Sonia Moraes
As vendas de ônibus apresentaram redução de 33,1% em setembro, com 854 veículos emplacados, na comparação com agosto, que teve 1.276 veículos comercializados no país, se destacando como o pior setembro desde 2016.
Marco Saltini, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), afirmou que essa queda já era esperada para o segmento mais afetado pela pandemia e que ainda não apresenta reação. “O setor teve volumes expressivos por causa do programa Caminho da Escola e ainda tem alguns veículos da última licitação sendo licenciados”, esclareceu.
Segundo Saltini, em setembro, o programa Caminho da Escola respondeu por 21% do licenciamento total de ônibus no país, o rodoviário por 15%, os modelos urbanos 18%, fretamento 12,5% e micro e miniônibus por 33%. “Mas são volumes ainda baixo em função dessa situação do segmento mais fragilizado.”
No acumulado de janeiro a setembro, as montadoras venderam 10.938 chassis de ônibus no mercado brasileiro, um volume 9,7% superior aos 9.970 veículos emplacados nos nove meses de 2020. “Mas se a gente olhar nos anos anteriores, 2019 e 2018, o crescimento que vinha acontecendo no mercado de ônibus estagnou, mas há expectativa de que a licitação do Caminho da Escola realizada na metade deste ano comece aparecer no licenciamento do fim deste ano, tendo alguns números em dezembro”, disse Saltini.
Exportações
As exportações de setembro ficaram 35,5% abaixo de agosto, com o embarque de 247 ônibus. De janeiro a setembro, houve aumento de 1,2% na comparação com o mesmo período de 2020. Segundo a Anfavea, foram comercializados no mercado internacional 2.850 ônibus até setembro de 2021, ante 2.817 vendidos nos nove meses de 2020.
Do total, foram exportados 1.982 ônibus urbanos de janeiro a setembro, 43,5% a mais que nos nove meses de 2020, quando foram embarcados 1.381 veículos para o exterior. De modelos rodoviários foram 868 veículos exportados, 39,6% abaixo de janeiro a setembro de 2020, que teve 1.436 unidades vendidas no mercado internacional.
Produção
Diante do fraco desempenho registrado no Brasil e no exterior, a produção de setembro ficou 20,7% abaixo de agosto (1.510 unidades) e atingiu 1.198 unidades. Comparado a setembro de 2020 (1.959 unidades) a redução é de 38,8%. Segundo Saltini, esse resultado sofreu influências do programa Caminho da Escola, que no ano passado, principalmente no segundo semestre, tinha volumes sendo entregues.
“Agora estão começando a serem produzidos os primeiros veículos dessa nova licitação e que vão chegar no mercado encarroçados no fim do ano”, informou.
No acumulado de janeiro a setembro, o setor fechou com alta de 4,9%, com 14.565 chassis montados, ante os 13.884 veículos fabricados nos nove meses de 2020. Mesmo assim, Saltini considerou o resultado bem inferior a produção acumulada de 2018 e 2019. “O mercado de ônibus continua bastante impactado e a expectativa é de que com a nova licitação do Caminho da Escola se consiga uma melhoria mais significativa no próximo ano.”
Do total de ônibus produzidos até setembro, 12.645 são modelos urbanos, 10,2% a mais que no mesmo período de 2020 (11.478 unidades) e 1.920 unidades são de rodoviários, 20,2% a menos que nos nove meses de 2020, que teve 2.406 veículos produzidos.
Ranking-
No ranking de janeiro a setembro, a liderança ficou com a Mercedes-Benz com a venda de 4.296 ônibus, 15,1% abaixo do mesmo período do ano passado (5.058 unidades). O segundo lugar ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que vendeu 3.127 veículos até setembro de 2021, o que representa 11,8% a mais na comparação com o mesmo período do ano anterior (2.797munidades). Em terceiro ficou a Agrale, que comercializou 2.112 ônibus, 86,9% a mais que nos oito meses de 2020 (1.130 unidades).
Na sequência, está posicionada a Iveco com 934 ônibus vendidos até setembro 289,2% a mais que no mesmo período do ano anterior, quando vendeu 240 ônibus. A Volvo comercializou 297 ônibus, 13,2% a menos; e a Scania, que registrou a venda de 142 veículos vendidos, com redução de 48,9%.
Elétricos e a gás
Incluindo caminhões e ônibus, o número de emplacamento de modelos elétricos e gás vem aumentando no país, segundo a Anfavea. De 76 veículos licenciados em 2019 (dez a gás e 66 elétricos) o volume chegou a 86 unidades em 2020 (45 a gás e 41 elétricos) e saltou para 167 unidades de janeiro a setembro de 2021, sendo 46 modelos a gás e 121 elétricos.
Previsão
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, comentou que dá várias crises que o setor automotivo já enfrentou, essa provocada pela pandemia tem trazido alguns transtornos, inclusive para planejar e dar uma dimensão de como o setor poderá fechar o ano.
Para o segmento de veículos pesados, a projeção mais conservadora aponta para um volume de 173 mil veículos produzidos (caminhões e ônibus), o que representará um crescimento de 58% sobre 2020, quando foram fabricados 109 mil veículos. Em um cenário melhor a estimativa é de que o setor feche o ano com 175 mil veículos produzidos, 60% a mais que no ano anterior.
As vendas de veículos pesados devem crescer 27%, chegando a 132 mil veículos em uma projeção conservadora, ou avançar 33%, chegando a 138 mil veículos. As exportações aumentarão 45%, chegando a 25,2 mil unidades ou crescerão 50%, atingindo 26,1 mil unidades.
Segundo Moraes, as montadoras estão fazendo todos os esforços na logística, recorrendo até ao transporte aéreo, para manter a produção em alta no último trimestre do ano para atender a demanda que há no mercado.