Technibus – Boa parte dos sistemas de transporte público dos centros urbanos do país tem divulgado a migração da bilhetagem eletrônica para a bilhetagem online ou “na nuvem”. O que isso significa exatamente?
Emílio Gonçalves – Antes de tudo, é importante entender que os sistemas de bilhetagem eletrônica são plataformas complexas, que agrupam uma extensa variedade de recursos e funcionalidades. Quando falamos desse processo de migração para o online ou para a nuvem, estamos lidando com duas vertentes:
- Os equipamentos embarcados (como validadores, computadores de bordo, entre outros), que antes operavam sem comunicação com a internet, passam a estar conectados e comunicando em tempo real com o sistema de bilhetagem e com outros dispositivos. Isso abre um leque de possibilidades para o transporte público, permitindo acesso a dados, envio de comandos e até mesmo transações em tempo real
; - Os sistemas de backoffice (retaguarda) da bilhetagem passam a estar hospedados em servidores remotos (na nuvem), o que pode representar uma estrutura mais acessível, leve e fácil de escalar.
Um outro movimento relacionado à nuvem é que ela também pode ser usada como local para armazenamento dos créditos do transporte, que é o caso das carteiras digitais e do ABT. Atualmente, a maior parte das soluções que estão sendo desenvolvidas para o transporte público são híbridas, mas a tendência é que nos próximos anos os sistemas online passem a ser realidade nas cidades brasileiras.
Technibus – O que essa mudança representa em termos de mobilidade para o Brasil?
Emílio Gonçalves – Quando falamos em plataformas de bilhetagem online, estamos tratando de uma alta capacidade de compartilhamento e integração de dados e serviços em tempo real. Isso possibilita ao transporte público criar modelos bem mais flexíveis e entregar serviços mais atrativos aos usuários.
Além disso, os sistemas de transporte passam a estar mais preparados para integrar diferentes modais e para construir modelos de tarifas mais inteligentes. Isso favorece a qualidade do serviço entregue ao usuário de forma geral e o fortalecimento do transporte público. Nós acreditamos que a migração para o online é uma mudança necessária e que elevará o transporte público para outro nível.
Technibus – Quais as vantagens da bilhetagem online para operadores e gestores? E para o usuário?
Emílio Gonçalves – Para os operadores e gestores do transporte público, um dos principais benefícios de operar de forma online é a otimização de vários processos do dia a dia, possibilitada pelo alto nível de comunicação dos equipamentos embarcados com o sistema de bilhetagem.
Só para se ter uma ideia dos benefícios que podem ser conquistados por meio dessa transformação, podemos citar: gerenciamento remoto de hardwares e processos operacionais, redução de custos de manutenção, agilidade na tomada de decisões, oferta de melhores serviços para os usuários e as possibilidades variadas de integração com outras soluções.
Outra vantagem, aqui falando especificamente da nuvem, é que o operador tem os custos reduzidos com infraestrutura, o que dá a ele condições de modernizar seu sistema de bilhetagem investindo menos. Já para os usuários, a melhoria no acesso aos serviços e ao crédito do transporte é evidente. Serviços como a recarga de créditos em tempo real e o gerenciamento do cartão de transporte via aplicativo só são possíveis graças ao sistema online.
Por exemplo, Porto Velho (RO), recentemente passou por uma modernização no sistema de transporte. Lá, por meio do Si.Go, nosso aplicativo para o usuário, os passageiros poderão realizar o cadastro para o cartão de transporte, além de outras consultas e serviços, como recarga, saldo, segunda via do cartão, bloqueio por perda etc., tudo diretamente no aplicativo. E isso é só o início, já que toda essa transformação prepara os sistemas de bilhetagem para modelos como o ABT.
Technibus – Em meios de pagamento, a bilhetagem online permite disponibilizar novas opções para o passageiro?
Emílio Gonçalves – Esse é um dos principais aspectos da bilhetagem online. É o online que vai viabilizar a introdução de novos recursos e meios de pagamento aos sistemas de bilhetagem. Isso inclui, smartphones, relógios, QR Codes e cartões bancários. Foi assim com os cartões EMV, que já são utilizados em sistemas de transporte no mundo inteiro, e com os aplicativos para o usuário, que permitem o pagamento da tarifa via smartphone. Até mesmo o PIX vem sendo estudado como uma alternativa.
Technibus – E para o controle de fraudes?
Emílio Gonçalves – Com a bilhetagem online, o monitoramento e controle antifraude por meio dos sistemas de biometria facial é feito em tempo real. Em Fortaleza (CE), por exemplo, que monitora um alto volume de cartões — lá, o Bilhete Único, que é um programa de integração temporal, também é monitorado — a possibilidade de atuação mais rápida garante mais eficiência à operação. Com o auxílio do Sigom Vision, o volume de bloqueio de cartões devido a fraudes ou uso indevido chega a 4 mil por dia.
Technibus – Quais os principais cases da Empresa 1 em bilhetagem online?
Emílio Gonçalves – Aqui no Brasil, sem dúvida, Fortaleza está na vanguarda nesse conceito. Eles investem constantemente em novas tecnologias e estão sempre antenados a tendências. Lá, os validadores online são o centro da operação hoje, permitindo, por exemplo, a recarga e a compra de crédito em poucos minutos, tanto por aplicativo como em pontos de vendas parceiros, e o controle de fraude com muito mais agilidade.
Outro serviço super inovador construído com base no pagamento online é a integração da bilhetagem com o sistema de transporte sob demanda. Hoje, o transporte público regular continua sendo a espinha dorsal da mobilidade da cidade, mas passa a disputar o atendimento também para as viagens de curta distância. Isso é possível porque a plataforma online da Empresa 1 opera como intermediária, permitindo a comunicação entre os sistemas e cobrindo processos que vão desde o cadastro do usuário até o cancelamento, além do pagamento da tarifa.
Technibus – Que produtos a Empresa 1 desenvolveu para atender essa nova realidade dos sistemas de bilhetagem do país?
Emílio Gonçalves – As funcionalidades relacionadas aos validadores online que foram citadas são exemplos de como estamos investindo em soluções pensadas para a bilhetagem online.
Outro destaque é que nosso aplicativo para o usuário, o Si.Go, tem ficado cada dia mais robusto, com novas funcionalidades e integração com outras soluções. Nós trabalhamos no desenvolvimento de APIs para que novos modelos de integração online sejam possíveis. Hoje, por exemplo, o Si.Go tem a capacidade de ser integrado de forma online a aplicativos de informação para usuário dos nossos clientes. Nosso sistema ABT também está em fase de construção. Hoje, o Sigom Cloud, que é a nossa plataforma de bilhetagem, já permite que as transações de compra de crédito e uso de passagens sejam mantidos em um backoffice na nuvem, deixando a bilhetagem preparada para o sistema baseado em conta