Conversão da frota de ônibus da capital de São Paulo para uma matriz de combustíveis não poluentes, começando por veículos novos. Essa é a grande aposta de Ieda Alves Oliveira, gerente comercial da Eletra, empresa brasileira especializada nessa tecnologia.
Apresentada em reunião da Comissão de Trânsito, Transporte, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia, a proposta faz parte do plano da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) – da qual a executiva também é vice-presidente – para renovar os 15 mil ônibus da maior cidade do país. “Nosso desejo é que toda a frota de ônibus novos estaria convertida para uma matriz de combustíveis não fósseis em dez anos (2027). E a frota total, em 15 anos (2032)”, revela Ieda Oliveira.
A Eletra, que fabrica veículos com tração elétrica nas versões trólebus (rede aérea); híbrido (grupo motor gerador + baterias); e elétrico puro (baterias), que podem ser adotadas em veículos para transporte urbano de passageiros, criou o primeiro ônibus elétrico híbrido com tecnologia brasileira. Hoje, a marca está presente em 300 trólebus e em 45 híbridos em operação na Grande São Paulo, além de cidades como Rosário, na Argentina, e Wellington, na Nova Zelândia.
Além de ter sido bem aceito pelos vereadores paulistanos e pelo presidente da Comissão de Transportes, Senival Moura (PT), o plano da ABVE visa chamar a atenção para os benefícios ambientais, sociais e econômicos deste tipo de modal (veículos híbridos e elétricos). Dual Bus da Eletra, foi apresentado no “Dia da Mobilidade Elétrica” em São Paulo. “A grande novidade tecnológica do veículo é o sistema padronizado de tração, que pode ser alimentado por várias fontes de energia.
Essas propostas estão alinhadas com algumas das definições apresentadas, no início de junho, pela Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo nas diretrizes gerais da tão aguardada licitação para renovar os contratos de operação dos quase 15 mil ônibus da capital paulista, realizada no início de junho.
Apesar de ainda polêmica, a redução de poluição foi um dos destaques entre vários outros pontos abordados na oportunidade pelo secretário municipal de Transportes e Mobilidade, Sérgio Avelleda. “Vamos determinar metas gradativas de redução de emissões de poluição, sem, no entanto, obrigar o empresário a escolher que tipo de ônibus não poluente terá de comprar”, afirmou Avelleda.
A Lei de Mudanças Climáticas, assinada em 2009, e que, desde então, previa anualmente a troca de 10% dos ônibus a diesel por veículos com outras tecnologias para que até 2018, nenhum coletivo municipal dependesse exclusivamente de óleo diesel para se movimentar ainda não foi cumprida. Até a metade de 2017, apenas 6% de toda a frota dos 14.700 ônibus em São Paulo conseguiriam cumprir essas exigências.
Reticente até saber quais serão os critérios de redução dessas emissões de materiais particulados, gás carbônico e óxidos de nitrogênio, Ieda Oliveira comemora o fato de a licitação levar em conta a questão ambiental. “Também esperamos que sejam definidas no edital metas de emissões que tragam ganhos em relação à legislação atual, do Euro 5, que já determina redução de poluição pelo diesel”, afirma.
A gerente comercial da Eletra destaca ser difícil determinar qual vai ser a tecnologia de mudança da matriz energética de uma cidade como São Paulo. “Deveria haver um mecanismo que permita que todas as tecnologias tenham espaço. Nós defendemos o trólebus, o elétrico e o híbrido, mas ainda tem o álcool, o gás natural o B-100 (100% de biodiesel)”, ressalta.
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