Technibus – Qual é a estimativa para o mercado de ônibus em 2026?
Ruben Bisi – O mercado de ônibus inicia 2026 com muitas incertezas e temos algumas variáveis que precisam ser observadas. Se a taxa Selic permanecerá elevada, se a tarifa de importação de produtos brasileiros imposta pelos Estados Unidos terá alguma volatilidade de preço e se as linhas de financiamento para os ônibus irão continuar no próximo ano.
Technibus – Quais são os fatores positivos que poderão favorecer o mercado de ônibus no próximo ano?
Ruben Bisi – Há o novo edital do Caminho da Escola, que deverá ser publicado ainda em novembro para a compra de 7.470 ônibus no próximo ano. Há também o reforço do PAC Mobilidade, anunciado pelo governo na COP30, para financiar 10 mil ônibus, incluindo os modelos já comprados neste ano. A COP30 vai endereçar novas verbas para o financiamento do transporte público e vamos ter uma melhora no financiamento para ônibus descarbonizados.
Technibus – O que é possível destacar ainda no financiamento?
Ruben Bisi – Vamos ter o Refrota bem potencializado porque mais bancos estão sinalizando que querem entrar neste sistema de financiamento de ônibus urbanos, inclusive o BNDES. Hoje, temos a Caixa Econômica Federal e o Banco Mercedes-Benz que financia os urbanos pelo Refrota.
Technibus – Há risco de o mercado de ônibus ter retração no próximo ano?
Ruben Bisi – Se for mantido o recurso do PAC3 para a compra de ônibus urbanos e definida a nova licitação do programa Caminho da Escola, o mercado de ônibus poderá ter em 2026 um volume igual ao de 2025. Caso contrário, terá uma queda de até 5%, atingindo cerca de 22 mil unidades.
Technibus – Quais os fatores negativos poderão afetar o mercado de ônibus em 2026?
Ruben Bisi – Destaco a previsão decrescente do PIB para este ano; a taxa de juros, que ainda está muito alta, e o endividamento elevado das famílias.
Technibus – Como o senhor avalia a situação hoje do país?
Ruben Bisi – A economia ainda está positiva, mas a redução no crescimento do PIB, estimado entre 2,2% a 2,3%, é inferior aos 2,4% previsto e abaixo do avanço da inflação, que oscila entre 4% a 4,5%. Isso causa esfriamento da economia e poderemos ter menos transporte de passageiros no fretamento da indústria.
Technibus – A previsão de queda na taxa de juros pode favorecer o mercado de ônibus no próximo ano?
Ruben Bisi – A sinalização de que as taxas de juros comecem a cair entre janeiro e fevereiro não é muito boa porque a taxa de médio prazo continua elevada e não vai cair muito. Além disso, o endividamento das famílias, que está muito alto, poderá impactar o setor de turismo e, se não tiver renegociação das dívidas as famílias não terão dinheiro para viajar no próximo ano.
Technibus – Como deverá encerrar o mercado de ônibus em 2025?
Ruben Bisi – Para 2025, a estimativa é que o mercado de ônibus tenha crescimento de 2,5%, tendo 23.600 ônibus produzidos pelas encarroçadoras.
Technibus – E o Caminho da Escola, como deverá encerrar este ano?
Ruben Bisi – O Caminho da Escola deve encerrar o ano com 12.500 ônibus entregues, de um total de 15.320 veículos licitados no ano passado, ficando o restante de quase 3.000 ônibus para serem faturados no próximo ano.
Technibus – Como estão as atividades nas encarroçadoras?
Ruben Bisi – As atividades nas encarroçadoras estão oscilando, com ritmo normal de trabalho na linha de urbanos e micro-ônibus e um movimento mais lento na linha de rodoviários, devido à pequena queda nos pedidos por causa da alta na taxa de juros.
Technibus – Por que teve redução na produção de micro-ônibus até outubro?
Ruben Bisi – A redução de 23% na produção de micro-ônibus ocorreu devido às muitas entregas de ônibus para o Caminho da Escola no ano passado. Este ano, o ritmo está mais lento, com volume menor de entregas.
Technibus – Como estão as exportações de ônibus?
Ruben Bisi – As exportações de ônibus têm se sustentado pelos modelos rodoviários destinados principalmente para a Argentina, seguidos do Chile, Peru e Equador. Na Argentina e no Chile, os rodoviários Double Decker são usados para o transporte regular entre as cidades e para o turismo. Ainda no Chile e no Peru, esses ônibus são usados para o fretamento no transporte de trabalhadores das mineradoras.
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