Technibus – Que temas a senhora destacaria no II Fórum do Transporte Sustentável? Qual a relevância de eventos como este?
Silvia Barcik – Eventos como este são essenciais para que especialistas tenham espaços para a discussão de boas práticas, inovações e novas soluções em prol das pessoas e da sociedade. Eles mostram que existem pessoas e instituições debatendo sobre o assunto e pensando no futuro. Eu acho muito interessante compartilhar os cases de sucesso e o que está sendo executado, para que surjam novas ideias. Além disso, é importante envolver e engajar a população nesse debate, bem como outras empresas e instituições. O hiperlocalismo, tendência muito usada no jornalismo de concentrar-se em temas e discussões de interesse local, também deve participar do debate. Existe cada vez mais a necessidade de pensar os modelos de transporte e as soluções de transporte e mobilidade não apenas em grandes cidades, mas também em empresas, bairros e comunidades.
Technibus – Quais as maiores tendências em mobilidade sustentável no cenário brasileiro atual?
Silvia Barcik – O Brasil ainda tem um longo caminho para ter uma mobilidade completamente sustentável, mas os primeiros passos já foram dados. Sem dúvida, a mobilidade elétrica é uma das protagonistas deste movimento, assim como o transporte público e compartilhado. O vec Itaú, serviço de compartilhamento de veículos elétricos, reforçou nossa agenda de pioneirismo tecnológico e social. Carros elétricos, bicicletas e veículos de transporte público elétricos e híbridos são eficientes e sustentáveis, além de ser uma tendência global que acompanhamos de perto e pretendemos conduzir a discussão aqui no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), só em 2020 a venda de veículos elétricos no país aumentou mais de 66% em relação a 2019, saltando de 11.858 unidades para 19.754, e isso já demonstra um grande avanço.
Technibus – Como as empresas têm encarado as demandas da sociedade e do mercado na busca por mais sustentabilidade no transporte e na mobilidade?
Silvia Barcik – A pandemia nos fez antecipar discussões e projetos sobre diversos temas e vários deles estão relacionados à mobilidade. Várias iniciativas já foram tomadas atendendo às necessidades específicas da população, como a acessibilidade. É necessário ter atenção aos diversos tipos de modais, para diferentes populações e faixas etárias. Outro assunto avaliado é a geração de renda. Por ela, é possível entender como os transportes também podem ser um importante aliado ao aumento da renda populacional. Ainda há muito que se evoluir no assunto, mas as empresas, de modo geral, já entenderam a sua responsabilidade social e estão agindo para facilitar esse avanço. Aqui no Itaú, por exemplo, temos as bikes compartilhadas, o vec Itaú e o recente lançamento da plataforma de conteúdo sobre mobilidade WTW Play, desenvolvida em parceria com a Welcome Tomorrow.
Technibus – Qual o papel do transporte público em uma cidade sustentável?
Silvia Barcik – As cidades precisam de meios de transporte acessíveis, eficientes, limpos, seguros e que ajudem a reduzir os congestionamentos. E o transporte público, combinado a outras modalidades, tem papel fundamental nisso. Uma rede intermodal inteligente e sustentável ajuda a melhorar a qualidade de vida das pessoas, com impactos positivos sobre a qualidade do ar, o clima, os tempos de deslocamentos e até o humor das pessoas. Ressaltamos que não há uma solução única de modal para todas as cidades. Os serviços de mobilidade são customizados ou personalizados para cada local.
Technibus – Com a pandemia, muitas questões relativas ao transporte de passageiros se tornaram centrais, como digitalização, compartilhamento, segurança e higiene, novos modelos de financiamento e arrecadação. A senhora acredita que as mudanças devem permanecer mesmo após a crise sanitária?
Silvia Barcik – Sem dúvida. A pandemia apenas antecipou as discussões e a necessidade de pensarmos em novos modelos de mobilidade urbana, com cada vez mais participação de pilares como digitalização, compartilhamento, segurança, entre outros. Em paralelo, os brasileiros estão cada vez mais receptivos a mudar os hábitos e testar novas experiências, como a de dirigir veículos movidos pela eletricidade. No entanto, mudanças mais significativas e estruturais na forma como as pessoas vão se locomover dependerão de vários fatores de ordem econômica, social e comportamentais.
Technibus – Deve haver uma aceleração nestes processos que vinham se desenhando no setor de mobilidade?
Silvia Barcik – Acredito que este seja o começo de uma grande transformação a que vamos assistir nos próximos anos, com maiores investimentos em infraestrutura, aceleração digital e inovação. Estamos nos preparando para atuar cada vez mais com as novas tendências automotivas, que envolvem carros elétricos, híbridos, compartilhados e conectados. Nossas estratégias baseiam-se na inovação colaborativa e no ecossistema. O Itaú se posiciona como uma plataforma que une os parceiros interessados em viabilizar o acesso às soluções de mobilidade sustentável para todos.
Mais informações: II Fórum Transporte Sustentável