Arena ANTP 2025 amplia presença institucional do setor

O Arena ANTP 2025 reafirmou o modelo de congresso integrado que combina debates técnicos e exposição de soluções

Alexandre Asquini

O Arena ANTP 2025, realizada em São Paulo de 28 a 30 de outubro, manteve o formato que a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) adota desde 2019: palcos eletrônicos funcionando em paralelo, conectando apresentações técnicas e painéis de debate, num espaço que congrega ainda uma significativa exposição de produtos e serviços voltados à mobilidade urbana. O público acompanhou os conteúdos por meio de fones de ouvido, selecionando o canal de interesse.

Na abertura do encontro, o superintendente Luiz Carlos Mantovani Néspoli lembrou a trajetória do congresso, iniciado em 1978, e o papel de seu fundador, Plínio Assmann, no fortalecimento técnico da área. Segundo ele, a edição de 2025 contou com mais de 60 entidades em 42 painéis e 41 marcas expositoras, reafirmando o compromisso da ANTP com a integração entre profissionais, empresas e gestores públicos.

Criado pela MF Congressos e Eventos e OTM Editora, responsável pela revista e o portal especializado Technibus, o modelo de arenas paralelas, que permite a realização de sessões simultâneas, voltou a ser apontado pelos participantes como uma das principais características do encontro.

Integração entre teoria e prática

Consultor em mobilidade urbana e sócio da Sinergia Estudos e Projetos, além de diretor da ANTP no Rio de Janeiro, o engenheiro de transportes William de Aquino afirmou que a Arena “atingiu um ponto de maturidade” ao combinar exposições e comunicações técnicas em um mesmo ambiente. Para ele, a estrutura permite ao visitante relacionar as discussões conceituais com equipamentos e soluções disponíveis no mercado. Aquino destacou também o caráter participativo dos estandes e a presença de experiências de diversas cidades brasileiras, o que, em sua avaliação, amplia a representatividade do evento.

Ele observou ainda que São Paulo oferece condições adequadas para sediar o encontro, tanto pela rede de transporte quanto pela concentração de empresas do setor. Em sua visão, o formato contribui para uma convivência entre diferentes gerações e perfis profissionais, favorecendo a troca de experiências.

Pluralidade de temas e interlocutores

O engenheiro e professor Helcio Raymundo destacou o caráter plural da Arena, que reúne diferentes modais, gestores, fabricantes e especialistas. Ele afirmou que a presença de múltiplas visões políticas e técnicas preserva o espírito original da ANTP, voltado à inclusão de diferentes correntes do transporte público. Raymundo avaliou que o modelo das arenas eletrônicas oferece ao público a possibilidade de acompanhar mais de um debate, ampliando o alcance dos conteúdos.

Embora tenha observado que o dinamismo das sessões pode reduzir o tempo de reflexão sobre cada tema, o engenheiro considerou o formato adequado ao atual contexto do setor, que demanda agilidade na troca de informações e no acesso a boas práticas.

Relevância técnica e engajamento

Para Francisco Christóvam, diretor-executivo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), a Arena ANTP consolida-se como o principal espaço de encontro do transporte público brasileiro. Ele destacou a presença de gestores municipais e estaduais, operadores e acadêmicos, apontando que a programação reúne temas de impacto direto nas políticas de mobilidade, como marco regulatório, financiamento do sistema, tarifa zero e reforma tributária.

Christóvam ressaltou que os painéis favorecem o diálogo entre os diferentes agentes e colocam o transporte público em um nível estratégico de discussão, superando visões fragmentadas. Para ele, o formato estimula o debate técnico e aproxima o setor produtivo das decisões de gestão urbana.

Diálogo sobre soluções e inovação

O diretor na Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, do Ministério das Cidades, Marcos Daniel Souza dos Santos, considerou que o evento evidencia avanços nas discussões sobre tecnologia, regulação e financiamento. Ele destacou a presença de experiências voltadas à eletrificação da frota e ao uso de dados na operação dos sistemas. Segundo Daniel, a Arena cria um espaço de cooperação entre representantes de diferentes esferas de governo e empresas, promovendo o compartilhamento de práticas que buscam eficiência e sustentabilidade.

Continuidade e amadurecimento

O engenheiro e professor Jurandir Fernandes, vice-presidente honorário da UITP (União Internacional de Transportes Públicos) e ex-presidente da ANTP, afirmou que a Arena 2025 demonstra a continuidade de um modelo que se consolidou. Ele apontou melhorias na estrutura, no som e na disposição dos espaços, que facilitam a circulação e o acompanhamento das apresentações. Fernandes considerou que a dinâmica dos painéis mantém o público engajado e contribui para o aproveitamento dos conteúdos técnicos.

Interação entre mercado e políticas públicas

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus), Ruben Bisi, ressaltou a importância do Arena como ponto de convergência entre operadores, fabricantes, financiadores e gestores públicos. Ele observou que a presença de bancos e instituições de crédito favorece o avanço de projetos de renovação de frota e financiamento do transporte público. Bisi elogiou também a diversidade dos temas abordados — de tarifas a novas tecnologias — e considerou o modelo das arenas abertas adequado para facilitar a circulação dos participantes entre diferentes sessões.

O dirigente ponderou apenas a limitação natural do formato, em que nem todos os conteúdos podem ser acompanhados ao mesmo tempo. Ele sugeriu que o material seja disponibilizado em vídeo para acesso posterior, ampliando o alcance das discussões.

Foco em financiamento e novas tecnologias

O consultor Sérgio Avelleda destacou o ambiente de cooperação entre governo, iniciativa privada e academia. Para ele, a Arena mostra que o transporte público recupera protagonismo após o impacto da pandemia e passa a integrar a agenda de políticas nacionais. Avelleda apontou o papel do BNDES no fomento à mobilidade metropolitana e a relevância de soluções tecnológicas apresentadas, como os ônibus elétricos produzidos no país.

Em sua avaliação, o evento cria oportunidades de articulação entre projetos públicos e privados, com base em estudos e propostas concretas.

Consolidação de um formato

O Arena ANTP 2025 reafirmou o modelo de congresso integrado que combina debates técnicos e exposição de soluções. As falas dos participantes convergiram na avaliação de que o formato favorece o intercâmbio entre teoria e prática, amplia a representatividade e mantém o evento como principal referência nacional do setor.

Entre as observações registradas, predominam comentários sobre o dinamismo do formato e a necessidade de ampliar o acesso posterior ao conteúdo apresentado. Fora isso, o tom geral é de reconhecimento: o encontro confirma a consolidação da Arena como espaço de articulação institucional e técnica da mobilidade urbana no Brasil.

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