Por Márcia Pinna Raspanti
A VW Caminhões e Ônibus e a Marcopolo embarcaram 130 ônibus para o transporte coletivo regular de Angola, do modelo Volksbus 17.210 e carroceria Torino. Segundo a encarroçadora, Angola é o primeiro país da África a receber ônibus da fabricante brasileira equipados com barreiras de proteção para motorista e cobrador, e o primeiro país a adquirir um modelo urbano com essas especificações de segurança. “Este é o primeiro negócio fechado de soluções Marcopolo BioSafe para o mercado africano, o que demonstra que os novos padrões de segurança, bem-estar e saúde dos passageiros e usuários vieram para ficar e serão adotados como um novo parâmetro”, explica André Armaganijan, diretor de estratégias e negócios internacionais da Marcopolo.
O kit é uma das iniciativas da Marcopolo BioSafe, plataforma que reúne soluções e produtos que promovem a biossegurança dos passageiros, garantindo mobilidade segura nas principais cidades de todo o mundo. Os veículos, adquiridos pela Asperbras para o programa de mobilidade urbana, em implementação no país, que contará com sistema de bilhetagem eletrônica, georreferenciamento via de satélite, manutenção de frota, monitoramento e gerenciamento operacional. Os ônibus Marcopolo Torino têm 10,5 metros de comprimento, sistema de ar-condicionado e são equipados com 29 poltronas modelo City.
O projeto, de âmbito nacional, foi idealizado pelo Instituto Nacional dos Transportes Rodoviários e dos governos provincial e municipal, em conjunto com a Asperbras, com coordenação da Pait Consultores. Os chassis foram fornecidos pela Volkswagen Caminhões e Ônibus, as carrocerias pela Marcopolo e Caio, as catracas e elevadores pela Foca-Braun, e os sistemas tecnológicos pela Transdata. O contrato, que termina em outubro de 2021, prevê a aquisição de 1,5 mil ônibus.
O município de Lubango, na província da Huíla, foi escolhido para sediar primeira etapa do projeto. Desde outubro de 2019, os moradores têm à disposição linhas de ônibus que permitem o acesso aos principais centros comerciais, administrativos e residenciais da localidade. Como Angola conta com poucas linhas de transporte coletivo, a implementação tem sido gradual. A população depende de candongas (vans) e mototáxis para se locomover.
Depois de Lubango, a capital Luanda também terá um sistema regular, seguido de Benguela. A implementação do sistema de transporte coletivo é um desdobramento do Avante, um projeto inicialmente pensado para oferecer transporte gratuito para os estudantes. Com a municipalização de algumas áreas administrativas e as questões orçamentárias que surgiram nos últimos dois anos, foi decidido ampliar a proposta inicial e estender o transporte para toda a população, incluindo os estudantes que serão beneficiados com gratuidades.
Ao longo dos últimos anos, a VW Caminhões e Ônibus já exportou 568 modelos Volksbus, que fazem parte do projeto, gerenciado pelo Grupo Asperbras, representante oficial da montadora naquele país há mais de dez anos. A frota é acessível e conta com ar-condicionado. “Angola tem uma rede de transportes urbanos ainda muito aquém das suas necessidades. Em Luanda, por exemplo, há 8 milhões de habitantes para pouco mais de 500 ônibus, cobrindo apenas 15% da província. Por isso, mesmo em tempos de pandemia, as negociações continuaram”, afirma Geraldo Kulaif, diretor do grupo.
Matheus Francesco, supervisor de vendas para as regiões América Central e África da VW Caminhões e Ônibus, destaca que o modelo 17.210 é adequado para as condições do país. “É um modelo robusto, de fácil manutenção. É um ônibus Euro 2 e que se adapta à qualidade do combustível disponível”, afirma.
O maior percentual dos ônibus enviados a Angola, que chega a 87%, atende à demanda do transporte público de passageiros, considerando também categorias de benefícios e gratuidades. Outros 8% destinam-se a demandas específicas de transporte de passageiros ligados a ministérios, hospitais e projetos sociais. Os 5% restantes dedicam-se ao transporte de passageiros para instituições de ensino superior.
Mercado Africano –
Angola é um mercado bastante promissor para a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que já exportou 8,5 mil veículos para o país, entre caminhões e ônibus, desde o início dos anos 2000. Mesmo com a pandemia do coronavírus, as perspectivas para o país são positivas. “E existe uma necessidade grande de transporte urbano. Estamos trabalhando para ampliar as vendas para o mercado angolano”, avalia Francesco.
A maioria dos veículos pesados da Volkswagen comercializados para Angola é formada por caminhões. “Os caminhões da marca podem ser vistos pelas estradas de todo o país. Os segmentos que mais compram nossos modelos são de construção, saneamento básico, recolhimento de lixo e caminhões-tanque para transportar água”, comenta Francesco.
África do Sul, Gana e Costa do Marfim são outros mercados importantes no continente africano. “A África, em geral, é atrativa porque não tem tantas barreiras e a demanda é grande. São mercados com muito potencial”, diz Francesco.