Autolatina: “O ônibus que nasceu do sonho”

A 11ª edição da Technibus apresentava um novo produto desenvolvido pela joint venture entre Volkswagen e Ford, destacando a importância da livre concorrência

Marcia Pinna

A chegada da Autolatina, uma joint venture formada entre a Ford e a Volkswagen no Brasil e na Argentina, no final dos anos 80, agitou o mercado de ônibus. O união estratégica entre as duas empresas duraria até 1996, quando as mudanças no cenário econômico faria com que elas optassem por voltar a operar separadamente. A 11ª edição da Technibus de março/abril de 1993, apresentava o resultado dessa ação conjunta. A reportagem não poupava a linguagem poética para contar essa grande novidade, que prometia trazer mais competitividade e modernidade ao setor.

Sonhar não é uma viagem franqueada apenas a poetas e namorados. Ocupa espaço também na alma de compenetrados executivos da indústria e pragmáticos frotistas de ônibus. Da fusão de sonhos nasceu um ônibus que desde 10 de março começou a sair da fábrica da Autolatina no bairro do Ipiranga da cidade de São Paulo, ostentando as marcas Ford e Volkswagen. Uma rede especializada em ônibus que
reúne cinco dezenas de revendedores das duas marcas será responsável pelas vendas e assistência
técnica. Até a chegada definitiva ao mercado foram precisos cerca de 36 meses de desenvolvimento e US$ 20 milhões em investimentos. “

A proposta era apresentar um modelo melhor que o da concorrência. Não havia espaço para erros, pois a Autolatina enfrentava um concorrente como a Mercedes-Benz, que detinha 90% de participação no segmento de ônibus urbano. E para a concepção do produto, contou com a ajuda dos frotistas: a Autolatina decidiu simplesmente perguntar ao cliente o que ele queria e não queria ter num ônibus.

Segundo a reportagem da Technibus 11, “foi uma operação de guerra. Estrategicamente, mais de 20 protótipos foram espalhados pelo Brasil com o objetivo de ‘testar na prática’ os ônibus Ford e Volkswagen. A Technibus ouviu frotistas que participaram dos testes. As respostas, a um questionário enviado aos operadores, contam com algum grau de inibição por causa do período relativamente curto das avaliações.”

O sonho não duraria muito, mas a Autolatina, ao acirrar a disputa pelo mercado de urbanos, trouxe um sopro de renovação à indústria brasileira. O editor da Technibus na época, Arivérson Feltrin, o saudoso Ari, comentava em seu editorial, que a chegada da joint venture seria um estímulo para que a concorrente Mercedes-Benz continuasse se aprimorando para manter-se na liderança.

Amplia-se o leque de opções e, como tal, o poder de escolha do frotista. A concorrência tem como sinônimos as palavras competição, rivalidade, disputa. É certamente uma declaração de guerra à ineficiência, à má qualidade, ao relaxamento, ao desrespeito ao consumidor. O mercado aberto traz maiores riscos, porém, oferece mais estímulos à iniciativa privada. A competição é um estímulo à vida, à liberdade, pois sacode o homem do marasmo e das mesmices encontradas nos regimes fechados e nas empresas esclerosadas.

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