Migração do ônibus rodoviário 8×2 para 6×2 é tendência no mercado brasileiro

Por ser indicado para linhas que percorrem distâncias de 400 a 700 quilômetros, o modelo 8×2 tem sido quase exclusivo para operações de turismo, enquanto o 6×2 tem sido mais usado em linhas longas devido à maior capacidade para o transporte de bagagens e encomendas

Sonia Moraes

A migração do ônibus rodoviário Double Decker 8×2 para o modelo 6×2 continua no mercado brasileiro. “Esse movimento tem ocorrido entre os grandes operadores de linhas rodoviárias e até de linhas de longas distâncias porque o 6×2 tem mais espaço de bagagem, possui um eixo a menos e paga menos pedágio, diminuindo o custo de manutenção”, revela Gustavo Cecchetto, gerente de vendas de soluções para mobilidade da Scania operações comerciais Brasil, em entrevista para a Technibus.  “Então, o modelo 8×2, exceto algumas operações rodoviárias, tem ficado quase que exclusivo para a operação de turismo.”

Na Scania, o ônibus rodoviário 8×2 de 450 e 500 cv de potência tem 25% de representatividade nas vendas. “O modelo de 450 cv é um veículo mais otimizado e o modelo de 500 cv é o estado da arte. É um ônibus super completo, top de linha, com roda de alumínio e acabamento premium”, detalha Cecchetto.

No segmento rodoviário, o modelo 6×2 tem atualmente 50% de participação nas vendas de ônibus. Os 50% restantes se dividem em 25% para o modelo 8×2 e 25% para o 4×2, versão mais simples da categoria. “A escolha por um modelo 8×2 ou 6×2 é muito particular de cada empresa”, afirma Walter Barbosa, vice-presidente de vendas e marketing, peças e serviços ônibus da Mercedes-Benz.

A diferença do ônibus Double Decker 8×2 para o 6×2 está na característica da linha e no perfil de passageiros, se a bagagem é grande ou pequena. “Se a viagem é de São Paulo a Recife, o rodoviário 8×2 não é a melhor opção, porque tem pouco espaço para a bagagem”, explica Barbosa. “Em linhas longas, as pessoas ficam mais tempo em viagem e, naturalmente, levam malas maiores, aí o modelo indicado é o High Decker (HD), em vez de um Double Decker.”

O ônibus com carroceria High Decker tem piso superior com assentos e piso inferior exclusivo para o transporte de bagagens e encomendas. “Este ônibus tem bagageiro extremamente alto e no piso superior acomodam os passageiros”, detalha Barbosa.

A escolha por um ônibus High Decker depende do perfil da empresa. Segundo Barbosa, atualmente muita empresa do segmento rodoviário tem de 16% a 18% do seu negócio o transporte de carga. “Então, ela precisa de mais bagageiro.”

O rodoviário Double Decker 8×2 é mais indicado para linhas de alta rentabilidade, de ticket mais elevado, que percorrem distâncias de 400 a 700 quilômetros. “Nas viagens com este ônibus, as pessoas não levam malas grandes, o transporte de carga é menor e se consegue versatilidade no preço das passagens”, diz Barbosa.

O Double Decker 8×2 tem no piso inferior o leito cama, o qual é muito próximo da primeira classe de um avião, e em cima um semileito ou uma versão convencional. “Por isso a versatilidade de oferecer preços diferenciados de passagens. Mas, não é um ônibus que circula em qualquer lugar e tem sido muito usado pelo passageiro do avião”, destaca Barbosa.

Modelo 8×2 mais imponente

No mercado de ônibus, o modelo Double Decker 8×2 é destacado como um veículo mais imponente e com vocação para o conforto. “É um modelo que chama a atenção do passageiro e captura um ticket de maior lucro para o empresário”, afirma Paulo Arabian, diretor comercial da Volvo Buses.

O ônibus 8×2 completo custa mais de R$ 2 milhões e o custo de manutenção é superior ao do modelo 6×2, por ter um eixo a mais e dois pneus a mais. “O maior volume no segmento rodoviário ainda se concentra no modelo 6×2, por ser mais versátil. Tem um custo de aquisição menor e a manutenção é inferior ao 8×2 por ter um eixo a menos. E este ônibus oferece a mesma segurança e padrão de conforto com quatro assentos a menos”, diz Arabian.

Modelo Volvo 6×2 com carroceria Marcopolo (Divulgação)

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