Technibus – Qual a importância da sustentabilidade e da agenda ESG para a Viação Ouro e Prata?
Luana Fleck – A Ouro e Prata sempre pensa em novos projetos que envolvam a responsabilidade socioambiental, já que este é um dos principais valores da empresa. Nossa trajetória é marcada pela visão sustentável ao preservar recursos naturais para trazer os melhores resultados para o meio ambiente e para as pessoas. Através destas ações, contribuímos com a redução dos impactos no meio ambiente e inspiramos outras empresas e pessoas a realizarem ações voltadas a causas sociais e sustentáveis.
Além dessas práticas, a Ouro e Prata também trabalha a Governança, contemplando todos os pilares que fazem parte da agenda ESG. Acreditamos que implantar o ESG significa uma conscientização coletiva de pessoas e empresas em torno de fatores essenciais, promovendo um mundo mais justo e sustentável. Entender e praticar o ESG significa atender estas demandas socioambientais e também diminuir os riscos financeiros da empresa, preservando seus investimentos.
Technibus – Que ações ligadas ao tema a empresa já implementou?
Luana Fleck – A Ouro e Prata possui uma série de ações e práticas sociais e ambientais. Entre elas, podemos destacar:
– A adesão ao Programa Ambiental do Transporte (Despoluir), um programa que reduz a emissão de gases poluentes de motores e diesel, e melhora também a qualidade do ar; a aquisição de veículos com motor e ar-condicionado ecológico, o que reduz a emissão de poluentes (motor ecológico) e não agride a camada de ozônio (ar-condicionado ecológico).
– A utilização de Motores BlueTec 5 reduz a emissão de resíduos contaminantes e partículas no ar, pois os motores BlueTec 5 proporcionam economia de combustível e as trocas de óleo se tornam mais espaçadas. Utilizamos um sistema de captação, tratamento e reutilização da água da chuva na lavagem e descarga dos ônibus, e cerca de 300 mil litros de água por mês deixam de ser retiradas do meio ambiente para a lavagem dos ônibus.
– O Projeto Seleciclar, um programa que promove internamente conceitos de preservação do meio ambiente, difundindo a consciência ecológica através da separação dos resíduos, que são destinados a projetos de responsabilidade social desenvolvidos em parceria com a prefeitura do município. O Seleciclar consiste em separação seletiva, acondicionamento e destinação dos materiais recicláveis, orgânicos e metais, que são devidamente depositados em locais apropriados, identificados e separados por cores, buscando despertar em seus colaboradores a consciência de valorização do meio ambiente.
– A Ouro e Prata se preocupa com o destino dos materiais produzidos e que não são mais utilizados, como exemplo: panfletos, capas de poltrona e outros itens. Além do Seleciclar, a empresa realiza doação de capas de poltrona anteriormente utilizadas nos ônibus e, também, de impressos e lonas para grupos de economia solidária que os transformam em produtos como camisetas, cobertores, bolsas, que geram renda a famílias em situação de vulnerabilidade social.
– Recentemente, no aniversário de 82 anos da empresa, realizamos uma ação de reflorestamento em uma área de proteção ambiental onde a Ouro e Prata plantou 438 árvores nativas na área de preservação permanente na cidade de Gravataí (RS), localizado na escola de ensino médio Jocum. O bioma da área escolhida é a Mata Atlântica, a qual abrange cerca de 15% do território nacional, em 17 estados. É o lar de 72% dos brasileiros e concentra 70% do PIB nacional. Dela dependem serviços essenciais como abastecimento de água, regulação do clima, agricultura, pesca, energia elétrica e turismo. Hoje, restam apenas 12,4% da floresta que existia originalmente. Por esse motivo, essa iniciativa contribui para a manutenção de serviços ambientais essenciais à vida e para o fortalecimento de organizações locais. Como resultado conseguimos compensar 73 mil kg de CO²eq e contemplar três Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS 11, ODS 15 E ODS 13).
– Anualmente, a empresa realiza uma campanha do agasalho entre junho e agosto. As doações provenientes dos colaboradores e das filiais são encaminhadas para diversas entidades sociais em Porto Alegre e no interior.
Technibus – Existem projetos futuros em estudo?
Luana Fleck – Atualmente temos uma série de ações que estão em desenvolvimento e manutenção. Como novidade, a Ouro e Prata está estudando atualmente a implantação de painéis solares nas suas sedes para fazer o abastecimento da energia, mas este projeto ainda não tem data para ser implantado.
Technibus – Qual a expectativa em relação ao III Fórum Transporte Sustentável? Qual será o teor da apresentação da empresa?
Luana Fleck – A Ouro e Prata participará do III Fórum Transporte Sustentável por meio de um debate sobre Cases e Boas práticas em ESG, englobando não somente o pilar sustentabilidade, como também social e de governança. Hoje temos vários projetos que se enquadram dentro da agenda, por isso será uma excelente oportunidade de expor as boas práticas e também ver oportunidades de novas ações e projetos que podemos implementar na Ouro e Prata por meio da troca com outras empresas.
Technibus – No geral, o segmento de transporte rodoviário de passageiros tem se engajado no tema da sustentabilidade?
Luana Fleck – Cada vez mais o setor está se voltando para este tema. Esta consciência permeia os diferentes produtores da cadeia do transporte rodoviário de passageiros. Percebemos uma evolução na tecnologia dos ônibus, uma tendência na renovação de energia nas garagens (utilização de painéis solares) e também a adoção de práticas sustentáveis como o aproveitamento de água da chuva e a reciclagem do lixo e resíduos. Estes são alguns exemplos de mudanças que já percebemos no setor como um todo.
Technibus – Como o poder público poderia incentivar mais as empresas do setor a adotar práticas sustentáveis?
Luana Fleck – O incentivo do poder público é essencial para impulsionar as empresas a investirem cada vez mais em práticas sustentáveis. Um exemplo são os painéis solares. Em janeiro deste ano, o governo federal sancionou a Lei nº 14.300/22. Trata-se da criação do Marco Legal da Geração Distribuída. Com a nova lei, a partir de janeiro de 2023 será cobrada uma tarifa correspondente ao armazenamento na rede de distribuição. Porém, quem já tem usina fotovoltaica ou quem construir uma ainda neste ano, não precisará arcar com tais custos e ficará isento do pagamento até 2045. Essa vantagem tem se mostrado bastante atraente para as empresas agilizarem e apostarem nesta nova forma de gerar energia.
Technibus – No que se refere à nova matriz energética, a empresa acredita em uma transição para ônibus elétricos? E quanto a outras fontes de energia limpa?
Luana Fleck – Apesar de ser uma excelente alternativa, ainda é necessário um grande investimento em infraestrutura para a implantação dos ônibus elétricos nas rodovias do Brasil. A Ouro e Prata trabalha com linhas muito longas e isso dificulta o “abastecimento” deste tipo de ônibus com as estruturas atuais que temos no país. Para ter uma ideia, temos uma linha que liga Porto Alegre a Santarém com mais de quatro mil quilômetros, contabilizando três dias e meio de viagem. Neste caso, seriam necessárias muitas paradas para recarga e isso se tornaria inviável por questão de logística e também por falta de locais adequados para este abastecimento.