Adamo Bazani, colaborou Arthur Ferrari
(Parceria Technibus/OTM Editora e Diário do Transporte)
Em julho deste ano de 2024 entram em vigor em toda a comunidade europeia novas normas de segurança obrigatórias em ônibus. Trata-se da fase B da chamada GSR (General Safety Regulation) que impõem parâmetros de segurança que só podem ser atendidos com a incorporação de alta tecnologia que, na prática, deixa os ônibus semi-autônomos, ou seja, algumas das ações independem do acionamento do motorista. A indústria chama este tipo de tecnologia de ativa. Há também algumas tecnologias chamadas de passivas neste pacote, ou seja, emitem alertas, mas quem age é o motorista.
Assim, estas funcionalidades não dispensam treinamentos de qualidade dos condutores. Pelo contrário, para aproveitar melhor estas tecnologias, serão necessários treinamentos específicos.
O Diário do Transporte está nesta segunda-feira, 18 de março de 2024, em Madrid na Espanha, a convite da Mercedes-Benz, para acompanhar o evento mundial Driving Experience, no qual, a fabricante apresenta para empresas de ônibus, gestores públicos e imprensa especializada, os pacotes tecnológicos para atender a estas novas exigências.
Há também algumas tecnologias não obrigatórias na norma, mas que devem ser incorporadas com as próximas fases e que agora são opcionais. Uma parte do pacote é um avanço da fase A do conjunto de normas previstas no GSR.
A fase A entrou em vigor em 2023, com implementação em 06 de julho de 2022, e se baseou em tecnologias que dificultam que os motoristas desabilitem os sistemas de segurança. Em 07 de julho de 2024, entra a fase B, da qual a Mercedes-Benz apresenta as tecnologias, muito embora todas as marcas devem atender.
A fase C tem previsão para entrar em vigor em 07 de julho de 2026 e a fase D do GSR, em 2028, passando a vigorar em 07 de janeiro de 2029.
O que a Mercedes-Benz apresenta é uma evolução de tecnologias existentes, outras soluções inéditas para cumprir as obrigatoriedades e opcionais para deixar os ônibus mais seguros.
- ABA (Active Brake Assist) 6: Uma evolução do ABA 5. É um sistema automático de franagem inteligente, que para o ônibus sozinho em situações de perigo para evitar acidentes. Na Europa, a obrigatoriedade é para ônibus rodoviários. Os urbanos estão fora da obrigação porque rodam com menor velocidade.
Diferenças entre ABA 5 e ABA 6
O ABA 6 ampliou o raio de visão a partir da frente para 270 graus de detecção pelo sistema de câmeras e sensores dos veículos e obstáculos à frente. O ABA 5 era só na linha reta de trajetória do ônibus.
O ABA 6 possui, assim, sistema multifaixa, considerado importante em caso de mudança repentina de faixa.
O ABA 6 reconhece ciclistas, o que o 5 não fazia.
O ABA 5 zera a possibilidade de impacto se o ônibus estiver a 90 km/h para outros veículos automotores e a 60 km/h em caso de ciclistas e pedestres. O ABA 5 tinha possibilidade zero de impacto em automotores a 80 km/h, 60 km/h em pedestres e não idenficava ciclistas.
Mas além do ABA, há outros sistemas de segurança.
Traffic Sign Assist: Sensor que identifica velocidade máxima em cada via e alerta o motorista se ultrapassar.
Alcohol Interlock: Sensor de presença de álcool no motorista. Como se fosse um barômetro que faz a apuração dentro do próprio ônibus. Se o motorista não fizer o exame, o ônibus não liga.
Drowsiness and Attention Warning System: Emite sinais de alerta quando detectar que o motorista está com sono. Para isso, analisa o comportamento do ônibus como mudança de velocidade e sinais do motorista , como se está muito tempo numa posição, postura e faciais.
Mirrow Cam 360: Um conjunto de câmeras que filma o ônibus em tempo real em 360 graus e exibe para o motorista. Com isso, há zero ponto cego. A tecnologia é opcional, não sendo obrigatória.
TPMS (Tire Pressure Monitoring System): mede e monitora em tempo real a temperatura e pressão de pneus.
Side Guard Assist: identifica ciclistas ou pedestres na lateral e avisa no painel, mas quem freia é o motorista.
Front Guard Assist: mesma função da Side, mas identifica quem está na frente.
Blinde Spot: Sensor de ponto cego. Identifica carros, ciclistas e pedestres e avisa o motorista.
ADA 2 (Active Drive Assist): evita a troca de faixa de rolamento sem dar seta. No Brasil, a Mercedes-Benz disponibiliza tecnologia semelhante chamada LDWS. A diferença é que, além de alertar a mudança sem seta como o LDWS, o ADA 2 tem câmeras que detectam o olhar do motorista e consegue automaticamente impedir a mudança de faixa.
Algumas tecnologias podem ser implantadas nos ônibus brasileiros, mas sem uma exigência legal por enquanto, como na Europa.
No Brasil, já há tecnologias semelhantes já disponíveis, como ABA 5 (frenagem automática), o LDWS (sensor de faixa), Side e Front Guard Assist (identifica pedestres e ciclistas). Mas diferentemente da Europa, não são obrigatórias.
Um pacote completo hoje disponível no Brasil sai por cerca de R$ 15 mil por ônibus.
Por este motivo, a procura maior por este tipo de tecnologia é para ônibus com maior valor, como os DD (Double Decker), que podem chegar a R$ 2 milhões.
No Brasil, há também a possibilidade de não comprar o pacote completo, mas somente alguns itens.
Um ponto de destaque é que todas estas novas tecnologias só foram possíveis nos modelos de padrão Euro 6 (de redução de poluição), mas não por causa das emissões e sim porque o nível de eletrônica no Euro 6 é maior.