Technibus – Quais os principais pilares da nova estratégia de crescimento da Empresa 1, que foi anunciada juntamente com a sua nomeação?
Fábio Juvenal Ferreira – A Empresa 1 é pioneira em desenvolvimento e inovação desde a sua fundação. Temos observado continuamente a questão da mobilidade, que vai além da ‘mobilidade urbana’, e o conceito de Mobilidade como Serviço (MaaS), de forma a direcionar nossos trabalhos de pesquisa e inovação para melhorar as operações dos nossos clientes. Neste âmbito, os pilares da nossa estratégia estão baseados em uma relação próxima e colaborativa com nossos clientes, investimento em pesquisa e inovação. E também em oferecer soluções de alto valor agregado, que otimizem as operações de mobilidade como um todo.
Technibus – Quais os principais desafios de assumir a presidência da Empresa 1?
Fábio Juvenal Ferreira – Eu diria que o nosso maior desafio é ter a percepção correta das tendências do mercado e tomar decisões precisas alinhadas às expectativas deste mercado, de forma proativa. No entanto, a Empresa 1 possui um time excepcional, altamente comprometido e capacitado. Fico muito feliz e honrado em poder fazer parte desta equipe. A experiência e capacidade do time facilita muito este trabalho.
Technibus – Quais as principais mudanças ocorridas no mercado de mobilidade e transporte público desde a pandemia?
Fábio Juvenal Ferreira – Transporte público é uma obrigação governamental assim como saúde e educação. A diferença é que o transporte público é custeado pela tarifa e, em alguns locais, com subsídios complementares da administração pública. Com a pandemia, o número de passageiros foi reduzido drasticamente, trazendo um desequilíbrio econômico gigantesco nos contratos, impedindo investimentos e, consequentemente, a melhoria da qualidade dos serviços prestados. A questão do teletrabalho ou trabalho híbrido também se tornou uma realidade permanente que cria um paradigma de mobilidade.
O setor precisa se adaptar à nova realidade no tocante à demanda e à forma de remuneração dos serviços e isso inclui a otimização por meio de tecnologias que podem ajudar na redução de custos e melhoria da qualidade. Se o transporte público oferece um serviço mais eficiente do que o carro particular, você consegue atrair este passageiro e retirar um veículo da rua.
Technibus – A Empresa 1 apresentou novos produtos e soluções na Lat.Bus 2022?
Fábio Juvenal Ferreira – Levamos para a Lat.Bus 2022 nosso portfólio completo de soluções para o transporte público, com incrementos e novidades em meios de pagamento e serviços para o usuário. Uma das novas soluções que apresentamos é a carteira digital para gerenciamento dos créditos de transporte. Este é um serviço faz parte da evolução do nosso aplicativo, o SI.GO, que já conta com funcionalidades como compra de ticket e pagamento direto no validador, recarga de cartões e recadastramento de usuário. O nosso chatbot para venda de crédito e recarga de cartão, integrado ao WhatsApp foi outro destaque.
Já falando em hardware, mostramos com exclusividade o terminal de vendas para recarga de crédito com pagamento via PIX, um novo equipamento funcional e de fácil instalação (modo plugin, em parede ou totem) que vai ampliar as possibilidades de venda e flexibilizar o acesso ao crédito pelo usuário. Nossos validadores, conhecidos por serem os mais robustos do mercado, também receberam um incremento, com a nova funcionalidade de compra com PIX e liberação imediata na catraca.
Technibus – Como o senhor avalia o processo de digitalização no transporte público no Brasil e no restante da América Latina?
Fábio Juvenal Ferreira – Os usuários do transporte público são ‘digitais’ em sua maioria. Com a chegada do 5G, será possível ter uma interação muito mais ampla com veículos (ônibus especialmente) e permitir uma troca de informações muito maior com usuários, ampliando a base de dados disponível para melhoria das rotas e das ofertas, tanto em modais de transporte de massa como metrôs e trens, como sistemas de média capacidade como ônibus, BRT, VLT e principalmente sistemas por demanda e micromobilidade. Tanto o Brasil como outros países da América Latina têm discutido a integração de informações entre os usuários e sistemas, que muitas vezes operam de forma independente e desconectada.
Eu vejo também que o transporte público atualmente, assim como outros setores, está sendo impulsionado por um movimento de descentralização das informações. Comunicação, transações, armazenamento, todos esses processos estão acontecendo cada vez mais em dispositivos da ponta como validadores online e smartphones. Por exemplo, hoje o operador pode oferecer uma série de alternativas para que o usuário compre seu crédito para o transporte ou recarregue seu cartão de forma online, em qualquer horário do dia. Ou seja, tudo tem funcionado de forma 24dias e sete vezes por semana, é só pensar no PIX, por exemplo.
Essa descentralização, que está diretamente relacionada à digitalização, implica a necessidade de os sistemas de transporte se prepararem para garantir a disponibilidade contínua das plataformas de bilhetagem e a segurança de todos os dados da operação.
Para continuar evoluindo de forma segura e desenvolvendo soluções digitais inovadoras, a Empresa 1 está sempre atenta aos movimentos do mercado e segue investindo em tecnologia e infraestrutura que garantam aos nossos clientes os níveis mais elevados de disponibilidade e segurança. Isso inclui, por exemplo, serviço de hospedagem com padrão internacional, processos auditados por meio de padrões de governança, riscos e compliance e certificações em segurança de dados.
Technibus – Quais as principais tendências em mobilidade para os próximos anos?
Fábio Juvenal Ferreira – Creio que cada vez mais o caminho é dar opção ao passageiro, seja adicionando novos meios de pagamento ou alternativas multimodais. Investir em uma plataforma de bilhetagem preparada para essas evoluções é um primeiro passo. Aqui na Empresa 1 nós acreditamos no desenvolvimento escalável dos sistemas de transporte e todas as soluções são pensadas dessa forma, para que o operador possa evoluir em seu ritmo.
Falando em tendências, enxergo como caminho natural para os sistemas de transporte público a migração para o on-line, que abre uma série de possibilidades para essas evoluções, sobretudo quando pensamos na experiência do cliente. Além da experiência da viagem, que deve considerar uma abordagem porta-a-porta e não restrita a um modal específico (casos em que o passageiro possui uma etapa em um modal extremamente confiável e confortável e outro com serviço precário), o passageiro quer ter a opção de decidir pelo que lhe parece mais interessante naquele momento, ou seja, uma viagem mais rápida, mais confortável, considerando mais ou menos transferências, enfim, o passageiro quer ser dono da sua viagem e não ter somente uma opção pré-definida, comparada à alternativa do transporte individual.
Neste sentido, a tecnologia é um aliado importante tanto do passageiro como dos operadores, que poderão se reorganizar em tempo real e dar respostas efetivas que atraiam o passageiro.