Um ano atípico

O 51º Concurso de Pintura de Frotas e Comunicação Visual destaca os trabalhos inscritos em 2020, apesar das dificuldades que castigam o setor de transportes

Márcia Pinna Raspanti

A 51ª edição do Concurso de Pintura de Frotas e Comunicação Visual, promovido pelas revistas Transporte Moderno e Technibus, reflete o atual momento de crise que o setor de transporte coletivo enfrenta em virtude da pandemia da Covid-19. Com uma queda significativa no número de passageiros, e consequentemente de arrecadação, tanto no segmento urbano quanto no rodoviário, houve uma redução drástica nas inscrições para a tradicional premiação.

Nesse contexto, a organização do concurso optou por apresentar os destaques entre as empresas que, mesmo em um cenário complexo e difícil, investiram na comunicação visual de suas frotas e inscreveram seus trabalhos. Os projetos são avaliados em diversos aspectos, como estética, originalidade e atualidade, segurança, praticidade, identificação da marca e promoção dos serviços e produtos oferecidos.

RODOVIÁRIO-

Na categoria de transporte rodoviário de passageiros, destacou-se a José Carlos Oliveira Transporte Brasil (JC), de Valinhos, no interior paulista, que atua no segmento de turismo e transporte executivo, com o trabalho de Lourenço da Costa, do Loren Costa Design Gráfico. Com mais de 20 anos de presença no mercado, a companhia buscava uma pintura que refletisse o compromisso e a união que a família de empresários dedica aos negócios e que reposicionasse a marca como referência no transporte de passageiros.

“É uma empresa familiar com uma história muito bonita, que começou com a aquisição de uma van pelo seu fundador, José Oliveira, e que se expandiu bastante desde então, tornando-se bastante conhecida na região. A proposta era posicionar a JC perante o público atual de forma moderna. O novo design foi muito bem recebido pelos usuários”, comentou Lourenço da Costa.

O mesmo designer também apresentou outro projeto que se sobressaiu no 51º Concurso de Pintura de Frotas e Comunicação Visual. A Sul Minas, de Alfenas, uma empresa recém-criada pelo Grupo Santa Cruz, surgiu com uma pintura inspirada nas montanhas da região, que embelezam a paisagem vista pelos viajantes que circulam pelo sul do estado mineiro.

Lourenço Costa contou que recebeu total liberdade da empresa para criar a comunicação social da Sul Minas. “Assim, pensei na beleza das estradas da região sul de Minas Gerais, que têm uma paisagem muito interessante, com grandes fazendas, áreas verdes e principalmente as montanhas. A empresa nasceu com um conceito novo na comunicação visual, que integra o grafismo do nome com a imagem”, detalhou Costa.

Os dois projetos, tanto da José Carlos Oliveira Transporte Brasil (JC) quanto da Sul Minas, foram pensados de forma bastante objetiva pelas empresas. “Apesar da liberdade de criação, os dois trabalhos foram bem direcionados, pois o objetivo era aparecer de forma atual e moderna para o mercado e, principalmente, para os usuários”, pontuou Costa.

O designer enfatizou a importância da comunicação visual das frotas para os negócios. “Meu trabalho se diferencia por se preocupar também com o posicionamento da marca e não apenas com a estética. A pintura da frota pode ser usada de forma estratégica”, disse Costa.

Ainda no segmento rodoviário de passageiros, a Romestur Serviços de Transporte e Turismo, Ouro Branco, Minas Gerais, também foi destaque. A empresa renovou a pintura de sua frota em 2020, pois buscava mais praticidade e facilidade na hora da manutenção. “Desde o ano passado, já havia a ideia de fazer mudanças na comunicação visual. Depois da pandemia, a direção da empresa me procurou querendo uma solução mais prática e de fácil manutenção, para reduzir custos”, relatou o designer Eugênio Ilzo da Silva.

Nas cores branco, laranja, azul e grafite, a pintura da frota da Romestur é simples, mas bastante objetiva na identificação da marca. “Tivemos uma grande preocupação com a identidade da companhia e com a manutenção. Como as faixas de diferentes cores não se encontram, é possível revitalizar a pintura em um mesmo dia, sem que o ônibus precise ficar mais tempo sem rodar”, informou Silva.

MENOS GASTOS-

A Viação São Cristóvão é outro trabalho inscrito de Silva, que fez a sua primeira pintura para ônibus em 1989, em Divinópolis, Minas Gerais. “Em fins de 2019, a empresa entrou em contato comigo pedindo um projeto para evidenciar os veículos novos que havia adquirido. Uma preocupação era reduzir a presença da cor vermelha que tem um custo mais alto de manutenção”, disse.

A solução encontrada priorizou também o posicionamento da companhia no mercado. As cores tradicionais da São Cristóvão foram mantidas, mas com outro design e outra proporção. “A pintura passa a impressão de controle e direção amplamente relacionados com a atuação da empresa no transporte de fretamento”, explicou Silva. O projeto se estendeu para os ônibus de transporte urbano da empresa, se expandindo para um total de 20 veículos.

Para Silva, que também faz miniaturas de ônibus, o ano de 2020, apesar dos impactos dramáticos no setor de transporte de passageiros, tem sido surpreendentemente positivo em volume de trabalhos. “Acredito que as dificuldades levaram as empresas a buscar soluções mais simples e econômicas, principalmente no que se refere aos custos de manutenção. Com a frota parcialmente parada, no período mais crítico da pandemia, muitas decidiram mudar suas pinturas visando menores gastos futuros”, explicou.

Na categoria metropolitano de passageiros, a Expresso Divinopolitano Exdil, de Divinópolis, Minas Gerais, é mais um trabalho deste “admirador do ônibus”, como Silva se define, e exibe uma homenagem à cidade do Divino Espírito Santo. “A pomba é o símbolo desta tradição e usamos essa imagem no projeto. A pintura oferece fácil visualização para os passageiros. A linha liga Divinópolis a São Gonçalo e é rapidamente identificada pelos passageiros por seu design”, informou Silva.

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