A Mercedes-Benz projeta uma expansão entre 10% e 12% para o mercado de ônibus neste ano, com as vendas oscilando entre 23 mil e 25 mil unidades. “Se considerarmos o emplacamento de 5.500 veículos no primeiro trimestre, com aumento de 35% sobre os três meses de 2024, é possível chegar a esse resultado”, afirma Walter Barbosa, vice-presidente de vendas e marketing peças e serviços ônibus da Mercedes-Benz, em entrevista para a Technibus.
No mercado de ônibus, a Mercedes-Benz ocupa o primeiro lugar no ranking de vendas, tendo emplacado 2.306 veículos no primeiro trimestre deste ano, 5,2% a mais que no acumulado de janeiro a março de 2024 (2.193 unidades). A empresa tem 70% de participação no segmento urbano, 56% no rodoviário, 50% no fretamento e 24% no micro-ônibus e acumula pedidos até o meio do ano, com maior volume de negócios no segmento de urbanos.
Na avaliação de Barbosa, o ano de 2024 foi muito bom para o mercado de ônibus, quando emplacou 22.349 veículos – 4.300 escolares e 18.000 unidades dos demais modelos –, melhor resultado que em 2019, que foi o último melhor ano antes da pandemia quando tivemos 20.700 ônibus vendidos no país. O segmento de urbanos recebeu vários incentivos governamentais, com R$ 10,6 bilhões de recursos provenientes do PAC da Mobilidade, R$ 1,1 bilhão do Refrota liberado pela Caixa Econômica Federal por meio do FGTS com taxas de juros atrativas, e R$ 10 bilhões o Fundo Clima para a compra de elétricos. “E 2025 vai ser muito bom também para todos os segmentos de ônibus, pois o mercado vem se mantendo aquecido”, afirma Barbosa e informa que já foram disponibilizados neste ano R$ 4,4 bilhões para a mobilidade, incluindo trem e metrô.
Dos 25.000 ônibus que a Mercedes-Benz espera que o mercado venda neste ano, 6.000 unidades são de escolares e 19.000 dos demais modelos. No primeiro trimestre, foram emplacados 1.260 escolares, com crescimento de 348% sobre o mesmo período de 2024. O fretamento cresceu 70%, com 657 ônibus, e os urbanos tiveram aumento de 14%, com 2.062 veículos, segundo Barbosa.
O segmento rodoviário teve redução de 20% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, e emplacou 471 unidades, devido ao grande volume, de 2.850 modelos vendidos em 2024, acima da média do mercado, a qual é de 2.000 veículos. “Este ano, a chance de o mercado rodoviário ser menor é enorme, não porque o setor não está com desempenho positivo ou está ruim, mas porque foi muito forte no ano passado”, destaca Barbosa.
No mercado rodoviário, a Mercedes-Benz compete com o modelo O500 RS, RSD e RSDD, usado por empresas como a Expresso Guanabara, Viação Cometa, Viação Garcia, 1001 e Itapemirim. “Este mercado deve emplacar 2.300 unidades neste ano”, prevê Barbosa.
Guerra tarifária
Apesar das expectativas positivas para o mercado de ônibus, alguns fatores podem atrapalhar o bom desempenho neste ano, segundo Barbosa, como a taxa de juros elevada, com a Selic em 14,25% ao ano, e as incertezas em relação ao programa tarifário dos Estados Unidos. “Ainda não conseguimos prever como essa medida poderá afetar o custo da matéria-prima no Brasil e o consumo”, diz o executivo.
Embora a dependência do segmento de ônibus e caminhões no Brasil em relação aos Estados Unidos seja muito pequena, essa medida pode eventualmente afetar a Alemanha e outros países da Europa, segundo Barbosa. “Sabemos que o custo de vida vai subir significativamente nos Estados Unidos porque as tarifas vão afetar o consumidor e, por consequência natural, ele vai deixar de consumir.” O impacto que isso causará na cadeia global ainda não é possível dimensionar. “Se o cidadão deixar de consumir, vai afetar a cadeia de fornecedores no mundo inteiro, pois ao reduzir o consumo, diminui o volume de produção e, naturalmente, aumenta o custo fixo”, calcula.
Por outro lado, Barbosa avalia que essa guerra tarifária poderá beneficiar o Brasil, que teve menor aumento de tarifa de importações, de 10%, em relação aos outros países, cujo índice varia de 20%, 50% até 125%. “Isso também pode gerar oportunidades para o nosso país em termos de exportação. Mas eu mantenho a previsão de que teremos um ano muito bom para todos os segmentos, seja escolar, urbano, fretamento, micro-ônibus e rodoviário.”
Como indicadores positivos, o vice-presidente de vendas da Mercedes-Benz citou o subsídio que há em mais de 365 municípios e a tarifa zero em mais de 128 cidades, o que gera mais demanda de passageiros, mais receita para o operador e mais compra de ônibus novos. “O segmento de ônibus tem vários programas federais, com recursos mais atrativos do BNDES para renovação de frota e o Refrota com taxa de juros ao redor de 10,8%, abaixo do financiamento convencional de 15% a 16% ao ano”, destaca Barbosa.
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