Márcia Pinna Raspanti
A primeira edição Fórum Transporte Sustentável, realizada pela OTM Editora nos dias 8 e 9 de junho, de forma totalmente digital, trouxe para o centro das discussões os principais temas relacionados à sustentabilidade no transporte de cargas e passageiros. Os debates envolveram profissionais dos diversos segmentos do mercado e foram enriquecidos com a apresentação de cases e dos resultados concretos dessas experiências.
Um dos pilares do transporte sustentável é mobilidade sustentável. Claudio Sena Frederico, vice-presidente da ANTP, apresentou sua concepção de MaaS (Mobility as a Service), que precisa ser adaptado à realidade brasileira. Segundo o especialista, o MaaS pode incentivar o uso de transportes mais sustentáveis.
“O transporte coletivo é sustentável. E o MaaS pode torná-lo mais competitivo e atraente para o usuário. Agora, não há como oferecer mobilidade como serviço em um país com tanta desigualdade social. Se ele surgir espontaneamente, sem uma atuação do poder público, poderá excluir as parcelas mais pobres da sociedade. Por isso, defendo que o governo compre serviços e ofereça à população mais pobre, arcando com os custos. Por outro lado, se houver mais liberdade nos contratos, pode haver maior diversificação nos operadores e fornecedores de serviços de transporte”, explicou.
Edmundo Pinheiro, diretor da Urbi – Mobilidade Urbana e da HP Transportes e membro do conselho diretor da NTU, também acredita que o MaaS pode ser um instrumento de valorização do transporte público, adequado às necessidades locais. “O MaaS vai além de uma plataforma que integra serviços de mobilidade, representando uma mudança no modelo de negócios e uma estratégia de transformação do transporte público, que deve ser a espinha dorsal da mobilidade urbana.”
Pinheiro contou que Goiânia tem avançado bastante na discussão de política de tarifas flexíveis, em conjunto com outros produtos tarifários. “Esse pode ser um embrião do MaaS. Essa nova forma de arrecadação e remuneração do transporte coletivo depende de mudanças nos contratos, mas é um passo importante para a melhoria do sistema”, comentou.
Dimas Barreira, presidente executivo do Sindiônibus, afirmou ser um “entusiasta” do transporte coletivo e destacou a importância dos contratos bem feitos no transporte público. “O uso de recursos de forma coletiva é o mais sustentável. Quanto aos contratos, é importante garantir seu equilíbrio, separando as questões técnicas das políticas”, declarou. Pedro Palhares, gerente geral da Moovit no Brasil, completou que, resolvidos os problemas dos contratos, “é possível pensar em outras formas de utilização dos serviços de transporte, como assinaturas.”
Otávio Cunha, presidente da NTU, lembrou que o transporte público, no caso os ônibus, são responsáveis por apenas 6% da poluição atmosférica nos grandes centros urbanos. “Já motos e carros, veículos particulares, são responsáveis por cerca de 55%. O que falta para o transporte público ser mais bem utilizado são as políticas públicas que priorizem esse meio. Quando houver veículo público e um serviço de boa qualidade, você atrairá mais pessoas para que elas utilizem esse meio”, pontuou.