Anfavea reafirma a importância da renovação da frota para a descarbonização do transporte

“Não há uma solução única em tecnologia, é preciso deixar que o mercado avalie qual a melhor forma de descarbonizar”, afirma o presidente da Anfavea

Sonia Moraes

Durante o 10º Fórum CNT de Debates, o qual se discutiu os “Caminhos para a Descarbonização dos Transportes”, Igor Calvet, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), reforçou a importância da renovação da frota de veículos para a descarbonização do transporte.

“Precisamos de uma política de renovação de frotas que seja razoável e que tenha continuidade, porque somente renovar a frota já estamos elaborando um grande processo de descarbonização no país, que é essencial não somente para o meio ambiente, como para a saúde da população”, disse Calvet.

Sobre políticas públicas, Calvet disse ser fundamental o investimento em infraestrutura para acelerar a adoção de veículos elétricos e híbridos, inclusive em transporte de pesados, além de uma regulação de mercado simples e estável. “Eu falo da estabilidade porque em um mês acontece uma coisa, no outro já alterou aquilo que foi decidido no mês passado e não se sabe exatamente como lidar com os investimentos”.

O presidente da Anfavea comentou que durante a COP30 irá apresentar um estudo que demonstra que o Brasil tem uma das frotas de veículos leves e pesados mais limpas do mundo, independente do uso do combustível que se faz no país. O estudo irá detalhar a pegada de carbono dos veículos no Brasil, incluindo pesados. “Vamos apresentar uma perspectiva, desde a manufatura do veículo, o uso da matéria-prima até o descarte final”.

Calvet ressaltou que o setor automotivo tem feito investimentos em pesquisa e desenvolvimento para as novas tecnologias que vão chegar ao mercado brasileiro. “Não é um investimento que se faz hoje para ter resultado amanhã, é um processo de longo prazo, que varia de três a cinco anos”.

O presidente da Anfavea citou o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), marco regulatório que estabelece diretrizes ambientais e técnicas para a indústria automotiva nacional. 

Para as empresas investirem em descarbonização e se enquadrarem nos requisitos obrigatórios do programa, o investimento total é de R$ 19,3 bilhões em créditos concedidos à indústria automotiva e de autopeças. “Neste ano, o recurso disponível para esse crédito financeiro abater em impostos federais é de R$ 3,8 bilhões e já foram gastos no primeiro quadrimestre”, disse Calvet. “Isso significa que o setor está investido em inovação, sobretudo em novas formas de produção em tecnologias descarbonizantes com muita rapidez. E, para conseguir o crédito de R$ 19 bilhões, o investimento privado é de R$ 60 bilhões, três vezes mais”.

Calvet ressaltou que o diesel, o elétrico, HVO e todo tipo de novas tecnologias têm o seu lugar. “Em pesados, a tecnologia a ser usada depende da produtividade do caminhão. Por isso, não há uma solução única, precisamos ter uma neutralidade tecnológica e deixar que o mercado avalie qual a melhor forma de descarbonizar”.

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