Empresas de transporte pedem vacinação em massa e maior acesso a crédito

O levantamento foi realizado junto a 580 empresas de cargas e de passageiros de todos os modais de transporte. Mais da metade das empresas avalia como ruim ou péssima a atuação do governo federal no apoio ao setor de transportes durante a pandemia

A 6ª rodada da Pesquisa de Impacto no Transporte – Covid-19, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) de 24 a 30 de março, mostra que, um ano depois do início da pandemia, o cenário de dificuldades persiste. O levantamento apresenta um alto percentual (97%) de respondentes que enfrentam prejuízos causados pela Covid-19 em seus negócios, sendo que para mais da metade do total (53,4%), não é possível prever quando terminarão esses prejuízos e somente 1,2% afirmaram que os danos causados pela Covid-19 em sua empresa terminaram em 2020.

De acordo com a CNT, as condições do mercado de transporte apuradas na pesquisa mostram um cenário crítico e prolongado que coloca em risco a própria sobrevivência das empresas, destacadamente do segmento de passageiros. Neste segmento, foram diretos os impactos da redução de mobilidade de pessoas e de alterações no mercado de trabalho, como a ampliação abrupta do teletrabalho e de reuniões remotas, além do aumento do desemprego.

Hoje, apenas 9,7% dos representantes das empresas de transporte acreditam que o nível de faturamento já voltou ao patamar registrado antes da pandemia, enquanto a maior parte está com o prejuízo financeiro (58,4%). Cerca de 43,4% das empresas que participaram da pesquisa solicitaram crédito a instituições financeiras, dessas 46,4% tiveram acesso a crédito negado, agravando o equilíbrio de operações e obrigações. 

Houve piora no resultado das empresas no mês de março de 2021, quando 68,3% sofreram redução de demanda; 69% de faturamento; 57,4% de capacidade de pagamento; 44,7% no quadro de empregados; e 41,2% no tamanho da empresa, esse último ilustrando a necessidade de possível venda de ativos para sua sobrevivência no mercado. Além disso, 52,4% das transportadoras responderam ter aumentado seu nível de endividamento.

O presidente da CNT, Vander Costa, considera o resultado da rodada atual da pesquisa preocupante uma vez que os transportadores acreditavam em uma virada positiva de 2020 para 2021, com a crise sendo superada. “As reduções bruscas na demanda e no faturamento têm atingido as empresas do setor em um momento crítico, com dificuldades para obtenção de crédito e a necessidade de adotar demissões. Nesse sentido, é necessária ação rápida do governo federal para apoiar os empresários e ampliar a vacinação, medidas essenciais para uma retomada sustentada da economia.”

As empresas de transporte defendem a volta da redução proporcional de jornada e salários como alternativa, visando minimizar os efeitos recessivos da restrição da atividade econômica sobre o resultado financeiro das empresas e da dificuldade de acesso ao crédito durante a pandemia. No período em que a Lei n° 14.020/2020 ficou vigente até dezembro de 2020, os transportadores fizeram amplo uso das soluções trabalhistas previstas como forma de reduzir custos e manter os vínculos empregatícios ativos.  

Desta forma, 39,1% das empresas pesquisadas declaram ter interesse em adotar este regime, caso novamente autorizado. Além disso, 36% teriam interesse em suspender temporariamente os contratos de trabalho nos próximos 60 dias.

O acesso a crédito, que se torna fundamental para que as empresas de transporte atravessem a crise sem terem de fechar as portas, foi repetidamente apontado como uma dificuldade do setor nas diversas rodadas da pesquisa, realizadas desde o início da pandemia. Entraves como esse ajudam a explicar por que mais da metade das empresas entrevistadas avalia como ruim (18,6%) ou péssima (35,9%) a atuação do governo federal no apoio ao setor durante a pandemia

Para reverter o cenário atual, 73,4% dos entrevistados apontam a vacinação em massa da população como a principal medida que deve ser priorizada pelo governo, seguida da disponibilização de linhas especiais de crédito (49,5%).

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