Em janeiro deste ano, a frota de ônibus da capital paulista emitiu até 50% menos gases de efeito estufa e poluentes do ar, em comparação à frota de janeiro de 2016. Houve, assim, melhora geral da questão ambiental e da saúde da população da cidade. Esses dados fazem parte dos indicadores de qualidade e de uso do serviço dos ônibus municipais que serão divulgados bimestralmente por meio do “Boletim Monitor de Ônibus SP”, lançado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).
As informações ainda apontam para o impacto da pandemia de Covid-19 no sistema de transporte público. A pandemia, exceto pelo problema óbvio de saúde pública, pode ser vista como um experimento na questão da mobilidade urbana, pois mostrou que priorizar o transporte público, realmente, aumenta a eficiência socioambiental viária. O fato de pessoas seguirem isoladas socialmente e, consequentemente, usarem menos veículos próprios para se locomover, ajudou a melhorar a velocidade dos ônibus.
Segundo o IEMA, isso mostra que investir em faixas exclusivas e corredores de ônibus pode ser uma das soluções para cumprir o Artigo 50 da Lei de Mudanças Climáticas (Lei Municipal 14.933 de 2009), que aborda a redução de emissões do transporte público na cidade. Afinal, os ônibus podem circular em melhor velocidade com esses recursos viários.
Felipe Barcellos, pesquisador do IEMA, reitera que “os ônibus podem trafegar com maior fluidez e continuidade por meio de corredores ou mesmo faixas exclusivas, já que não competem por espaço viário com outros veículos, sobretudo com o automóvel. Dessa maneira, os ônibus ficam menos parados no trânsito e diminuem o intervalo médio de suas viagens, o que também reduz suas emissões atmosféricas”, comenta.
Para o IEMA, a melhora de velocidade gera uma cascata de impactos positivos. Quando circulam com menos paradas ou menor congestionamento, os veículos emitem menos gases de efeito estufa (GEE) e poluentes do ar pelo escapamento. Também por isso, as emissões de dióxido de carbono (CO²), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado (MP) emitidos na combustão foram 57%, 52% e 71% menores, respectivamente, do que no mesmo mês há cinco anos. Essa redução também reflete a diminuição na quilometragem total percorrida pelos ônibus paulistanos, além da renovação tecnológica da frota.
Ônibus com tecnologias mais novas tendem a ser menos emissores de GEE e de poluentes do ar. Por isso, inclusive, para atender a Lei de Mudanças Climáticas, os operadores de ônibus preveem a troca de ônibus antigos por veículos menos poluentes. Segundo a lei paulistana, as emissões de CO² dos ônibus precisam cair pela metade até 2028 em relação ao ano de 2016 e serem extintas nos dez anos seguintes. Já para MP e Nox, essa lei determina que as emissões sejam reduzidas, respectivamente, em 90% e 80% até 2028, também considerando 2016 como referência.