Scania inicia em agosto testes com ônibus a biometano no Mato Grosso do Sul

Este ônibus, modelo padron, com 14 metros de comprimento e capacidade para 86 passageiros, já passou por testes em agosto do ano passado na cidade de Ponta Grossa, no Paraná, e desde de março deste ano está sendo avaliado na cidade de Recife

Sonia Moraes

A Scania vai iniciar em agosto os testes com ônibus movido a biometano em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, segundo informou Rogério Moro, gerente de negócios de vendas de soluções para mobilidade da Scania operações comerciais Brasil.

Este veículo, modelo padron, com 14 metros de comprimento e capacidade para 86 passageiros, já passou por testes em agosto do ano passado em Ponta Grossa, no Paraná, percorrendo as principais vias da cidade. Desde março deste ano, o modelo está circulando na região metropolitana de Recife em demonstração, por meio da secretaria de mobilidade e infraestrutura (Semobi), Grande Recife Consórcio de Transporte (CTM) e a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), em parceria com a Conorte, que é constituído por três empresas da região norte do Sistema de Transporte Público de Passageiros da região metropolitana do Recife (STPP) – Transportadora Itamaracá, Cidade Alta Transportes e Turismo e Rodotur Turismo.

O ônibus fabricado pela Scania é equipado com elevador para acessibilidade e espaço interno para cadeirantes. O modelo K 280 4×2 tem propulsor de 280 cavalos de potência. Seu motor é Ciclo Otto (o mesmo conceito dos automóveis) e movido 100% a gás e biometano, ou mistura de ambos. Não é convertido do diesel para o gás, tem garantia de fábrica, tecnologia confiável e segura, desempenho consistente e força semelhante ao similar a diesel, além de ser mais silencioso. Para o ônibus em teste, foram instalados oito cilindros de gás na lateral dianteira com uma autonomia de 300 km.

Segundo a Scania, para o ônibus movido a gás a segurança é total em caso de acidentes ou explosão. Os cilindros e válvulas são certificados pelo Inmetro (em conformidade com a lei). São três válvulas (vazão, pressão e temperatura) que liberam o gás em caso de anomalia em um destes três quesitos. Os cilindros são extremamente robustos (o material é de ogivas de mísseis). Em caso de incêndio ou batida o gás é liberado para a atmosfera e se dissolve sem perigo de explosão ao contrário de um veículo similar abastecido a diesel que é mais perigoso, pois o líquido fica no chão ou pode se espalhar ao longo da carroceria.

Ações para a expansão do gás-

Para garantir a inserção do biometano na rede de gás canalizado na cidade do Paraná e o desenvolvimento de corredores sustentáveis com abastecimento via gás natural e biometano, a Companhia Paranaense de Gás (Compagas) anunciou na segunda-feira (dia 24) o investimento de R$ 505 milhões para os próximos cinco anos, entre 2024 a 2029, que inclui também projetos para a expansão da atuação da companhia em outras regiões do estado, em especial os municípios de Londrina, Maringá e Lapa.

A Compagas informou que os investimentos fazem parte do novo contrato de concessão da companhia, que passa a valer a partir de julho e que define metas para o aumento da oferta de gás natural e biometano e o atendimento de novas regiões no Paraná para os próximos 30 anos.

Geração de biogás e biometano-

Maior produtor de proteína animal do Brasil, o Paraná também sai na frente na geração de biogás e biometano. Segundo levantamento do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás), o estado tem 426 plantas instaladas, 67% de todas as usinas da região Sul.

Rafael Lamastra Junior, CEO da Compagas, explicou que um dos planos da companhia é chegar a 15% da participação do biometano no volume de distribuição da companhia até 2026. “Acreditamos que este novo investimento fará com que o Paraná avance ainda mais no segmento de energia e infraestrutura”, afirmou. “O gás natural continua sendo uma fonte importante, mas a inclusão do biometano traz uma pegada mais sustentável para atender as demandas ambientais e dos nossos clientes e também as metas de ESG da empresa”.

O primeiro contrato da Compagas para fornecimento de biometano para inserção na rede de distribuição de gás no Paraná foi assinado com a empresa H2A, que vai fornecer 20 mil metros cúbicos por dia a partir de julho de 2025. A parceria viabiliza a construção de uma usina em Carambeí, nos Campos Gerais, para a produção do gás renovável em uma cadeia circular, a partir de dejetos do polo leiteiro.

A parceria com a H2A faz parte do plano de expansão da Compagas, que prevê novos contratos de biometano nos próximos meses. Os 15% previstos para a distribuição até 2026 correspondem a cerca de 100 mil metros cúbicos por dia de gás renovável. “O objetivo é integrar a rede de distribuição às principais áreas produtoras de biometano, para viabilizar o escoamento do combustível renovável por meio de dutos, ampliando a capacidade de expansão da utilização do gás renovável”, destacou Lamastra.

A Compagas vem trabalhando nos últimos meses para o desenvolvimento de fornecedores de biometano para injeção do gás renovável em suas redes de distribuição. Desde 2023, a empresa já abriu duas chamadas públicas para a aquisição do combustível.

Carlos Alberto da Silva Souza, diretor de administração da H2A, destacou que a empresa vem buscando novas tecnologias para a produção de biometano, com a planta de Carambeí utilizando dejetos suínos e bovinos para a produção do insumo. “Vamos aproveitar esse resíduo, que hoje já é tratado de forma sustentável, para dar uma viabilidade econômica aos produtores, que são sócios e parceiros do nosso projeto”, disse o diretor.

Expansão da rede de gás na cidade de Londrina e Maringá-


Do total de R$ 505 milhões que serão investidos até 2029, a Compagas vai destinar R$ 100 milhões para a expansão da rede de gás canalizado, visando ao atendimento das cidades de Londrina e Maringá. Serão construídos ao todo 60 quilômetros de rede para atender os segmentos industrial, residencial, comercial e veicular no Norte do Paraná, sendo que o fornecimento na região ocorrerá 100% com biometano.

Serão construídos oito quilômetros de rede em Maringá para atender o segmento industrial da região. O projeto também inclui a instalação de um trecho de cerca de 19 quilômetros conectando os municípios de Londrina, Cambé e Rolândia para o fornecimento das indústrias instaladas no percurso. Outros trechos, que totalizam 34 quilômetros, atenderão o bairro Gleba Palhano, localizado na zona Sul de Londrina e considerado uma das regiões mais valorizadas no setor imobiliário e de intenso comércio.

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