Eletra apresenta nova linha de chassis elétricos

A empresa já tem 457 unidades da linha de chassis elétricos encomendadas, entre modelos articulados e básicos, sendo que a maioria será entregue na cidade de São Paulo

Sonia Moraes

A Eletra lança no Arena ANTP 2025 duas plataformas de chassis elétricos: um superarticulado de 21 e 23 metros e outro de 11 até 13 metros, que atendem o modelo de ônibus básico, padron e articulado em várias configurações. Com esse novo produto, a fabricante brasileira muda o seu modelo de comercialização e passa a ser mais um player de mercado, fornecendo um chassi elétrico completo com a marca Eletra.

“O objetivo com este lançamento é vender o chassi eletrificado, ou o ônibus completo. A venda do kit de tração integrado também permanece”, afirma Iêda Maria Oliveira, diretora-executiva da Eletra, em entrevista para a Technibus.

Com o novo modelo de comercialização, a Eletra passa a instalar o kit de tração antes do ônibus estar encarroçado. “A empresa compra a plataforma da Mercedes-Benz, faz a eletrificação e passa a ter a responsabilidade técnica sobre o produto, vendendo o chassi elétrico no mercado com o CAT (Certificado de Adequação à Legislação de Trânsito) como fabricante Eletra”, explica a diretora.

Hoje, a Eletra se destaca no mercado brasileiro em vendas de ônibus elétricos. A meta da empresa é manter essa posição e, em 2026, disputar espaço no mercado latino-americano, onde há forte presença de veículos asiáticos. “O lançamento do chassi elétrico é o passo mais importante que a Eletra deu nos últimos anos. Então, consolidando esse modelo de negócio, a intenção é expandir para outros mercados”, diz a diretora.

Ela acredita que, com o chassi 100% brasileiro, com baterias e motores fabricados no Brasil pela WEG, a plataforma fabricada pela Mercedes-Benz e toda a tecnologia de tração também brasileira, há boas expectativas de avançar no mercado latino-americano, principalmente no Chile. “Vamos resgatar todo o histórico que a Eletra tem em durabilidade de ônibus elétrico, ao ter trólebus operando há 23 anos. Essa é a maior experiência, ninguém no mundo tem esse histórico de veículos elétricos em operação”, diz a diretora da Eletra.

Produção em ritmo acelerado

Para o novo chassi elétrico, a Eletra já tem 457 veículos encomendados, entre modelos articulados e básicos, e a maioria é da cidade de São Paulo. “Tem alguma coisa para o governo do estado de São Paulo – os primeiros lotes para o corredor ABC. Há também uma expectativa grande de oferecer esse modelo para Porto Alegre, que tem uma verba significativa do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], além das negociações com a cidade de Curitiba”, revela a diretora.

Para dar conta da grande demanda, a fábrica da Eletra em São Bernardo do Campo (SP) está trabalhando em ritmo acelerado. “Tivemos alguns problemas que atrapalharam muito as entregas, devido à falta de energia, mas a Enel começou a disponibilizar a energia para as garagens. Por isso, estamos com volume bem alto para entregar até o início de 2026”, conta a executiva.

A fábrica de São Bernardo do Campo tem capacidade para produzir 1.800 ônibus por ano. “Já estamos com um projeto para a instalação da linha de montagem de chassi elétrico e vamos aumentar a capacidade para três mil unidades por ano. Se tudo der certo, até o último trimestre de 2026, vamos iniciar as operações da nova fábrica exclusiva para chassi elétrico”, diz Oliveira

Ela conta que a Eletra continua realizando altos investimentos na fábrica de São Bernardo para avançar com o seu novo modelo de comercialização de veículo elétrico. Em chassi, o montante é de R$ 40 milhões. O próximo passo é que todos os módulos eletrônicos do chassi sejam integrados em um sistema desenvolvido pela própria Eletra.

“A plataforma virá com os módulos mecânicos e a suspensão pneumática original, mas todos os módulos elétricos/eletrônicos serão integrados na fábrica de São Bernardo, como o ABS (sistema antitravamento dos freios) e o ESC (sistema de controle de estabilidade). A intenção é oferecer um produto cada vez mais robusto e mais adequado à nossa realidade e com preço competitivo”, informa a diretora.

Num futuro próximo, a Eletra vai apresentar o chassi elétrico para midiônibus piso alto. “Com exceção do modelo de 15 metros, que deve demorar mais um pouco, a Eletra terá uma linha de chassi completa”, diz Oliveira.

A Eletra tem hoje um amplo portfólio de ônibus elétricos, que inclui desde o modelo de 10 metros com piso alto; de 12 metros com piso alto e piso baixo; de 12,5 metros, com piso baixo para 80 passageiros; de 15 metros, com piso alto e piso baixo para 95 passageiros; e o articulado na versão de piso alto e piso baixo para 145 passageiros. A empresa oferece ainda o e-Trol, ônibus elétrico cujas baterias são carregadas na rede aérea com o veículo em movimento.

A diretora da Eletra acredita que a tecnologia do e-Trol vai se tornar um atrativo muito forte nos próximos anos. “Será a melhor solução para o ônibus articulado que opera em corredores, com a recarga em movimento. Além de não precisar de um único ponto de recarga, diminui o tamanho do banco de bateria dos ônibus elétricos, reduzindo o peso e aumentando o desempenho do veículo”.

Na avaliação da executiva, o lançamento do corredor para a operação do e-Trol será um divisor de águas para os sistemas de alta demanda no Brasil e no exterior, porque é uma solução muito inteligente, de poder carregar as baterias em movimento quando passa nos trechos de rede aérea. “Acreditamos que essa ideia de carregar a bateria em uma rede, que antes era somente uma rede de trólebus, amplie a participação desse veículo com esta flexibilidade, ligado à rede e fora dela”.

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