Pregão de ônibus escolares traz alento para o setor

Apesar de a proposta de compra de sete mil ônibus pelo FNDE não trazer retorno imediato ao mercado, a expectativa das encarroçadoras é de que a produção dos veículos comece entre outubro e novembro deste ano, resultando em um volume maior no primeiro semestre de 2022

Sonia Moraes

A primeira etapa do pregão do FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação), autarquia ligada ao Ministério da Educação, para a compra de sete mil ônibus escolares foi comemorada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus), que espera um impacto positivo para o mercado que ainda está paralisado por causa dos efeitos causados pela pandemia da Covid-19.

“Ainda estamos entregando as últimas unidades de ônibus do programa Caminho da Escola de 2019 e esta fase está terminando. Se não houvesse o novo pregão, o setor teria mais problemas”, comentou Ruben Antonio Bisi, presidente da Fabus.

Após a entrega das propostas de preços para os sete mil ônibus do programa Caminho da Escola ao FNDE, as fabricantes preparam agora a documentação técnica dos veículos e aguardam a homologação dos protótipos.

Bisi lembrou que o setor de ônibus está produzindo 50% a menos do que produzia há dois anos. “De janeiro a maio, as encarroçadoras montaram 5.268 ônibus, sendo 1.050 por mês. Em 2019, a produção era de 9.228 veículos e o volume mensal de 1,8 mil veículos”, comparou o presidente da Fabus.

Apesar de a realização do pregão ser considerada um alento, não trará retorno imediato para o mercado de ônibus, pois os sete mil ônibus não serão entregues este ano. “Ainda há a fase de homologação e de liberação para os municípios, e como o prazo da licitação é de 12 meses, a produção dos novos ônibus escolares deve começar entre outubro e novembro deste ano. Só teremos um bom volume de veículos fabricados no primeiro semestre de 2022, se os municípios tiverem interesse em comprar os modelos escolares”, esclareceu Bisi.

Segundo o presidente da Fabus, um estudo realizado pela Universidade Federal de Goiás demonstra que a demanda por ônibus escolares no Brasil é de 110 mil veículos. “A resolução do FNDE determina que os ônibus escolares tenham até dez anos de uso. Se levarmos em conta que muitos veículos têm mais de dez anos, essa demanda será ainda maior”, observou Bisi.

Lances-

As propostas de preços para sete mil ônibus escolares de diferentes configurações entregues ontem ao FNDE pelas fabricantes, por meio de pregão eletrônico, oscilaram de R$ 259,3 mil a R$ 542 mil, totalizando R$ 2,25 bilhões.

A Mercedes-Benz venceu a primeira etapa da licitação com direito de produzir 2,6 mil ônibus escolares – 1,2 mil na categoria Ônibus Rural Escolar – ORE 1 (R$ 237.898,00), mil na ORE 2 (R$ 279.698,00) e 400 na Onurea (Ônibus Urbano Escolar Acessível) piso alto (R$ 259.328,00), todos com o chassi LO916.

A Volkswagen obteve aprovação para produzir 2,5 mil ônibus na categoria ORE 3, com o chassi 15.190 ODR (R$ 317.998,00). A Marcopolo poderá fabricar 1,4 mil ônibus, sendo mil na categoria ORE 1 4×4 com o modelo V8L 4X4 Attack 8 (R$ 362.200,00) e 400 Volare Acess piso baixo (R$ 387.600,00). A Agrale foi aprovada com 500 veículos na categoria ORE zero 4×4, com o modelo Marruá AM 200 MO (R$ 542.000,00).

Classificações-

Ônibus Rural Escolar – ORE 1: ônibus com 7.000 mm de comprimento, capacidade de carga útil líquida de no mínimo 1,5 mil quilos, comportando transportar 23 passageiros adultos sentados ou 29 estudantes sentados, e podendo ser equipado com plataforma elevatória veicular.

Ônibus Rural Escolar – ORE 1 (4×4): ônibus com tração nos quatro rodados (eixo traseiro e eixo dianteiro), com comprimento total máximo de 7.000 mm, capacidade de carga útil líquida de no mínimo 1,5 mil quilos, capacidade para transportar 23 estudantes sentados, não podendo ser equipado com plataforma elevatória veicular.

Ônibus Rural Escolar – ORE 2: ônibus com comprimento total máximo de 9.000 mm, capacidade de carga útil líquida de no mínimo três mil quilos, comportando transportar 31 passageiros adultos sentados ou 44 estudantes sentados, podendo ser equipado com plataforma elevatória veicular.

Ônibus Rural Escolar – ORE 3: ônibus com comprimento total máximo de 11.000 mm, capacidade de carga útil líquida de no mínimo quatro mil quilos, para levar 44 passageiros adultos sentados ou 59 estudantes sentados, e podendo ser equipado com plataforma elevatória veicular.

Ônibus Urbano Escolar Acessível (Onurea): veículo da categoria M3 (ônibus) construído com características específicas para o transporte de estudantes, com acessibilidade em duas classificações.

Onurea 1 com comprimento total máximo de 7.000 mm, capacidade de carga útil líquida de no mínimo dois mil quilos, comportando transportar 10 passageiros adultos sentados ou 16 alunos sentados e três alunos com cadeiras de rodas, equipado com plataforma elevatória veicular, e todos os demais equipamentos e mobiliários necessários para apoio a passageiros com deficiência ou mobilidade reduzida.

Onurea 2 com comprimento total máximo de 9.000 mm, capacidade de carga útil líquida de no mínimo três mil quilos, comportando transportar 18 passageiros adultos sentados ou 31 alunos sentados e três alunos com cadeiras de rodas, equipado com plataforma elevatória veicular, e todos os demais equipamentos e mobiliários necessários para apoio a passageiros com deficiência ou mobilidade reduzida.

O início do programa –

O programa Caminho da Escola foi criado em 2007 com o objetivo de
renovar a frota de veículos escolares, assegurar segurança e qualidade ao
transporte dos estudantes e contribuir para a redução da evasão escolar,
ampliando, por meio do transporte diário, o acesso e a permanência na
escola dos estudantes matriculados na educação básica da zona rural das
redes estaduais e municipais.

Desde 2008, quando iniciou a produção dos veículos, até 2020 já foram
produzidos 57.747 ônibus escolares. Este total inclui ônibus adquiridos
com recursos do FNDE e dos municípios, segundo a Fabus.

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