Atento à necessidade de melhorar à o deslocamento das pessoas e de produtos na cidade de São Paulo, o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Setcesp) criou um projeto para organizar a distribuição de cargas na capital paulista.
Entre as dez propostas para melhorar a mobilidade e o abastecimento urbano, o Setcesp destaca a necessidade de adequação do estacionamento para cargas e descargas e a entrega noturna.
Para elaborar este projeto, o sindicato mapeou as áreas com maior dificuldade de estacionamento e constatou que a cidade de São Paulo possui pouco espaço destinado aos veículos de carga e ainda tem uso indevido das vagas existentes para os automóveis. “Mapeamos a cidade em 32 bairros para ter uma visão segmentada. Começamos um trabalho técnico em campo, levantamos os dados indo às ruas e verificando os locais. A proposta é fazer um projeto para os bairros mais deficitários, como o Brás, o centro e a República”, esclareceu Tayguara Helou, presidente do Setcesp, durante o almoço com a diretoria realizado na sede da entidade.
“Criamos parâmetros técnicos. O primeiro a ser considerado é a distância ideal para o ajudante percorrer com uma carga (que é de 150 metros), levando em consideração a saúde, a ergonomia e a produtividade”, disse Helou.
“Também é preciso levar em conta o tempo médio de ocupação das vagas (de 56 minutos), a quantidade de entrega diária (a média é de 17 carros por dia) e o tamanho das vagas para estacionamento (para dois VUCs são disponíveis 19 metros). A proposta é aprimorar as vagas existentes e criar novas vagas”, destacou o presidente do Setcesp.
Em seu levantamento o Setcesp apurou que existem 200 shopping centers na cidade de São Paulo e 1,5 doca para descarregamento. “Isso significa que tem shopping com mais de uma doca e outro sem nenhuma. Aí o transportador para na porta do estabelecimento, às vezes em local proibido, e fica dando volta na região até conseguir reencontrar o ajudante que foi entregar a mercadoria”, relatou Helou.
“Com os milhares de transportadores e lojistas recebendo mercadorias, o impacto que isso traz no trânsito é gigantesco. Por- tanto, o Setcesp defende a criação e a ampliação das vagas de estacionamento para os veículos de carga”, reforçou Helou.
O Setcesp constatou também que o estacionamento rotativo pago – conhecido como Zona Azul –, que foi criado em dezembro de 1974, está distribuído em 62 áreas. A maior concentração está na zona sul, com 36% das vagas totais. O centro tem 28%, a zona leste 20%, a oeste 14% e a leste 2%. “Oferecidas pela prefeitura temos hoje 38.954 vagas de estacionamento na cidade de São Paulo, sendo 34.594 vagas convencionais (88,1% para atender os carros de passeio), 1.911 vagas para idosos (que representam 4,91%), 1.509 para caminhão (3,87% para carga e descarga), 843 para deficientes (2,16%) e 97 vagas para fretamento (0,25%)”, detalhou Helou.
“Precisamos buscar um equilíbrio. Para isso, o Setcesp defende junto ao poder público a rígida fiscalização, a ampliação e a criação de novas vagas para veículos de carga, de modo a equalizar o sistema e torná-lo mais seguro e produtivo”, salientou o presidente do Setcesp.
Neste projeto o sindicato destaca também a importância de garantir a segurança, o bem-estar, a qualidade de vida e a mobilidade das pessoas a pé. Ressalta ainda a necessidade de estimular o uso do transporte coletivo. “É preciso saber tirar o carro individual das vias. Por isso, é necessário tornar o sistema público de transporte coletivo mais eficiente, mais produtivo, mais seguro e mais confortável”, disse o presidente do Setcesp.
Outro fator que Helou considera relevante é criar alternativas para que as pessoas possam morar e estudar próximo ao trabalho para evitar grandes percursos. “Também defendemos a produtividade na cidade de São Paulo, com a criação de um veículo de carga adequado, feito por engenheiros e não somente por decreto político. As propostas de mobilidade urbana devem ser técnicas”, frisou o presidente do Setcesp.
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