será exportado do Brasil, mas a Marcopolo já tem planos de começar a produção local. Antes mesmo do lançamento deste veículo, já foram comercializadas cerca de 20 unidades do modelo no mercado mexicano.
O desenvolvimento de veículos elétricos e híbridos para redução da emissão de gases poluentes também faz parte das estratégias da Marcopolo para ampliar a presença no mercado internacional. “A eletrificação ocorre mais rapidamente no mercado externo, e isso abre oportunidades para a empresa. Na América Latina, o Chile e a Colômbia têm se destacado com maior quantidade de ônibus elétricos por terem acelerado o processo de eletrificação”, disse o diretor.
Na Austrália, a Marcopolo tem a sua marca nos elétricos destacada pela Volgren, que já produziu mais de 50 ônibus. Na Colômbia, são mais de 400 ônibus elétricos produzidos pela empresa circulando no país. “No mercado colombiano, oferecemos a carroceria, e o parceiro chinês o chassi, sendo que o acoplamento do ônibus é feito na fábrica da Superpolo”, explicou Armaganijan.
Os mercados chileno e mexicano começam a se movimentar em direção à eletrificação. No Chile, a Marcopolo ainda não colocou ônibus elétricos em operação no transporte urbano, mas para o segmento de mineração, já vendeu mais de 70 micro-ônibus elétricos. “São ônibus que circulam dentro da mina e a solução elétrica tem vantagem em relação à qualidade do ar”, comentou o diretor.
Na eletrificação, o modelo de negócios é diferente, pois envolve todo um ecossistema que inclui a empresa fornecedora de energia, de bateria e de carregadores. “Para o segmento elétrico, não se oferece somente o ônibus, mas todo o sistema de gestão. No Brasil a Marcopolo vem fazendo várias parceiras neste setor para oferecer solução completa aos mercados”, explicou o diretor.
A estimativa da Marcopolo é ter, no fim deste ano, 770 ônibus elétricos em circulação em vários países, incluindo o Brasil. Atualmente, já circulam 370 veículos elétricos e híbridos em diversos mercados como Colômbia, Austrália e Índia. No Brasil, são 75 veículos. Até o final deste ano, serão outras 400 unidades na América Latina.
Novos mercados-
Com o mercado brasileiro ainda fragilizado por causa da pandemia, a Marcopolo continua prospectando novos mercados. Além da América Latina onde tem presença forte, a África e o Oriente Médio são regiões em que a empresa tem feito investimentos. “Estamos conseguindo bons resultados, seja aumentando participação onde já atuamos ou abrindo novas frentes em novos mercados”, afirmou Armaganijan.
A meta da empresa é continuar crescendo, garantir a participação majoritária na América Latina e explorar oportunidades no mercado africano e Oriente Médio. “Como empresa global estamos olhando para todos os lados, mas no curto prazo o maior resultado esperado é na América Latina, África e Oriente Médio. Temos pretensões também de continuar crescendo na Ásia e estamos olhando com atenção o mercado americano para ver as oportunidades que surgem”, disse o diretor.
No Oriente Médio, com a proximidade da Copa do Mundo 2022, a ser realizada no Catar, e as perspectivas de aumento dos turistas na região, já ocorre movimentação do segmento de transporte coletivo, sendo um dos mercados em ascensão para a companhia. “Este mercado, o qual estivemos fora alguns anos, retomou as compras de ônibus da Marcopolo, tanto os modelos rodoviários quanto de fretamento para o transporte de pessoas”, revelou Armaganijan.
O continente africano também é importante para a marca. “Em 2021, fornecemos 470 ônibus para a cidade de Abidjan, localizada na Costa do Marfim, e mais 100 unidades para Johanesburgo, na África do Sul. Para a África do Sul, nossa operação produziu 240 veículos no último ano, aumento de 41,2% em relação a 2020”, disse o diretor.
Para abastecer os mercados africanos, a Marcopolo não depende de exportação do Brasil e tem usado cada vez mais as suas fábricas da China e da África do Sul. Esse modelo global de manufatura de produção, segundo o diretor, tem permitido à empresa buscar a solução mais alinhada com a necessidade do mercado e estar mais competitiva para entrar nesses países, seja na América Latina, África e Ásia. “Com as dificuldades nas cadeias globais, temos um benefício porque grande parte do nosso fornecimento está próximo de nossas fábricas”, destacou Armaganijan.
No mercado internacional, a Marcopolo atua de diversas formas, enviando para suas fábricas ônibus completos (CBU), completamente desmontado (CKD) e completo sem o chassi (PKD), fazendo o acoplamento no local. “Essa variedade de soluções é um benefício que permite a empresa manter essa flexibilidade de continuar buscando novos modelos de atuação em mais mercados internacionais”, disse Armaganijan.
Na Argentina, depois de ampliar a fábrica de Rosário, que fabricava somente ônibus rodoviários, e incluir os modelos urbanos Torino, a Marcopolo apresentou crescimento de 263,4% no volume de veículos produzidos em 2021 em relação a 2020. “Também fizemos amplo trabalho de localização, com a redução de compras de itens importados e o desenvolvimento da cadeia local de fornecimento”, destacou o diretor.
A Marcopolo conta com seis fábricas instaladas na China, Argentina, Colômbia, México, Austrália e África do Sul, que empregam 2.571 funcionários. O Brasil, onde está a sede da Marcopolo, participa de todas as operações da companhia no exterior, fornecendo know how e tecnologia. “É uma fábrica muito forte com opções de exportar em CBU, CKD e PKD”, disse Armaganijan.
Resultados–
Com atuação global, a Marcopolo já sente os reflexos da retomada de vários mercados, com avanços nas vendas para os países latino-americanos, Oriente Médio e continente africano. No primeiro trimestre de 2022 aprodução direcionada ao mercado externo totalizou 369 unidades, garantindo uma receita líquida de R$ 379,2 milhões, 13,7% da receita líquida.
“O mercado externo reflete o grande potencial da Marcopolo internacionalmente. A produção das fábricas fora do Brasil e as exportações contribuíram para que a companhia fechasse o primeiro trimestre com lucro de R$ 98 milhões”, revelou Armaganijan.
Neste período, a empresa exportou 364 ônibus a partir do Brasil, o que representou 13,4% da receita líquida. Somente com o Chile, a empresa fechou o maior contrato de exportação deste ano para fornecer 391 novos ônibus Torino para o sistema de transporte público urbano de Santiago.