Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e serviços da Volkswagen Caminhões e Ônibus: “Projetamos um crescimento de 10% para o mercado de ônibus este ano, mas vai depender da intensidade das dificuldades e das oportunidades”

Na avaliação de Alouche, 2022 será mais difícil para o mercado de ônibus no primeiro semestre e um pouco mais confortável no segundo.

Technibus – Qual a estimativa da Volkswagen Caminhões e Ônibus para o mercado de ônibus em 2022?

Ricardo Alouche – Projetamos um crescimento de 10%, a mesma estimativa da Anfavea, mas vai depender da intensidade das dificuldades e das oportunidades que o setor terá neste ano.

Technibus – O que faz a empresa acreditar em um crescimento do setor neste ano?

Ricardo Alouche – Além da necessidade de renovação de frota que não ocorreu nos últimos dois anos, há a fidelidade no contrato de concessão, em que as operadoras precisam manter a frota em idade média adequada. Tudo indica que o mercado de ônibus tem potencial para ampliar as vendas em 2022, fechando o ano com resultado melhor do que foi 2021 e 2020.

Technibus – A nova regulamentação do Proconve P8 também ajudará o setor?

Ricardo Alouche – Sim. Em 1º janeiro de 2023, passará a vigorar a regulamentação do Proconve P8, a Euro 6 no Brasil, e isso fará com os empresários antecipem as compras, pois com a nova motorização, o custo dos ônibus terá um incremento de 10% a 15% por conta da nova tecnologia de emissões e, consequentemente, dos componentes necessários para integrar essa nova tecnologia. Então, alguns empresários já concluíram e outros irão concluir que o momento de comprar é neste ano. 

Technibus – Existem outros fatores que aquecerão o mercado de ônibus neste ano?

Ricardo Alouche – Além das eleições que aquecem o mercado de ônibus com a abertura de licitações públicas e mais pedidos de modelos urbanos, teremos no primeiro semestre mais uma rodada de licitação do programa Caminho da Escola para a compra de cerca de 3,1 mil ônibus. (O FNDE suspendeu a licitação e o mercado aguarda a sua retomada. Saiba mais: http://FNDE suspende a licitação do Caminho da Escola)

Technibus – Quais os desafios que serão enfrentados pela indústria neste ano?

Ricardo Alouche – O grande desafio do setor é a capacidade de crédito que está muito limitada porque a inadimplência está bastante elevada e isso tem causado uma dificuldade adicional na venda de ônibus no último trimestre e no mês de janeiro. A taxa de juros é outro fator que preocupa porque está subindo demasiadamente e os preços dos chassis serão reajustados como consequências do aumento de custos de peças. O que também preocupa é a falta de componentes, começando pelos chips, e outros tipos de peças eletrônicas, além de aço e pneus.

Technibus – A indústria está preparada para esses desafios?

Ricardo Alouche – Apesar das necessidades do mercado, a indústria não terá capacidade para atender toda a demanda que se vislumbra para este ano. E será mais difícil no primeiro semestre e um pouco mais confortável no segundo.  

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