Os desafios urbanos das cidades no mundo

Além dos problemas com educação, saúde e segurança, a mobilidade, a sustentabilidade e a sociodiversidade são os três temas que começam a se tornar essenciais para qualquer cidade no mundo, segundo Jaime Lerner, arquiteto e urbanista especialista em mobilidade sustentável. Em sua palestra durante o Fórum Volvo de Mobilidade, realizado em Curitiba, Lerner alertou que […]

Além dos problemas com educação, saúde e segurança, a mobilidade, a sustentabilidade e a sociodiversidade são os três temas que começam a se tornar essenciais para qualquer cidade no mundo, segundo Jaime Lerner, arquiteto e urbanista especialista em mobilidade sustentável.

Em sua palestra durante o Fórum Volvo de Mobilidade, realizado em Curitiba, Lerner alertou que não podemos perder nunca a visão da cidade, pois isso vai ser cada vez mais importante no futuro se quisermos avançar. “Chegou o momento de pensar na mobilidade a partir do crescimento das cidades, não somente a partir dos veículos e de uma visão parcial das cidades”, disse o arquiteto.

Segundo Lerner, a cidade é o nosso retrato de família. “Embora, não seja um patrimônio histórico e cultural, (as cidades) são referências em nossa vida. Por esse motivo, eu defendo a tese de que é importante fazer uma transformação imediata, uma acupuntura urbana e criar uma nova energia para a cidade. Tudo tem que ser viabilizado rápido e sem desperdício”.

Na opinião do arquiteto, quando se quer mudar uma cidade é importante vontade política, visão estratégica, saber transformar os problemas em soluções, criar equações e co-responsabilidade. “É possível construir uma equação para resolver o problema da mobilidade das cidades”, destacou Lerner, citando como exemplo urbano a tartaruga que tem moradia, trabalho e mobilidade, tudo junto.

Lerner afirmou que estamos muito perto de uma solução para a mobilidade. “Mas não podemos entregar essa solução para o automóvel. As ruas já estão privatizadas pelo automóvel e queremos ganhar espaço público para o transporte público e dar transporte de qualidade à população”.

Ele foi incisivo ao afirmar que é preciso mudar essa visão centrada demais no automóvel, destacando que existe maneira mais solidária de transportar gente. “O carro vai ser o cigarro do futuro e a maneira de usar este veículo vai mudar, pois não podemos ficar preso no transporte individual. Isso não é justo”, frisou Lerner.

O arquiteto afirmou que grandes mudanças já estão ocorrendo no transporte público. “Estamos avançando em sistemas mais sustentáveis, em soluções híbridas, elétricas, em supercapacitores e baterias. Mas temos que pensar em como resolver os problemas de mobilidade. “A gente precisa parar de pensar no ônibus somente como ônibus e temos que pensar na evolução do ônibus e na qualidade da operação”, preconizou.

Para Lerner, o futuro da mobilidade está na superfície, citando o custo elevado e o longo prazo para a implantação do metrô. “Em São Paulo, 84% da população se deslocam na superfície. Então é a superfície que precisa ser bem operada. O trem de subúrbio tem avançado, então porque não aproveitar a estrutura dos trens de subúrbio e criar um programa de ocupação e construir moradias ao longo dessas vias”, questionou o arquiteto. “Essa é a proposta que eu desenvolvi para São Paulo, procurando mostrar que o mais importante no transporte público é a rede e não os corredores, porque com esta visão de rede nasce o desenho de cada estação para operar a rede. Ele também criticou os custos absurdamente caros dos corredores BRT. “Gasta-se muito com desapropriações, há superdimensionamento e falta de visão”.

Segundo Lerner, hoje as empresas de transporte querem avançar e os governos não se mexem. “Criam soluções paliativas aqui, uma faixa pintada lá. Faixa pintada não é transporte de massa é uma maneira de dar prioridade ao transporte público. É um começo, mas não um fim”.

Para Luis Carlos Pimenta, presidente da Volvo Bus Latin America, a mobilidade urbana é um dos principais desafios das cidades e requer soluções de curto e médio prazo. “Nós como uma empresa do setor, assumimos o compromisso de colaborar com o desenvolvimento de sistemas de transportes que ofereçam qualidade de vida às pessoas, não apenas fornecendo ônibus, mas compartilhando o conhecimento e a experiência que acumulamos ao longo dos últimos 30 anos com a implementação dos principais BRTs da América Latina”, disse Pimenta.

 

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