BYD lança o chassi elétrico Midi BC10LE com piso baixo

O novo ônibus tem uma tonelada e meia a menos de peso, tendo sido desenvolvido para a cidade de São Paulo, e apresenta como grande novidade a utilização da bateria Blade de última geração

Sonia Moraes

A BYD lança no Arena ANTP 2025 o ônibus elétrico BC10 LE, com chassi de 10 metros, para operação urbana. A empresa trabalha nesse projeto desde 2023 e o modelo foi desenvolvido para a cidade de São Paulo, que demanda piso baixo em toda a operação. O novo ônibus começará a circular no próximo ano e a ideia, segundo Bruno Paiva, diretor da divisão de ônibus elétricos da fabricante chinesa, é que ele tenha carroceria da Caio, Marcopolo e Mascarello.

“É um chassi de 10 metros com uma tonelada e meia a menos de peso. Também foi feito um upgrade do motor, do inversor e do controlador. Agora são menos itens fazendo o mesmo trabalho”, explica Paiva.

De acordo com o executivo, o modelo anterior tinha três inversores e três controladores. “Neste novo ônibus, esses equipamentos se fundem, permitindo que uma única peça realize a mesma função. Com menos itens, reduz o problema durante a operação”, detalha.

A novidade para o chassi BC10 LE é a utilização da bateria Blade de última geração, lançada mundialmente em 2020, que passará a equipar todos os ônibus elétricos da BYD. Com formato alongado e estrutura interna que utiliza células LFP (lítio-ferro-fosfato) dispostas horizontalmente, essa bateria otimiza o uso do espaço e reforça a rigidez estrutural do veículo.

O tempo de recarga e a autonomia dos veículos são dois problemas que os ônibus elétricos enfrentam atualmente, segundo Paiva. “E a BYD está tentando resolver ou amenizar esses problemas com o avanço das tecnologias para suprir as deficiências e cada vez mais melhorar a experiência de ter um veículo elétrico”, diz o diretor.

Ao comentar sobre os dados técnicos dos ônibus elétricos, Paiva ressalta que a BYD não fala em packs de bateria, mas em quilowatt-hora. Nos novos ônibus elétricos, as baterias variam entre 425 kWh e 499 kWh no modelo BC12 e entre 542 kWh e 642 kWh no modelo BC22, permitindo recargas completas entre uma hora e meia e duas horas por meio da tecnologia de carregamento rápido.

“Dependendo da operação, se consegue modular a quantidade de bateria para aumentar a autonomia do veículo. Nas operações urbanas, os ônibus terão autonomia de até 270 quilômetros com a bateria de menor capacidade e até 350 quilômetros com a bateria de maior capacidade. Os modelos de 22 metros têm 360 kWh de capacidade de carga, diminuindo o tempo de recarga de 40 a 50 minutos”, explica Paiva.

Incluindo o modelo BC22 e o BC12 de 22 metros com piso baixo, são três novos ônibus elétricos lançados pela BYD neste ano para atender à demanda da cidade de São Paulo, que, segundo Paiva, é um grande mercado e vem demandando grandes volumes.

Avanço na produção

Quando chegou ao Brasil há dez anos, a BYD trouxe um ônibus monobloco, depois passou a oferecer somente o chassi de ônibus com carroceria produzida no Brasil. Hoje, traz os seus veículos em sistema CKD (completamente desmontados) da China e faz a montagem na fábrica de Campinas, no interior de São Paulo, uma das principais unidades da empresa na América Latina, com capacidade para produzir 2.400 chassis por ano.

Toda a moldura do chassi é feita localmente e as baterias, com módulos importados, são montadas na fábrica de Manaus (AM). “A BYD está fazendo investimentos e um upgrade na fábrica para começar, a partir de 2026, a montagem das baterias Blade em Manaus, que irão substituir os modelos anteriores, tornando os chassis com 35% de conteúdo nacional”, revela Paiva.

O diretor da BYD comenta que, desde o ano passado, começou a perceber aumento da demanda por ônibus elétricos na cidade de São Paulo, como também  em outras cidades, embora os volumes sejam menores. “Estamos elaborando o planejamento para 2026 e, provavelmente, estaremos com a fábrica trabalhando a plena capacidade em um turno no próximo ano e a expectativa é de produzir mais de mil chassis de ônibus para atender a cidade de São Paulo. “No evento  Arena ANTP vamos fazer  prospecções do chassi BC10 LE. Já temos muita conversa, mas precisamos fazer o lançamento e começar a receber os pedidos”, diz Paiva.

Ele comenta que o  Arena ANTP é um evento importante para o lançamento do novo ônibus elétrico. “É um ambiente de boa visibilidade, com a participação de órgão gestor e de empresários. É um momento importante para mostrar a mudança da BYD, a evolução do seu produto e a velocidade da empresa em fazer essa evolução tecnológica”, destaca.

A meta da BYD é de fechar 2025 com 500 ônibus produzidos e ter de 30% a 40% de participação deste mercado. “A BYD tem ônibus rodando em muitas cidades brasileiras e muitas negociações em andamento”, informa Paiva.

Da cidade de São Paulo, a empresa tem 70 ônibus articulados encomendados, dos quais 40 serão entregues até o fim do ano e 30 em 2026, além dos 150 modelos de 12 metros, totalizando 220 ônibus para a capital paulista. Os ônibus vão circular nos corredores verdes anunciados pela prefeitura de São Paulo. Para a cidade de Goiânia, capital de Goiás, está programada a entrega de 23 ônibus articulados até o fim do ano.

Expectativa para o transporte urbano

O diretor da BYD afirma que São Paulo é a cidade que direciona o transporte coletivo. “Estamos vendo outras cidades caminhando também na mesma direção para colocar ônibus elétricos nas suas frotas, como Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte, mas acredito que São Paulo vai continuar como impulsionadora da eletromobilidade.”

Paiva afirma que o operador está se acostumando com o ônibus elétrico e a lidar com a eletricidade, o qual tem uma gestão diferente em relação ao custo. “Os que compraram os primeiros ônibus elétricos já fizeram mais pedidos e estão gostando de ter esses modelos em sua frota, porque estão vendo resultado de redução de custo com combustível e manutenção. E os motoristas relatam que, com os ônibus elétricos, o trabalho está menos estressante por ser um veículo silencioso e confortável”.

Confira a cobertura completa do Arena ANTP na Technibus 177

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