Technibus – Com a pandemia, o mercado de ônibus no Brasil sofreu forte queda. Como a BYD avalia o mercado no atual momento? A crise pode impactar positivamente o processo de eletrificação no país? Por quê?
Marcelllo Schneider – A pandemia impactou não apenas o setor de ônibus, mas toda a economia. O que avaliamos é que este é um bom momento para que as empresas, seja de transporte coletivo urbano ou de fretamento, revejam seus custos principalmente os custos operacionais, para poderem buscar novas soluções tecnológicas e que permitam ainda a redução de gastos. Na nossa visão, a eletromobilidade tem um processo interessante de financiamento do Capex (Capital Expenditure). Além disso, uma solução de leasing ou locação da bateria junto com a infraestrutura e a compra de uma energia mais barata com certeza irá fazer com que os empresários possam pensar em uma troca mais rápida para a eletromobilidade.
Technibus – Em São Paulo, por exemplo, a pandemia pode trazer atrasos na implementação das metas estabelecidas nos novos contratos?
Marcello Schneider – A Prefeitura e a SPTrans podem postergar o prazo que estava acordado, mas vale lembrar também que o próprio contrato e o edital diz isso: quem implementa o ônibus elétrico e o ônibus não poluente na cidade de São Paulo tem uma remuneração melhor. Então, independentemente da prefeitura mudar esse prazo ou não, o operador pode fazer essa implementação de forma antecipada e com isso e ser melhor remunerado por isso. A decisão final será sempre do operador.
Technibus – Quais as perspectivas da BYD para os próximos meses?
Marcello Schneider – As nossas perspectivas para os próximos meses são muito boas. Tivemos mais pedidos de ônibus, vamos entregar mais três ônibus para São Paulo, vamos entregar ônibus para empresas: a FADESP, a EDP, a CPFL. Temos um ônibus que prestará serviço para Vale no Espírito Santo. Enfim, as perspectivas são de crescimento. A partir do momento que apresentarmos o primeiro veículo montado, o articulado, tanto piso alto quanto piso baixo, que está previsto para o final desse ano, o mercado vai entender que a gente tem mais modelos pra oferecer e a BYD entra em outras áreas que até então a gente não atuava.
Technibus – A empresa deve anunciar novidades ainda em 2020? Novos produtos?
Marcello Schneider – O grande lançamento da BYD para 2020 será o articulado de 22 metros, que nós vamos concretizar o encarroçamento até o final de outubro, para dar entrada no CAT (Certificado de Adequação à Legislação de Trânsito) para a homologação do produto. Com isso, a gente completa o portfólio de produtos tendo o D-7, o D-9, nas versões piso alto e piso baixo e fretamento e o articulado 22 metros, na versão piso alto e piso baixo.
Technibus – Quais produtos da BYD têm se destacado no mercado brasileiro?
Marcello Schneider – O produto que mais tem se destacado é o modelo “padron”. Digamos que é o ônibus mais usado, principalmente nos grandes centros em São Paulo. E também tem aumentado a demanda para o ônibus de fretamento, que usa a base do chassi do piso alto. Além disso, a gente tem uma perspectiva muito boa de acreditar no articulado de 22 metros, para atender não só corredores expressos de grandes cidades, mas para atender os corredores BRT.